Vasinhos e varizes, problemas para o médico resolver

Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – SBACV lança campanha para orientar a população que o tratamento não é meramente estético. Recorrer a profissionais sem formação em medicina pode resultar até em trombose ou embolia pulmonar

 

Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), estudos apontam que 37,5% da população do País apresentam varizes e vasinhos. A presença desagradável dos vasinhos acaba levando muita gente a procurar o tratamento de escleroterapia ou aplicação, como é conhecida popularmente, com profissionais sem formação em medicina. Mas isso é perigoso. O procedimento mal sucedido pode levar à trombose ou à embolia pulmonar, entre outras complicações.
A fim de orientar a população que o tratamento das veias varicosas não é um procedimento meramente estético e precisa ser realizado por um médico habilitado, a SBACV inicia a Campanha Nacional de Segurança na Escleroterapia, que tem como slogan: “#NãoSeEngane: tratamento de varizes e vasinhos é com o angiologista ou cirurgião vascular”.
“Os vasinhos, tecnicamente chamados de telangiectasias, são o primeiro estágio de uma doença mais grave: a Insuficiência Venosa Crônica (IVC). Por isso, não devem ser tratados por alguém que não seja médico”, esclarece o presidente da SBACV, Dr. Roberto Sacilotto.
Ele adverte para as consequências do tratamento inadequado. “A escleroterapia feita com dosagem de produto errada, ou seja, com uma injeção de grande quantidade de líquidos, pode resultar em uma trombose venosa profunda (TVP), que tem como principal consequência a embolia pulmonar. Condição grave que pode levar o paciente à morte em poucas horas. E se o procedimento for feito por uma pessoa que não sabe injetar, isso pode resultar ainda feridas em feridas ou lesões na pele, por exemplo. Outra complicação é a flebite, que é a inflamação na parede de uma veia superficial”, afirma.
“Esses profissionais sem formação em Medicina estão vendendo a impressão de que o procedimento não oferece riscos de complicações, mas isso não é verdade. Inclusive, estão promovendo cursos, alguns com duração de um fim de semana, para ensinar não médicos a fazerem aplicações. Isso é muito perigoso”, aponta o presidente da SBACV.
Sacilotto revela que, nos últimos dois anos, a SBACV tem recebido mais denúncias sobre a atuação de não médicos em procedimentos vasculares. Por isso, a Sociedade tem intensificado as ações de conscientização e lançou a Campanha Nacional de Segurança na Escleroterapia, que engloba banners em sites nacionais de grande abrangência e vídeos que serão disponibilizados nas redes sociais da Sociedade (Facebook e Instagram: @sbacvnacional e Twitter: @SBACV) e YouTube.
O tratamento das veias varicosas não é um procedimento meramente estético e precisa ser realizado por um médico habilitado.
Como segunda etapa da campanha, a SBACV lançará em novembro um blog dedicado ao esclarecimento da população sobre as doenças vasculares. “Muitas pessoas têm se orientado sobre doenças e tratamentos na internet. Mas é preciso ter cuidado se você está acessando um conteúdo de qualidade, que reflita a realidade, por isso é nossa missão desenvolver esse material para a população”, explica o Dr. Sacilotto.
Ele acrescenta que há até mesmo vídeos de profissionais não médicos demonstrando o antes e depois da aplicação em vasinhos e varizes, repassando a falsa impressão de questões estéticas. “Esses problemas são uma doença venosa dos membros inferiores, com um sistema internacional de classificação e graduação, denominada CEAP, que leva em consideração a condição clínica (C), etiológica (E), anatômica (A) e patológica (P) do paciente. Possui 6 classes, sendo a Classe 1 – Telangiectasias (vasinhos) e/ou veias reticulares; Classe 2 – Veias varicosas, Classe 3 – Edema; Classe 4 – Pigmentação, eczema e lipodermoesclerose; Classe 5 – Úlcera varicosa cicatrizada; e Classe 6 – Úlcera varicosa aberta. As telangiectasias (ou vasinhos) são as dilatações intradérmicas das veias, com diâmetro de aproximadamente 1mm. As veias reticulares, dilatações subdérmicas com diâmetro aproximado de 3 mm e não palpáveis. Já as veias varicosas, são subcutâneas, palpáveis e possuem mais de 4mm”, declara.
Como identificar o problema
As varizes são identificáveis pelo exame clínico e, na maioria dos casos, o próprio doente consegue percebê-las. O médico é o profissional competente para confirmar o diagnóstico, graduar a doença e indicar os exames complementares que ajudarão a desvendar a origem e que guiarão o tratamento a ser realizado.
Tratamento
As varizes são um fator incapacitante, que geram dor, sensação de peso, inchaço, irritação da pele e complicações decorrentes de disfunções venosas, que demandam cuidados médicos.
O tratamento tem como objetivo o alívio dos sintomas, prevenir complicações e evitar recorrência. Pode ser dividido em clínico, cirúrgico e escleroterápico. Deve ser bem explicado ao paciente que a doença varicosa é cíclica, e que o tratamento nem sempre é curativo, necessitando seguir as medidas de prevenção.
Tratamento Clínico: deve ser indicado aos pacientes assintomáticos e que recusam tratamento cirúrgico e/ou escleroterápico. Consiste em medidas de prevenção e no uso de meias elásticas de compressão gradual.
Tratamentos Cirúrgicos: podem ser indicados quando há presença de trajetos varicosos maiores que 3mm. Existem vários tipos de cirurgias, desde a simples ressecção de colaterais varicosas por micro incisões até as safenectomias, levando-se em consideração que nos dias atuais a tendência é a cirurgia com preservação das safenas, dependendo do grau de dilatação e insuficiência das mesmas. As contraindicações para a cirurgia são várias, incluindo gravidez, doença hemorrágica associada, membro com isquemia, presença de úlcera aberta e infectada, linfedema do membro e idade avançada (contraindicação relativa). Pode haver complicações, tais como hemorragias, linforragia, infecção, lesão de veias profundas, lesões de nervos, entre outras, mas todas com baixa incidência.
Tratamento escleroterápico.
Tratamento Escleroterápico: deve ser indicado nos casos de telangiectasias (0,1-1mm) associadas ou não a cirurgias prévias para retirada de pontos de refluxo em microvarizes (2-4 mm). A escleroterapia pode ser química com substâncias esclerosantes, por eletrocoagulação ou térmica com o uso do laser para fototermólise dos vasos. Também não é método isento de complicações, podendo acontecer desde reações alérgicas até necroses de pele no local das punções.
O tratamento conhecido como aplicação em varizes é feito por meio da injeção de um líquido diretamente no vaso, que promove a secagem do mesmo e, com o tempo, seu desaparecimento. O número de sessões depende da quantidade de vasos. O tratamento não deve ser realizado em pacientes grávidas ou no período de amamentação e precisa ser precedido de uma avaliação da saúde do paciente.
Nos casos de veias varicosas de grosso calibre que, muitas vezes, envolvem comprometimento das veias safenas, o tratamento é quase sempre cirúrgico. Mas em pacientes com problemas clínicos que tornam a cirurgia proibitiva ou nos casos em que este apresenta alterações de pele ou úlceras na perna, a escleroterapia com espuma densa é uma alternativa com resultados satisfatórios.
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