“Senhor das Armas” e PM da reserva são presos em operação da PCDF

Cabo da Polícia Militar tem parentesco com líder de grupo criminoso acusado de tráfico, venda e aluguel de armamentos

 

 

O grupo criminoso preso nesta segunda-feira (08/07/2019), especializado na venda, aluguel e tráfico interestadual de armas e munições, transformava os armamentos para torná-los mais letais. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), os artigos fabricados chegavam a ser comercializados por até R$ 6,5 mil. As alterações incluíam a colocação de lunetas e rajadas em pistolas. Escopetas também tinham a estrutura modificada para facilitar o manuseio, tendo os canos serrados.

Entre os 11 detidos na operação, está um cabo da reserva da Polícia Militar do DF. Luiz Rodrigues dos Santos foi surpreendido pelos agentes na casa onde mora, em Santa Maria. “Ele tem parentesco com um dos investigados considerado o líder do grupo”, explicou o delegado Diego Castro, da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF). A Justiça decretou prisão preventiva do suspeito.

Ronilson Carvalho da Mota (foto em destaque), conhecido como “Senhor das Armas”, apontado como chefe da organização, foi preso na mesma região administrativa. Ele era segurança armado de uma empresa de transporte de valores. Na residência dele, os policiais apreenderam celulares e documentos. Casado e com cinco filhos, Ronilson guardava na garagem dois carros importados e um jet-ski.

“São pessoas de alta periculosidade. Adulteravam as armas para aumentar o poder de destruição. Chegavam, inclusive, a fabricar armamentos. Essa prática torna o crime ainda mais grave, hediondo”, explicou o delegado Fernando Cocito, diretor da DRF.

As investigações tiveram início há três meses. Durante as interceptações telefônicas, os policiais flagraram diversas negociações criminosas. “Há uma média de quatro a cinco armas vendidas por mês. Uma delas foi comercializada por R$ 6,5 mil. Detectamos que o cliente exigiu que tivesse seletor de rajada, o que tornou o produto mais caro”, completou o delegado Diego Castro.

As investigações que deram origem à Operação Yuri Orlov – russo considerado um dos maiores traficantes internacionais de armas do mundo – monitoraram os suspeitos durante as transações envolvendo revólveres, pistolas e outros armamentos de grosso calibre, a exemplo de fuzis e escopetas.

De acordo com Fernando Cocito, os criminosos também locavam as armas para outras quadrilhas. “O aluguel giraria entre R$ 250 e R$ 500”, detalhou. A DRF investiga a participação de um armeiro contratado pelo bando. Os suspeitos chegaram a transformar peças usadas em armas de uso restrito. Os trabalhos eram feitos em um galpão alugado para esse fim.

“Durante as investigações, verificamos que uma dessas adulterações deu problema e a arma teve de voltar ao conserto. Essa prática, além de ilegal, coloca em risco quem usa, pois todos os procedimentos são feitos de forma manual”, ressaltou o delegado Castro.

Em 12 de abril de 2018, a corporação já havia deflagrado a segunda fase da Operação Paiol, para mapear a origem de armas e munições apreendidas na casa do subtenente aposentado da PM Décio Gonçalves.

Na época, centenas de caixas de munição calibre .762 apreendidas na operação chamaram atenção dos policiais. Elas equipam fuzis utilizados em guerras como as do Oriente Médio. Para se ter uma ideia, os cartuchos encontrados na casa do militar tinham poder de atingir alvos a 900 metros de distância.

Em 7 de março do ano passado, cerca de 200 policiais civis cumpriram 32 mandados de prisão, busca e apreensão, além de conduções coercitivas durante a primeira fase da operação. De acordo com as diligências, os armamentos eram distribuídos para homicidas, assaltantes e integrantes de organizações criminosas da cidade.

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