Tipificado pela legislação em 2021, os registros dessa modalidade de agressão aumentaram 39,3% no ano passado. O Correio traz relatos de mulheres vítimas dessa covardia. Especialistas dão dicas de como identificar o delito
Considerada por especialistas como a porta de entrada para o ciclo da agressão ocorrida no ambiente doméstico, a violência psicológica tem crescido nos últimos dois anos no Distrito Federal. De acordo com o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 18 de julho, os registros desse crime cresceram 39,3% na capital do país entre 2022 e 2023. Advogadas especializadas dão dicas de como identificar e denunciar esse tipo de violência. As histórias reais de mulheres vítimas do crime silencioso que pode prejudicar a saúde mental ou até mesmo desencadear outros tipos de violência.
Na maior parte das ocorrências, os diferentes tipos de incidência da violência contra a mulher acontecem de modo conjunto, ou seja, em um registro pode incidir violência psicológica, física e patrimonial, por exemplo. Levantamento da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) que elenca os tipos de incidência das violências relacionadas à Lei Maria da Penha mostra a psicológica incidindo em 71,1% das ocorrências referentes à legislação registradas entre janeiro e junho de 2024.
Catarina (nome fictício) começou a apresentar sintomas de depressão e ansiedade após cinco anos de casada. Largou o emprego e a faculdade aos 29 anos para se casar, por solicitação do então noivo. No entanto, após o nascimento dos filhos, ela começou a se sentir triste e desmotivada, com a sensação de que era uma mãe e uma esposa ruim.
“Meu marido fazia comentários negativos constantemente sobre a forma como eu tratava nossos filhos, arrumava a casa e fazia a comida. Reclamava, entre outras coisas, que sustentava a casa sozinho e ainda tinha que esperar pela comida, sendo que eu cuidava sozinha das crianças e da casa”, relata. “Ele passou a restringir as minhas visitas à casa da minha mãe e não aceitava que eu saísse com minhas amigas”, acrescenta. Apesar do medo de perder os filhos devido às constantes ameaças, Catarina contou com o apoio da família e denunciou o marido e se separou. Ela também procurou ajuda psicológica e psiquiátrica.