Desemprego atinge 21% das mulheres economicamente ativas do DF

Taxa de desemprego se mantém estável no Distrito Federal, com 19,4% da população economicamente ativa (331 mil pessoas) sem trabalho. Mais de 21% da população feminina está desocupada; no caso dos homens, taxa é de 17,9%

 

Falta comida para as crianças. Na geladeira, só há um pote de açúcar, água, pão e restos da refeição do dia anterior, comprada com ajuda de uma desconhecida. Foi também com a doação que Poliana Nemesio, 33 anos, conseguiu comprar a passagem de ônibus para sair do Itapoã, onde mora, até o Plano Piloto. O trajeto virou rotina para a mulher desde que perdeu o emprego, há cinco meses. Desde então, busca na Agência do Trabalhador do Setor Comercial Sul uma oportunidade. Ela é um dos 331 mil brasilienses sem trabalho.

“Sou sozinha, com duas crianças pequenas para criar. O aluguel, as contas de água e de luz estão todos atrasados e nem dinheiro para colocar comida na mesa eu tenho. Até pedir ajuda aos outros estou sendo obrigada, porque ninguém me contrata, ainda mais sendo mãe solteira. Só preciso de uma oportunidade para dar dignidade aos meus filhos”, suplica Poliana.

A dificuldade em conseguir se reinserir no mundo do trabalho se torna ainda mais acentuada para as mulheres. Mais de 21% da população feminina economicamente ativa está desempregada. No caso dos homens, são 17,9%, como indica a última Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do DF, divulgada nesta terça-feira (25/6) pela Secretaria do Trabalho, Companhia de Planejamento (Codeplan) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A técnica de radiologia Stefanny Rodrigues, 21, soma o fato de ser mulher à idade, outro atributo pessoal que a coloca no grupo dos menos contratados. A taxa de desemprego para pessoas de 16 a 24 anos é de 42%. “É muito difícil e tento me dedicar aos estudos para aumentar as chances. Mas para que eu possa pagar um curso, preciso ganhar dinheiro. Então acaba que vira um ciclo”, reclama.

A realidade da mulher no mercado de trabalho é uma característica mundial relacionada a questões sociais e culturais, entre elas a maternidade, afirma a subsecretária do Trabalho, Tereza de Lamare. “Muitas vezes a mulher vai para o mercado, não encontra suporte e acaba desistindo. No caso dos jovens, os fatores estão mais relacionados à falta de qualificação.”

Para a subsecretária, a educação é a chave para melhorar as condições para os dois públicos. “Estamos elaborando propostas junto à Secretaria de Educação. Precisamos que os jovens permaneçam mais tempo nas escolas, que o ensino técnico seja fortalecido e os estágios, garantidos. No entanto, é fundamental o olhar para a educação da primeira infância, tanto para o melhor desenvolvimento cognitivo, físico e pessoal desse futuro jovem trabalhador quanto para possibilitar que a mãe se insira com segurança no mercado de trabalho”. Atualmente, a demanda em creches é de 21 mil crianças de até 3 anos.

Informalidade

Moradora de Luziânia (GO), Francisca das Chagas, 43, trabalhava havia 28 anos, sem parar, até o ano passado, quando encerrou o contrato entre o governo e a empresa terceirizada para a qual ela prestava serviço. Para ajudar o marido no sustento deles e das duas filhas, Francisca passou a fazer bicos. “Faço faxinas e até trabalho em obra eu já peguei. A gente sabe que está muito difícil e, por isso, faço minha parte e vou atrás, deixando currículo em tudo quanto é canto. Tenho fé que vou conseguir ser fichada. Até lá, a gente vai dando nosso jeito”, conta.

Quem também achou no mercado informal a alternativa para ajudar na renda familiar foi o estudante Matheus Lima, 22. Fazendo freelances na área de marketing a serviços administrativos, o jovem concilia os trabalhos com o curso de pedagogia e aulas de empreendedorismo. “Minha mãe também está na informalidade, trabalhando como cabeleireira. Ajudo nas contas da casa e invisto na minha formação. Quero dar aula para crianças, mas esse lado meu empreendedor fala alto. Então também tenho o plano de abrir um bar de narguilé no Núcleo Bandeirante”, comenta Matheus. Mas, antes, ele quer conseguir um emprego formal. “Há empresas contratando. Então vou apostando minhas fichas em todas as áreas.”

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