Ministra Nísia Trindade descarta uma imunização em massa este ano, apesar de o Instituto Butantan avançar na produção de uma dose única contra a doença. Anvisa analisa resultado de estudos clínicos
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que não haverá vacinação em massa contra a dengue em 2025. O governo federal aguarda a aprovação da Anvisa para incorporar a vacina produzida pelo Instituto Butantan. A expectativa, no entanto, é a entrega de apenas 1 milhão de doses em 2025 e outras 100 milhões até 2027.
O Instituto Butantan já iniciou a produção da nova vacina contra a dengue, chamada de “Butantan DV”, mesmo sem a aprovação da Anvisa. O órgão solicitou à Anvisa o registro da vacina em dose única em dezembro de 2024, em termos da submissão contínua de documentos, que é procedimento anterior ao pedido oficial de registro.
“O Butantan está produzindo, mas não há previsão de vacinação em massa contra a dengue em 2025. É muito importante a vacina de uma dose, mas para 2025 ainda não será a solução que nós esperamos”, declarou a ministra. “Mas vamos reiterar os cuidados de prevenção”, concluiu Nísia Trindade.
Em comunicado divulgado na terça-feira, a Anvisa informou que “procedimento de submissão contínua foi criado pela Anvisa durante a pandemia de covid-19 e permite que o laboratório apresente dados e documentos em etapas, à medida que o trabalho de pesquisa e desenvolvimento vai sendo realizado”. O órgão também comunicou que o processo de submissão contínua costuma durar cerca de 90 dias.
De acordo com o Butantan, a vacina da Dengue 1, 2, 3, 4 é resultado da parceria com o National Institute of Health dos Estados Unidos (NIH) e a American Type Culture Collection dos Estados Unidos (ATCC). A “Butantan DV” é composta por vírus geneticamente atenuados, para proteção contra os quatro tipos de vírus da dengue. Em nota, o órgão explicou que foi feito “um ensaio clínico com 17 mil voluntários, realizado em parceria com diversos centros nacionais e encontra-se em fase final para obtenção do registro junto à Anvisa”.
A vacina é de dose única e poderá ser aplicada na população de 2 a 60 anos incompletos. De acordo com a ministra, a expectativa é ampliar a faixa etária que pode receber o imunizante após a incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS). “Lembrando que, neste momento, não existe vacina para pessoas acima de 60 anos”, comentou a ministra.
Já a vacina japonesa Qdenga, produzida pelo laboratório Takeda, está disponível no SUS para crianças entre 10 e 14 anos. De acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), essa faixa etária sofre maior risco de hospitalização pela doença. A Qdenga, no entanto, foi aprovada pela Anvisa para pessoas de 4 a 59 anos e está disponível em clínicas particulares.
Segundo o fabricante, a Qdenga “se baseia no sorotipo 2 do vírus vivo atenuado da dengue, que fornece o “esqueleto” genético para os quatro sorotipos do vírus da dengue, e que foi concebido para proteger contra qualquer um destes sorotipos”.
Nísia Trindade declarou que a reunião com as entidades foi um passo para acompanhar e reforçar as medidas contra a dengue nos estados brasileiros. “Hoje foi um dia com uma participação ampla da sociedade civil. Lembrando que essas ações são de âmbito nacional, por isso a importância dessa conversa com os prefeitos”, disse. (Colaborou Eduarda Esposito)