A Tragédia no Sul expõe um país totalmente doente e contaminado por disputas ideológicas sem lógicas 

Não podemos deixar que esse enfermidade se alastre. O momento é de união apartidária, de acolhimento e de ação.

É evidente a enfermidade que se alastra em parte de nossa sociedade, especialmente na mídia e nas vozes das redes sociais. Enquanto vidas são ceifadas e lares destroçados, com pessoas perdendo suas casas, sua história e referência, jornalistas e influenciadores digitais se debatem em narrativas políticas e ideológicas, tanto de direita como de esquerda.

Estamos vivenciando a vergonhosa prevalência de discursos ideológicos sobre o que realmente importa neste momento: salvar vidas. Perdemos a noção do real, contaminados pela insesatez propagada por aqueles que negligenciam o valor humano.

Tanto governo quanto oposição exploram a tragédia para fins políticos, como se merecessem aplausos. No entanto, esquecem-se de sua verdadeira responsabilidade e motivo de existirem: agirem com integridade e celeridade para, pelo menos, minimizar o sofrimento daqueles que perderam tudo. Isso é o que se espera daqueles que se dizem representantes do povo.

Se os políticos e seus seguidores fanáticos nada têm a contribuir, que ao menos se calem por um minuto que seja, em respeito ao luto nacional. Em meio a corpos putrefatos, alguns integrantes da mídia insistem em suas narrativas ideológicas, alimentando-se da dor e do luto do próprio povo.

Somos um só país que, a cada dia, vive uma tragédia diferente, fruto da inoperância daqueles que deveriam nos representar e por nós zelar. Enquanto vemos atônitos as imagens desoladoras de uma tragédia sem igual em nosso Brasil, nossos líderes políticos e da suprema corte continuam inertes em seus luxuosos gabinetes ou apartamentos funcionais, acostumados com a impunidade que os protege e os elegem, em vez de estarem se mobilizando para criar leis e decretos emergenciais para reconstrução e amparo aos que, da noite para o dia, simplesmente, perderam sua história.

É claro que existem exceções, mas são raras.

Para quem tudo perdeu, não importa de onde vem a ajuda. Assim, de nada adianta as opiniões venenosas nas redes sociais em momento de crise.

Não é hora de falar de Campeonato Brasileiro de Futebol, do show da Madonna, do Felipe Neto ou do Luciano Hang, da Havan. É hora de salvar vidas, simples assim.

O pior ainda está por vir.

Sinto que voltamos exatos 200 anos no Rio Grande do Sul. Quando as águas baixarem, estaremos em 1.824, quando os primeiros imigrantes alemães foram para São Leopoldo, seguidos em 1.875 pelos italianos. Um povo forte e guerreiro, que soube superar as adversidades e construir esse lindo estado que hoje clama por ajuda.

Três ou quatro gerações depois, este mesmo povo precisa mais uma vez ser resiliente e literalmente recomeçar, já que tudo foi perdido, desde simples comércios até modernas fábricas.
Estamos diante de uma catástrofe equiparável a uma guerra, onde escolas, cartórios, museus, hotéis, fábricas, vinhedos e tudo mais foram dizimados.

Como empregar se não há onde e com o que trabalhar? Como retomar a economia de um estado sem história, já que processos, certidões, contratos e, acima de tudo, vidas foram dizimadas.
Quanta dor. Quanto sofrimento.

Neste momento de dor e sofrimento, é louvável o posicionamento do Conselho Federal de Psicologia (CPF) ao ressaltar a importância das estratégias de ação da Psicologia para o acolhimento de pessoas afetadas. Muito bem lembrando pelo CFP, o momento é de acolhimento.

Enquanto a sociedade demonstra solidariedade, cabe ao poder público traçar os planos e estratégias para a reconstrução do estado. Não podemos esperar; o momento é de união apartidária.

Não podemos deixar que a enfermidade que assola parte de nossa sociedade continue a se propagar.

E como disse o poeta Geraldo Vandré:

“Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer.”

Assim, vem…

Até a próxima…

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Times.

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