Em comunicado, diretor da autarquia afirma que candidatos podem mencionar áreas em que desejariam ser lotados
RIO — Um comunicado enviado a comandantes de batalhões militares ambientais de todo o país solicita a indicação de policiais militares inativos para gerir unidades de conservação.
O texto é assinado pelo capitão Marcos Aurélio Venancio, diretor de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ( ICMBio ), a autarquia do Ministério do Meio Ambiente responsável por administrar os territórios ambientais protegidos pelo governo federal.
Ambientalistas receiam que os policiais tomem lugar dos servidores de carreira, que teriam mais experiência para a função. Os defensores da medida, no entanto, afirmam que os policiais teriam “caráter técnico” para exercer o trabalho.
Venancio ressalta que o pedido foi feito pelo coronel Homero de George Cerqueira, presidente do ICMBio, no Encontro Nacional das Polícias Militares Ambientais do Brasil, realizado no início de junho em Iperó, no interior de São Paulo.
Segundo o comunicado assinado por Venancio, os policiais militares estão qualificados para administrar unidades de conservação porque seu “caráter técnico — pragmático” pode contribuir para “fomentar o desenvolvimento desta importante estratégia que é a definição de espaços territoriais especialmente protegidos”.
Os policias aptos para a função devem estar inativos há até cinco anos, ter experiência mínima de dois anos em atividades ambientais e, preferencialmente, formação superior ou técnica. Estão descartados aqueles que respondem a processo administrativo ou penal.
Os candidatos devem enviar, até o dia 5 de julho, e-mail com currículo, foto e escolha de eventual unidade de conservação em que desejariam ser lotados. A partir daí, seria iniciado o processo de habilitação junto à Casa Civil e nomeação no Diário Oficial.
Desde abril, toda a cúpula do ICMBio é formada por policiais militares paulistas . À época, três dos quatro diretores pediram exoneração em solidariedade ao então presidente da autarquia, Adalberto Eberhard , que pediu demissão após o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ameaçar abrir um processo administrativo contra servidores do instituto que não o acompanharam em uma agenda com ruralistas no Rio Grande do Sul. O encontro, no entanto, não havia sido divulgado aos servidores. O diretor remanescente soube de sua demissão por um post de Salles no Twitter.
Salles cogita privatizar unidades de conservação e unificar o ICMBio e o Ibama . Ambas as propostas eram rejeitadas pela antiga cúpula do instituto.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Ministério do Meio Ambiente não respondeu aos pedidos de entrevista até a publicação desta reportagem.