Destinada aos próprios membros da facção, a carga milionária de skunk acabou sendo perdida após a ação criminosa ser frustrada. Os criminosos articularam detalhadamente o ataque ao caminhão, mas não contava com a presença de uma empresa de escolta armada, contratada para proteger o transporte, o que comprometeu os planos
Os traficantes presos pela polícia por envolvimento na tentativa de assalto a um caminhão no posto Nova Colina, em Taguatinga, são suspeitos de integrarem a facção Comboio do Cão, do Distrito Federal. Empunhando fuzis, os criminosos cercaram a carreta e trocaram tiros com vigilantes de uma empresa de escolta armada. Um dos funcionários morreu e o outro está internado. Quatro pessoas estão presas. São elas: o motorista do caminhão, Cleomar Marcos da Silva, Francisco de Assis Bispo, Sidney Cardosa Passos e José Eraldo Dutra.
Cleomar foi contratado por uma transportadora para entregar uma carga de televisores de Manaus (AM) até o município de Serra (ES). No entanto, em 8 de dezembro, o motorista entrou em contato com a contratante noticiando uma tentativa de roubo, supostamente falsa. A própria transportadora acionou uma empresa de segurança parceira para prestar o apoio ao condutor.
Carga perdida
Para garantir a segurança da carga e do motorista, a empresa contratante fechou um serviço com a escolta Judá Segurança Privada, sediada em Palmas (TO). Foram designados dois vigilantes para fazer a segurança do carregamento.
Cleomar estacionou o caminhão no posto Nova Colina, na madrugada desta terça-feira (10/12). Por volta das 4h, criminosos com fuzis cercaram a carreta e se aproximaram do automóvel e do motorista. Os vigilantes da empresa dormiam no carro a poucos metros e despertaram com o movimento. Reagiram e foram baleados. Um deles, Ronivon Lima, morreu na hora. O outro está internado no Hospital Regional de Ceilândia (HRC).
A polícia descobriu que a quadrilha usou, na verdade, quatro carros para a ação. Os criminosos já aguardavam a chegada da carreta no posto, incluindo Sidney e José Eraldo, os mesmos flagrados conversando com Cleomar em Tocantins.
O Correio apurou que Francisco, um dos presos, disse à polícia ter sido contratado para “dar fim” a um dos carros, a Zafira. A ordem era de ele buscar o veículo no estacionamento do Estádio do Serejão, em Taguatinga, e atear fogo.
A droga
A carga milionária de skunk era para os próprios membros do Comboio do Cão. A suspeita é de que toda a articulação da empreitada criminosa foi feita pela facção. No entanto, eles só não esperavam pela contratação de uma empresa de escolta armada, o que frustrou os planos dos envolvidos.
Ao longo dessa terça, as forças de segurança se mobilizaram para a localização dos autores. Além da prisão do motorista efetuada pelos policiais da 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte), o HB20 usado pelos criminosos foi encontrado carbonizado, em um terreno baldio, no Sol Nascente. Posteriormente, o Zafira foi achado, conduzido por um homem, próximo ao Jóquei Clube, na região da Estrutural, pelos militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
No fim da tarde, o Bope chegou ao encalço de José Eraldo e Sidney. Os dois tentavam fugir para Pirenópolis (GO) em um Polo. A ação fez a PMDF acionar, pela primeira vez na capital, o Plano de Defesa das Cidades, programa estruturado pela própria corporação, que visa a ação rápida em situações de ocorrências graves, como assaltos a banco e roubos de grande estrutura.
Em entrevista concedida, o comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tenente-coronel Katsuhiti Ricardo Gadelha Kotama, afirmou que o acionamento ocorreu logo após o crime, por volta das 4h. A medida visa obter uma solução rápida de identificação e prisão dos autores e evitar a fuga para outros estados. “De imediato, as cinco unidades das cidades mapeadas e mais próximas do local do fato foram demandadas. Com isso, evitamos o deslocamento dos criminosos para regiões mais distantes”, enfatizou.