Com o Crédito rotativo a Febraban diz que limite para os juros ainda não resolve os grandes problemas

“A Febraban reforça sua posição de que as causas dos elevados juros do rotativo não foram estruturalmente solucionadas, o que impacta diretamente os consumidores que precisam dessa linha de crédito”, declarou a Febraban

 

Após o Conselho Monetário Nacional (CMN) regulamentar o teto de juros de 100% ao ano no rotativo do cartão de crédito, na quinta-feira, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou que a medida disciplinou pontos cruciais para a correta aplicação da lei que limita os encargos da modalidade. No entanto, reforçou que as causas dos elevados juros do rotativo não foram estruturalmente solucionadas e que as discussões sobre o assunto devem prosseguir.

“A Febraban reforça sua posição de que as causas dos elevados juros do rotativo não foram estruturalmente solucionadas, o que impacta diretamente os consumidores que precisam dessa linha de crédito”, declarou a Febraban em nota.

A entidade entende “como temporária a solução atual e, por não resolver a causa-raiz, os juros se manterão ainda em patamar elevado, prejudicando o comércio e aqueles que mais precisam de crédito para consumir”, destaca a nota.

A limitação dos juros do rotativo a 100% ao ano pode ter efeito limitado. Isso porque atualmente, quando uma pessoa fica mais de um mês sem quitar a fatura, ele é, obrigatoriamente, transferida para uma linha de crédito parcelado, mais barata.

A Febraban pontuou que, passada essa primeira fase de implementação da lei do rotativo, vai prosseguir com os debates com a sociedade, os legisladores e os reguladores. “Vamos buscar soluções para o reequilíbrio do principal instrumento de financiamento do consumo no Brasil, com maior transparência e uma efetiva e sustentável redução dos juros que beneficia especialmente a população de renda mais baixa”, diz o comunicado.

Retrocesso

Para o consultor Roberto Luis Troster, que já foi economista-chefe da Febraban, a norma aprovada pelo CMN é “um retrocesso”. Ele não economizou críticas à decisão e aos termos do debate que tem sido travado sobre o assunto. “A controvérsia em si é um absurdo: uma lei do Congresso para limitar o quanto uma dívida pode aumentar; um lado pedindo para colocar um teto no prazo, o que aumenta o custo da dívida; taxas que são absurdas para qualquer parâmetro conhecido; e a falta de racionalidade no debate”, desabafou.

De acordo com ele, o Brasil tem um dos sistemas financeiros mais sofisticados do mundo em tecnologia, mas um dos piores, institucionalmente. “As taxas são altas porque a inadimplência é alta, e a inadimplência é alta porque as instituições emprestam mal. Emprestam mal porque não conseguiram tirar o entulho inflacionário do sistema”, afirmou Troster.

Outras entidades ligadas ao setor também se manifestaram sobre a norma baixada pelo CMN, mas de maneira favorável. Segundo a Associação Brasileira de Internet (Abranet) a regulamentação “promove mais transparência das instituições, incentivando práticas de crédito responsável, bem como o melhor entendimento das faturas do cartão”. Já a Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (Abipag) declarou que enaltece a iniciativa do CMN e do BC de disciplinar em atos normativos o novo regime aplicável a operações de crédito relativas ao crédito rotativo e parcelamento de fatura de cartões de crédito”.

anúncios patrocinados
Anunciando...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.