Em pleno 2024 os Jovens sofrem com os riscos da grande falta de informação sobre sexo e doenças transmissíveis

É possível atestar que existe uma distância enorme entre os médicos e a população quando o assunto envolve temas como planejamento familiar e infecções sexualmente transmissíveis

 

O uso indiscriminado de pílulas contraceptivas de emergência — conhecidas como pílulas do dia seguinte — não é novidade para ninguém. Também não é surpresa o fato de que a grande maioria de consumidoras do produto seja formada por mulheres jovens, geralmente com pouca ou nenhuma informação sobre os riscos e malefícios que o medicamento causa no organismo.

O uso irrestrito das pílulas orais para a contracepção de emergência pode trazer consequências graves. De acordo com levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde, de 40% a 50% das mulheres sofrem efeitos colaterais como náuseas, vômitos, cefaleia, dor mamária, alterações no ciclo menstrual e vertigem. O relatório aponta, ainda, que o medicamento é contraindicado para mulheres com antecedentes de acidente vascular cerebral, tromboembolismo, enxaqueca severa ou diabetes com complicações vasculares.

Esses números assustaram duas estudantes de enfermagem do Centro Universitário de Brasília (Ceub), que fizeram uma pesquisa sobre o tema, entrevistando universitárias. Os resultados enfatizam a importância de ações educacionais sobre o uso criterioso da contracepção de emergência e sobre os riscos que a mulher corre ao receber uma alta dose de hormônios.

A pesquisa analisou a frequência do uso de contraceptivos orais de emergência por 120 universitárias, entre 18 e 25 anos, e os motivos por trás da escolha. Chama a atenção o número de jovens que admitiram ter utilizado a pílula no mínimo uma ou duas vezes no período de 12 meses: 27%. Dessas, 84% fizeram uso do medicamento dentro das primeiras 24 horas após relação sexual desprotegida, sendo que 65% delas relataram alterações nos ciclos menstruais após o uso, além de efeitos colaterais.

Com o objetivo de prevenir a gravidez após o envolvimento em relações sexuais desprotegidas, 66,5% das estudantes afirmaram recorrer aos contraceptivos de emergência com frequência, mas apenas 1,13% das entrevistadas obteve o método mediante prescrição médica, o que demonstra que o acesso ao medicamento ocorreu por iniciativa própria ou, em sua maioria, contou com o apoio de familiares, entre outros.

A partir dos números, é possível atestar que existe uma distância enorme entre os médicos e a população quando o assunto envolve temas como planejamento familiar e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A carência é de informação, pelo menos de informação técnica. Por que procurar um médico se consigo resolver isso na farmácia mais próxima?

Como se vê, faltam políticas públicas e iniciativas de entidades médicas no sentido de criar um espaço de acolhimento para casais, liderado por profissionais com conhecimento multidisciplinar: ginecologistas, psicólogos, clínicos gerais, sexólogos, endocrinologistas e enfermeiros. E, como a maior parte desse público é formado por jovens, começar pelas redes sociais não seria má ideia.

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