Telma Abrahão fala sobre a importância da reeducação emocional do adulto

Especialista em Neurociência Comportamental Infantil também revelou 5 atitudes comuns de pessoas que viveram uma infância baseada no medo

 Créditos: Jaime Leme

Já ouviu falar em ‘Re-parentar’? Derivado da palavra em inglês ‘Reparenting’, o termo significa dar a si mesmo aquilo que não recebeu de seus pais quando criança.

A infância pode deixar marcas profundas nas pessoas. Traumas gerados por situações adversas como abusos físicos, psicológicos ou sexuais, humilhações, abandono e rejeição podem impactar a fase adulta, causando dificuldades de relacionamento, de socialização e até doenças como depressão, obesidade e vícios em drogas.

“Uma infância vivida com medo ativa o sistema de ‘luta ou fuga’ muitas mais vezes do que deveria e isso pode acabar mantendo a pessoa nesse modo de ‘funcionamento’ mesmo depois de adulta. E esse sistema quando constantemente ativado aumenta a produção dos hormônios do estresse, como cortisol e adrenalina, impactando negativamente o funcionamento do sistema nervoso humano” explica a especialista.

De acordo com Telma Abrahão, pioneira no Brasil em unir ciência a educação dos filhos, adultos podem tomar consciência de suas dores emocionais e cuidar de si como precisam e merecem. “Isso significa dar à sua criança interior ferida todo o amor, segurança, respeito e dignidade que ela merecia durante a infância”, explica ela.

“Aprender a se cuidar e suprir emocionalmente tem a ver com aprender habilidades para a vida, que muitas vezes não nos foram ensinadas, como amor e respeito, autoconfiança, empatia, compaixão, gestão emocional e aprender a se comunicar de forma não violenta.”, afirma Abrahão.

A autora dos best-seller’s “Pais que Evoluem” e “Educar é um ato de amor, também é ciência”, adiciona que a falta dessas habilidades impacta todos os pilares da vida adulta: relacionamentos pessoais, desempenho profissional, bem-estar emocional, saúde física e, principalmente, o desempenho como pais. Assim, quando aprendemos a dar a nós mesmos aquilo que não recebemos quando éramos crianças, estaremos assumindo as rédeas de nossas próprias vidas. “E precisamos, principalmente, compreender que não somos responsáveis pela programação que recebemos na infância, mas como adultos, somos totalmente responsáveis por mudá-la”.

Confira as 5 atitudes mais comuns de pessoas que viveram uma infância baseada no medo:

1. Você só se sente vivo quando briga ou vive turbulências em suas relações;

2. Você é atraído por conflitos e pelo caos;

3. Quando encontra calma e paz na relação com o outro sente como se algo estivesse “errado” e tende a iniciar conflitos para se sentir “vivo”;

4. A falta de controle emocional domina sua vida, você acaba ferindo o outro em momentos de raiva e se arrepende em seguida;

5. Vive no modo hipervigilante, observando cada fala e gesto das pessoas que você se relaciona em busca de possíveis ameaças de abandono ou rejeição.

“O que acontece na infância não fica na infância e compreender isso é fundamental para que pais e adultos possam olhar para a infância como uma importante fase de construção da saúde física, emocional e mental do futuro adulto”, finalizou Telma.

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