Paris – A abertura da Copa do Mundo feminina 2019 provou que esta edição tem tudo para entrar para a história. Os ingressos para o jogo esgotaram nos primeiros dias de comercialização. Nesta sexta-feira (7/6), franceses pintaram os rostos, tiraram camisas e chapéus do armário e voltaram a viver a sensação de estar diante de uma favorita ao título um ano após sagrarem-se bicampeões mundiais com a equipe masculina, na Copa da Rússia. Agora, na vez das mulheres, as Les Blues venceram de forma consistente a Coreia do Sul, por 4 x 0.
As arquibancadas do estádio Parc de Princes, em Paris, estampavam azul, vermelho e branco, cores da bandeira da França. A coreografia com dançarinos vestidos com roupas dos países da Copa, ao som da cantora francesa Jain, foi apenas o aquecimento para a festa que estaria por vir. A primeira prova de fogo para o país que recebe pela primeira vez o mundial feminino foi se segurar no hino nacional francês cantado à capela por mais de 45 mil pessoas.
A festa francesa dentro de campo, porém, foi ainda maior. Uma das nove seleções da Copa comandadas por mulheres, a França dominou o confronto logo nos primeiros minutos de jogo. Após chegar ao menos três vezes com muito perigo ao gol coreano, Le Sommer abriu o placar da partida aos nove minutos. A volante Amandine Henry avançou pela lateral direita e, já dentro da área, tocou para o centro da área para Le Sommer completar de direita para ouvir uma explosão da torcida em vibração ao primeiro gol da Copa.
A equipe da técnica Corinne Diacre, a primeira mulher a comandar um time profissional de futebol masculino, manteve a pressão no setor ofensivo. Foram dos pés de Henry que saiu o lançamento para dentro da área ao 17 minutos, que Renard passou de cabeça para Griedge Mbock Bathy emende em um voleio que levantou a torcida. Mas a estreia do VAR na Copa feminina roubou a cena. Após os árbitros de vídeo acusarem impedimento, a pintura feita por Mbock Bathy foi anulada. Cinco minutos antes, a jogadora do Lyon já havia tentado uma bicicleta dentro da área.
Aos 35 minutos, Thiney bateu escanteio e Renard ampliou o placar para a França de cabeça. Justamente ela, que cinco minutos antes havia dado a assistência para o gol anulado por impedimento. Após balançar as redes sem que houvesse contestação da validade do gol desta vez, Renard foi ovacionada pelo coro feito nas arquibancadas, que ecoavam o nome dela. No último minuto do primeiro tempo, quando o jogo já estava no segundo minuto dos acréscimos, Renard marcou mais um para a França, novamente de cabeça.
Na volta do intervalo, a França diminuiu um pouco o ritmo acelerado da primeira parcial. Com o controle da partida, as donas da casa sobraram na estreia do Mundial. Tiveram 66% a posse de bola, se mantendo a maior parte do jogo na frente. As francesas chutaram 21 vezes contra quatro das coreanas, que chegaram ao gol adversário pela primeira vez no confronto apenas aos 25 minutos do segundo tempo.
A equipe comandada por Corinne teve a incrível marca de 88% de precisão nos 587 passes que deu no duelo. Ainda sobrou tempo para Henry marcar um golaço restando cinco minutos para o fim da partida. Ela recebeu de fora da área, conduziu e acertou um chute de longe no canto direito da goleira Kim Minjung, que pulou mesmo só para sair na foto. Sob aplausos, a equipe francesa garantiu os três pontos na estreia da primeira Copa do Mundo feminina em solo francês.
Torcida pede mais divulgação
Do lado de fora do estádio, o clima antes do jogo era de festa, como em toda Copa do Mundo. Tambores, música, pintura no rosto e muito vento puderam ser vistos. De acordo com voluntários da Fifa, os telões da fan zone, local que geralmente reúne torcedores para transmissão das partidas, não foram instalados por conta dos fortes ventos e da previsão de chuva em Paris. Com isso, o espaço, que continha algumas instalações para interagir com os torcedores, ficou vazio perto do início do jogo.
Mesmo com a festa bonita, para a estudante de direito brasileira que mora na França há cinco anos, Manuela Ventocilla, a divulgação comparada com outras competições da França ainda foi pequena. “A Copa do Mundo de futebol feminino teve menos divulgação que a Eurocopa de 2016, por exemplo. O time feminino da França tem crescido, mas ainda não vemos aquele fanatismo que tem o masculino”, reconhece.
A estudante francesa Camille Conar, 24 anos, acredita que a modalidade tem pouca divulgação. “Na televisão vemos pouca divulgação. E no metrô, vemos poucos cartazes no metrô do torneio feminino”, avalia. A moradora de Paris costuma acompanhar o campeonato francês e aposta na vitória da França em casa para dar visibilidade ao esporte. “Espero que a gente ganhe e isso dê mais visibilidade para o futebol feminino daqui”, torce.