Disponibilidade para tratamento em casa subiu de 50 pacientes para 80 – e deve chegar a 100 até o final do ano. Mas há critérios rígidos para esse tipo de cuidado
Mais conforto para o paciente, mais economia para o sistema de saúde: estes são os dois pontos positivos que o serviço de home care oferece ao tratar, em casa, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que necessitam de cuidados especiais, mas estão estáveis o suficiente para não ficar internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“O paciente tem de estar no melhor lugar, de acordo com o perfil dele. Ele não deve morar na UTI, que é um lugar de passagem. A partir do momento em que ele precisa apenas de equipamentos, estando estável, podemos desospitalizá-lo e abrir vagas de leitos”, destaca a diretora de Serviços de Internação, Vanessa Carvalho.
Atualmente, a Secretaria de Saúde conta com 80 vagas de home care, por meio de empresa contratada – 30 a mais do que havia em 2018. A previsão é de que, até o final deste ano, mais 20 vagas sejam disponibilizadas. “Estamos com 77 pacientes no home care e alguns pedidos de internação domiciliar em análise”, frisa a diretora.
Além de humanizar o tratamento, a modalidade gera economia para a pasta. Enquanto manter um paciente desses em UTI custa cerca de R$ 3 mil a diária, o valor gasto com ele em casa sai por cerca de R$ 800.
Critérios de admissão
Nem todo paciente pode ser admitido nesta modalidade de cuidado. Ele deve estar sob internação em Unidades de Terapia Intensiva e/ou leitos hospitalares da Secretaria de Saúde; ser classificado como de alta complexidade, de acordo com a Tabela da Associação Brasileira de Empresas de Medicina Domiciliar; ter estabilidade respiratória e hemodinâmica, e o consentimento de um familiar.
“Precisa ser dependente de ventilação mecânica invasiva, ter traqueostomia, gastrostomia e precisar de cuidados de enfermagem por 24 horas. Assim é considerado um paciente de alta complexidade”, enumera Vanessa Carvalho.
Além disso, é feita uma visita pré-admissional domiciliar para avaliar o contexto familiar e averiguar as condições físicas e estruturais da residência para saber se há condições de receber o paciente com segurança e se será necessário ajuste para a instalação da estrutura.
Essa estrutura pode ser em residências individuais ou coletivas, como o Lar Vila Pequenino Jesus, que acolhe pessoas de todas as idades; e a Casa do Carinho, ala de internação infantil do Lar Bezerra de Menezes. “Fazemos parcerias para que esses locais recebam nossos pacientes”, frisa Vanessa Carvalho.
Na Casa do Carinho, estão abrigadas 12 crianças atendidas pelo home care. Há, ainda, mais duas são acompanhadas pelo Núcleo Regional de Atenção Domiciliar (Nrad), outra modalidade de internação oferecida pela Secretaria de Saúde. O local, porém, pode abrigar até 20 crianças nessas condições.
“São crianças que não precisam de UTI, mas da tecnologia. Então, estando no lar, elas recebem o atendimento de saúde necessário, mas têm uma rotina que não teriam no hospital, como banho de sol, atividades lúdicas com contação de histórias e o projeto Pet Alegria, que traz bichos de estimação para visitas”, explica a administradora da Casa do Carinho, Giancarla de Andrade.
Segundo o enfermeiro do home care responsável pelo lar, Alexandre Sudaro, quatro técnicos de enfermagem se revezam diariamente para atender estes pacientes. Alguns deles ainda são acompanhados pelos pais, como é o caso de Kaique Lucas dos Santos, de 12 anos. Ele tem síndrome de Down e paralisia cerebral, e a mãe passa o tempo todo do lado dele.
“Ele ficou quatro meses no Hospital Materno Infantil de Brasília e mais dois anos e sete meses no Hospital Regional de Santa Maria. No início deste ano, viemos para o lar e vejo a diferença no comportamento dele. Está mais ativo e feliz. Sem contar que é muito bajulado por todos que estão aqui”, alegra-se a mãe.
Núcleo de atenção
Além do serviço de home care, a Secretaria de Saúde também tem internação domiciliar para pacientes de menor complexidade, através dos núcleos regionais de Atenção Domiciliar (Nrad). Existem 11 deles instalados nos hospitais regionais, somando 17 equipes que atendem a 900 pacientes.
Diferentemente do home care, no Nrad os pacientes não ficam com serviço de enfermagem disponível 24 horas por dia, mas contam com equipe multiprofissional para visitas de acordo com o plano terapêutico. “Neste caso, os cuidadores são treinados para prestar assistência ao paciente”, destaca a diretora.
As equipes trabalham sete dias por semana, das 7h às 19h, e contam com médicos, enfermeiros, técnicos de Enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, terapeuta ocupacional, assistentes sociais, nutricionistas, fonoaudiólogos e dentistas.
Assista o vídeo Hospital não é casa e saiba mais sobre o trabalho do home care.
* Com informações da Secretaria de Saúde