Após Cinco anos da pandemia da covid-19, o Brasil registrou mais de 600 mortes somente em 2025

Cinco anos depois da crise sanitária, o Brasil tem mais de 39 milhões de casos confirmados e mais de 715 mil mortes

 

Em 11 de março de 2020, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, anunciou que o mundo estava em pandemia de covid-19, por causa da ampla distribuição geográfica da doença no planeta. Na época, o Brasil tinha 52 casos confirmados da doença. O primeiro caso no país foi confirmado em 26 de fevereiro, em São Paulo. Cinco anos depois da decretação da pandemia, o Brasil tem mais de 39 milhões de casos confirmados e mais de 715 mil mortes.

A crise sanitária exigiu que os países preparassem os hospitais para atender os pacientes, que os empregadores e os trabalhadores adaptassem o modelo de trabalho — incluindo a interrupção temporária de atividades não essenciais e home office, e que as pessoas passassem a incluir na rotina hábitos como higienização frequente das mãos e uso de máscaras.

“Deixe-me resumir em quatro áreas principais. Primeiro, preparem-se e estejam prontos. Segundo, detectem, protejam e tratem. Terceiro, reduzam a transmissão. Quarto, inovem e aprendam. Lembro a todos os países que estamos pedindo que ativem e ampliem seus mecanismos de resposta a emergências”, disse Tedros ao anunciar a pandemia em 2020.

O infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Anchieta, Henrique Lacerda, pontua que a pandemia destacou a relevância da ciência na resposta a crises de saúde pública.

  • Profissionais de saúde empurram a câmara de isolamento equipada com um sistema de filtragem de pressão negativa usado para transportar pacientes diagnosticados com Covid-19, em dezembro de 2020
    Profissionais de saúde empurram a câmara de isolamento equipada com um sistema de filtragem de pressão negativa usado para transportar pacientes diagnosticados com Covid-19, em dezembro de 2020Phill Magakoe/AFP
  • Brasileiros viveram isolamento e quarentena por causa da Covid-19, o que fez com que cidades como São Paulo, antes muito movimentados, ficassem vazias
    Brasileiros viveram isolamento e quarentena por causa da Covid-19, o que fez com que cidades como São Paulo, antes muito movimentados, ficassem vaziasRovena Rosa/Agência Brasil
  • Os médicos que atuaram na linha de frente usaram roupas e equipamentos reforçados durante a pandemia de Covid-19 para evitar contaminação
    Os médicos que atuaram na linha de frente usaram roupas e equipamentos reforçados durante a pandemia de Covid-19 para evitar contaminaçãoMarcello Casal JrAgência Brasil
  • Manaus viveu um colapso com o avanço dos casos de Covid-19. Hospitais ficaram sem oxigênio em 2021 e os cemitérios lotados
    Manaus viveu um colapso com o avanço dos casos de Covid-19. Hospitais ficaram sem oxigênio em 2021 e os cemitérios lotadosAltemar Alcantara/Semcom/Prefeitura de Manaus
  • Com aumento das mortes, Manaus passou a enterrar vítimas da covid-19 em valas coletivas. A cidade liderou a posição com a maior taxa de mortalidade, chegando a 412,5 mortes por 100 mil habitantes
    Com aumento das mortes, Manaus passou a enterrar vítimas da covid-19 em valas coletivas. A cidade liderou a posição com a maior taxa de mortalidade, chegando a 412,5 mortes por 100 mil habitantesMichael Dantas/AFP
  • Durante a pandemia, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu o chamado
    Durante a pandemia, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu o chamado “tratamento precoce”, o que incluía o uso do remédio cloroquina. Depois, a ciência demonstrou que o medicamento não é eficaz contra a doençaAFP/Evaristo Sa
  • Profissional de saúde realiza testagem de Covid-19 em um idoso
    Profissional de saúde realiza testagem de Covid-19 em um idosoHector RETAMAL/AFP
  • A enfermeira Mônica Calazans foi a primeira pessoa que recebeu a vacina contra a Covid-19 no Brasil, em janeiro de 2021. Desde o começo da pandemia, ela trabalhou na linha de frente, no Instituto Emílio Ribas, em São Paulo
    A enfermeira Mônica Calazans foi a primeira pessoa que recebeu a vacina contra a Covid-19 no Brasil, em janeiro de 2021. Desde o começo da pandemia, ela trabalhou na linha de frente, no Instituto Emílio Ribas, em São PauloDivulgação/Governo de São Paulo
  • Davi, um indígena xavante de 8 anos que mora em Piracicaba, no interior do estado de São Paulo, foi a primeira criança na faixa de 5 a 11 anos de idade a ser vacinada contra a Covid-19 no país, em janeiro de 2022
    Davi, um indígena xavante de 8 anos que mora em Piracicaba, no interior do estado de São Paulo, foi a primeira criança na faixa de 5 a 11 anos de idade a ser vacinada contra a Covid-19 no país, em janeiro de 2022Divulgação/Governo de São Paulo
  • Brasilienses começaram a receber vacina bivalente contra covid-19 em 27 de fevereiro de 2023
    Brasilienses começaram a receber vacina bivalente contra covid-19 em 27 de fevereiro de 2023Ed Alves/CB/D.A Press
  • Em 2024, o Ministério da Saúde criou um memorial às vítimas da Covid-19, para não deixar a sociedade esquecer da doença que matou mais de 700 mil brasileiros
    Em 2024, o Ministério da Saúde criou um memorial às vítimas da Covid-19, para não deixar a sociedade esquecer da doença que matou mais de 700 mil brasileirosFabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

