‘Pensei que ia morrer’, diz idosa arrastada por carro em Taguatinga Sul

Marina Izidoro de Morais vendia balões em festa junina quando um casal agarrou os produtos e arrancou com o veículo, levando a idosa junto

 

 

“Quando eu fecho os olhos, ainda me vejo sendo arrastada pelo asfalto. Quando essa imagem passa na minha cabeça, fico desesperada, porque foi uma cena horrível. Estou completamente traumatizada. Sou apenas uma senhora que estava trabalhando.” Esse é o lamento da diarista Marina Izidoro de Morais, 63 anos, que foi arrastada por um carro por mais de 100 metros. O caso aconteceu na noite de sábado (15/6), ao fim de uma festa junina que acontecia em uma escola particular de Taguatinga Sul.
Marina vende balões de gás hélio do lado de fora do evento do Colégio Marista há quatro anos, com o objetivo de complementar a renda. Cada unidade sai a R$ 15 e a idosa fica com o lucro, pois revende a mercadoria. Ela chegou por volta das 11h na festa e, após horas de trabalho, à noite, foi abordada por um casal, que ocupava uma Mercedes branca, avaliada em R$ 220 mil.
“A mulher, que estava no passageiro, perguntou o valor. Quando eu disse, ela pediu um desconto e, como já era o fim do evento, disse que fazia a R$ 10. Mesmo assim, ela não quis. Então, expliquei que eu revendo os balões e, por isso, não tinha como descer o preço. Aí, eles ficaram reclamando. Foi quando o dono dos produtos me ligou e eu atendi. Ao fundo, mandaram eu desligar, me xingando”, relata a idosa.
Marina terminou a chamada e, mais uma vez, se direcionou até a porta da passageira. “Eles disseram que iriam levar três balões, dois de menino e um de menina. Então, me abaixei para pegar os produtos, que estavam amarrados no meu braço. Nessa hora, a mulher agarrou as cordas, fechou o vidro e o motorista acelerou o carro, arrancando de uma vez”, detalha.
Os minutos que a idosa ficou presa ao veículo marcaram a vida dela. “Eu pensei que estaria dentro de um caixão. Eu estou toda machucada, mas estou bem”, diz a idosa à reportagem, visivelmente abalada. “Quando me lembro do que passei, só agradeço a Deus pelo livramento. Foi a pior coisa que passei na minha vida. Ao fim de tudo, só me vi rodeada de gente”, acrescenta.
Testemunhas acionaram a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, que prestaram os primeiros atendimentos a Marina. Médicos do HRT analisaram os ferimentos sofridos e constataram que todos foram superficiais. Exames também não indicaram lesões internas. Apenas a tomografia da cabeça da vítima não saiu. O resultado deve ser entregue para a diarista nesta segunda-feira (17).
Ao sair do hospital, a diarista procurou a 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), onde registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal. Ela também foi encaminhada para o Instituto de Medicina Legal (IML) e passou por exames de corpo de delito. Apesar do registro inicial, a investigação fica a cargo da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). Quem tiver informações pode colaborar ligando anonimamente para o 197.

Prejuízo 

Ao ser arrastada pelo carro, Marina perdeu a maior parte do dinheiro que adquiriu em mais de oito horas de trabalho na festa junina. Além disso, o casal chegou a levar alguns dos balões e, os que sobraram nas mãos da idosa, estouraram durante a barbárie. A ferimentos da vítima também a iimpedem de trabalhar esta semana, rendendo mais um prejuízo de R$ 380.
“Eu perdi muito com essa situação. Mas, dos males, é o menor. Eu estou viva. O dinheiro que sobrou das vendas do sábado (15) eu vou dar ao dono dos balões, que também ficou chateado com a situação e pelo prejuízo. Mas as diárias que eu ia fazer essa semana, vou perder, pois não consigo trabalhar. É assim que eu pago meu aluguel e contribuo para o INSS, pois não sou aposentada ainda”, lamenta Marina.
Após todo o sofrimento e a perda material, a idosa deseja que a polícia encontre os responsáveis pelo crime. “Eles não tiveram respeito nenhum por mim, pelo meu trabalho e pela minha vida. Eu só quero que eles sejam pegos e paguem pelo que fizeram comigo”, finaliza.
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