Vírus pode ficar no pênis por seis meses após COVID-19 e causar impotência

Especialista explica relação do novo coronavírus com a disfunção erétil e aponta tratamentos possíveis

 

Estudo publicado recentemente pelo periódico “World Journal of Men’s Health”, feito pela Universidade de Miami, nos Estados Unidos, mostra que resquícios do vírus Sars-Cov-2 pode ficar no tecido peniano após a cura da infecção por COVID-19 por cerca de seis meses e causar disfunção erétil.

Segundo o urologista do núcleo de medicina sexual do Hospital Sírio-Libanês e membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) Carlos Bautzer, o vírus causador da COVID-19 apresenta uma predileção pelo endotélio, que é o revestimento interno dos vasos sanguíneos. “Dessa maneira, acontecem diversos fenômenos vasculares relacionados com a doença, como trombose, isquemia (diminuição da passagem de sangue pelas artérias que levam o sangue ao coração) e dificuldade de trocas gasosas.”

“Para que a ereção ocorra, é necessário que o sangue chegue a estruturas penianas denominadas ‘corpos cavernosos’, que se inundam com uma quantidade maior de sangue após estímulos erógenos e ocorre um represamento desse sangue.Desta maneira, ocorre a ereção.

Para que aconteça uma dilatação destes vasos, chamadas artérias cavernosas, existe um estímulo de nervos que provocam a liberação de substância chamada ‘óxido nítrico’, produzida no endotélio dos vasos dentro dos corpos cavernosos, que promove a dilatação de vasos e o aumento do fluxo sanguíneo para dentro dos corpos cavernosos.”

Nos casos de alterações da função erétil após infecção de COVID-19, os pacientes devem ficar atentos a alguns sinais, a fim de reconhecer a impotência. “Redução das ereções matinais e noturnas, dificuldade em obter e manter ereções em atividades sexuais, aumento do grau de ansiedade e preocupação em ser capaz de manter ereção em atividades sexuais e redução do interesse sexual são alguns dos sintomas que podem ser indício de disfunção erétil em consequência da infecção pelo vírus”, afirma Carlos Bautzer.

Nesse cenário, o urologista recomenda que a ajuda especializada seja procurada o quanto antes, a fim de reduzir o efeito da falta de ereção no tecido cavernoso que pode levar a atrofia e fibrose, o que dificultará ainda mais a capacidade de reversão da dificuldade erétil. O tratamento, então, deve ser feito com medicações orais, como inibidores da fosfodiesterase tipo 5, para ajudar a manter o fluxo sanguíneo nos corpos cavernosos e evitar a fibrose dos tecidos cavernosos.

“Se estas medicações forem insuficientes, podem ser injetadas medicações vasodilatadoras diretamente nos corpos cavernosos para promover a dilatação dos vasos e levar a ereção. Além disso, se for diagnosticado hipogonadismo (falta de testosterona), pode ser realizada reposição, com cuidado para não ultrapassar os níveis de normalidade. Isso deve ser observado de perto, pois o excesso de testosterona pode levar ao aumento do hematócrito que pode aumentar os eventos trombo-embólicos, que já ocorrem na COVID-19”, afirma.

Segundo o urologista, a presença de limitações está relacionada ao grau de fibrose e cicatriz que podem ficar nos corpos cavernosos destes pacientes, bem como a presença ou não de alterações hormonais. “Se as medicações orais ou injetáveis nos corpos cavernosos não forem suficientes, uma prótese peniana poderá ser utilizada para que o paciente possa ter atividade sexual.”

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