 

“Observou-se um aumento na valorização das vacinas, com maior adesão às campanhas de imunização e reconhecimento de sua importância na prevenção de doenças graves. Entretanto, o período também foi marcado pelo crescimento do movimento antivacina, o que gerou desafios para as autoridades de saúde na conscientização da população sobre a necessidade da imunização”, afirma o especialista.

Ainda segundo o infectologista, embora a situação tenha melhorado, a covid-19 ainda está presente e a manutenção dos cuidados é essencial para prevenir novas infecções e proteger a saúde da população.

“Alguns hábitos que poderiam ter se consolidado não se mantiveram ao longo do tempo. O uso contínuo de máscaras por pessoas com sintomas gripais, por exemplo, poderia ter sido incorporado como uma prática rotineira para reduzir a transmissão de vírus respiratórios, mas foi amplamente abandonado. Da mesma forma, a higienização intensiva de superfícies, que no auge da pandemia era uma prioridade, perdeu força, apesar de sua importância na prevenção de diversas doenças”, frisa Henrique.

Cuidados

O infectologista Manuel Palacios, elenca uma série de ações que devem ser mantidas mesmo depois de cinco anos da pandemia, pois esses cuidados não só ajudam a conter a covid-19, como também outras doenças respiratórias.

  • Vacinação em dia: manter o esquema vacinal completo, incluindo doses de reforço recomendadas pelas autoridades de saúde;
  • Higiene das mãos: lavar regularmente com água e sabão e/ou usar álcool em gel, especialmente antes de comer ou após tocar em superfícies de uso comum;
  • Uso de máscaras: em ambientes fechados, mal ventilados ou com grandes aglomerações, especialmente para pessoas com sintomas respiratórios ou que fazem parte de grupos de risco;
  • Acompanhamento médico: pessoas que apresentem sintomas persistentes devem buscar atendimento para diagnóstico precoce e orientação sobre tratamento;
  • Ambientes arejados: manter janelas abertas e priorizar locais ventilados para encontros, reduzindo a chance de transmissão aérea;
  • Testagem: em caso de suspeita ou contato próximo com pessoas infectadas, é fundamental testar para confirmar a infecção e isolar-se se positivo, protegendo assim familiares e amigos.

Covid-19 em 2025

Segundo o Ministério da Saúde, quanto ao cenário em 2025, a doença segue em ocorrência, embora com valores relativamente baixos na atualidade. Até o dia 25 de fevereiro, as secretarias reportaram 130.507 casos e 664 óbitos por covid-19. No mesmo período de 2024, esses números eram de 310.874 casos e 1.536 óbitos. Porém, é importante destacar que os dados deste ano ainda são preliminares e estão sujeitos à atualização.

Além disso, A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio destaca que a pandemia deixou um rastro de sintomas e sequelas em parte da população atingida pela doença. A condição pós-covid-19, também conhecida Covid longa, é “a continuação ou desenvolvimento de novos sintomas três meses após a infecção inicial por SARS-CoV-2, com esses sintomas durando pelo menos dois meses sem outra explicação”.

Até o momento, de acordo com Valdiléa dos Santos, diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os estudos permitem sugerir que a Covid longa esteja mais associada a pacientes que tiveram infecções mais graves, embora existam também pessoas que tiveram manifestações leves da doença e relatem sintomas prolongados.

Os cinco sintomas pós-Covid mais comuns são fadiga, mal-estar pós-exercional (piora ou surgimento de sintomas entre 24 e 72 horas após esforço físico ou cognitivo), dor nas articulações, alterações no sono e comprometimento cognitivo.

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