Tratar a saúde mental ajuda a prevenir suicídio

Acompanhamento pode ser iniciado na unidade básica de saúde. Lá, o médico começa a tratar o paciente ou o encaminha para os serviços especializados

Cerca de 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados, segundo a Organização Mundial de Saúde. Isso porque a quase totalidade dessas situações está associada a transtornos psiquiátricos que podem ser tratados (98%). O mais importante é saber onde e como procurar ajuda.

Foto: Mariana Raphael/Secretaria de Saúde
Foto: Mariana Raphael/Secretaria de Saúde

“Além de diminuir o acesso a meios de suicídio, temos outra frente importante de prevenção, que é tratar adequadamente as questões de saúde mental. A Atenção Primária também é responsável pelos problemas de saúde mental prevalentes, como depressão e ansiedade”, explica a psiquiatra Maria Helena de Oliveira, uma das responsáveis pelo treinamento de médicos da Atenção Primária na Secretaria de Saúde.

Quando um familiar perceber alterações de comportamento ou a própria pessoa não se sentir bem, uma das portas de entrada para atendimento é a unidade básica de saúde, conhecida popularmente como posto de saúde.

Após a consulta, o médico pode começar a tratar a questão ali mesmo ou encaminhar para os serviços de saúde mental, que englobam os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), ambulatórios e, em casos mais graves, para a rede de urgência e emergência. Cada serviço tem suas características específicas, de acordo com a necessidade do paciente.

A integração da Atenção Primária com a secundária é importante para aumentar o acesso ao tratamento, dar resolutividade e, como consequência, ter impacto na diminuição dos casos de suicídioMaria Helena, Responsável pelo treinamento de médicos da Atenção Primária na Secretaria de Saúde

Diretrizes nacionais
Em 2006, o Ministério da Saúde publicou as Diretrizes Nacionais de Prevenção ao Suicídio (Portaria nº 1.876/2006). No mesmo documento, recomendou que cada estado elaborasse suas estratégias nessa área.

Em 2012, o Distrito Federal foi a primeira unidade da federação a lançar o Programa de Prevenção ao Suicídio. A meta é uma rede de serviços interligados do Sistema Único de Saúde (SUS) que identifique as pessoas em situação de vulnerabilidade, para prevenir esse tipo de morte.

Em 2014, foi lançado o Plano Distrital de Prevenção do Suicídio, que está baseado em cinco eixos: avaliação e monitoramento; compromisso político; prevenção; tratamento e pós-venção; e capacitação e informação.

Na rede de atenção, os Caps funcionam de porta aberta, ou seja, não é necessário encaminhamento para ser acolhido neste serviço. Atualmente, a Secretaria de Saúde conta com 18 deles, distribuídos por todas as Regiões de Saúde. Se uma pessoa apresentar sofrimento psíquico, pode procurar uma dessas unidades de acordo com o tipo de serviço oferecido.

Segundo o Ministério da Saúde, a existência de um Caps reduz em até 14% o risco de suicídio na região em que ele está localizado. Confira aqui lista dos Caps​.

Caso o paciente esteja em sofrimento psíquico grave e que o tratamento nos Caps ou ambulatórios não for suficiente, pode ser indicada uma internação em hospital de referência em saúde mental. No caso do DF, o São Vicente de Paulo e Hospital de Base. Essa internação deve ser humanizada, de curta duração e assistência permanente de equipe multidisciplinar.

Treinamento
A Secretaria de Saúde iniciou, em 2017, um treinamento com médicos da Atenção Primária para que problemas de saúde mental possam ser resolvidos ainda nas unidades básicas de saúde e haja menos encaminhamentos para a Atenção Secundária.

Até agora, 80 médicos foram capacitados. “Ainda não temos dados objetivos do impacto disso no atendimento e resolutividade, mas os médicos já dizem que se sentem mais seguros neste atendimento e encaminham menos para a atenção secundária”, relata a psiquiatra Maria Helena.

Atualmente, ela está justamente fazendo o levantamento dos dados dessa capacitação como trabalho de mestrado.

A capacitação foi dividida em cinco módulos, com cada um deles acontecendo mensalmente: depressão, ansiedade, psicose, álcool e outras drogas e dificuldade de aprendizagem. Uma próxima turma deve ser iniciada em 18 de setembro, na Fiocruz.

Causa de morte
O suicídio é a segunda maior causa de mortes no mundo. O Brasil é o oitavo país com maior número absoluto de suicídios. Transtornos mentais estão presentes em 98% das pessoas que se suicidam, sendo a depressão o principal deles.

Arte: Rafael Ottoni/Saúde-DF

O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é lembrado em 10 de setembro. Durante o mês inteiro, várias instituições têm participado de ações em todo o Brasil, como parte da Campanha do Setembro Amarelo, uma iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Até 1º de agosto deste ano, foram notificadas 78 mortes por suicídio no Distrito Federal, sendo 57 homens e 21 mulheres. A faixa etária de maior prevalência foi entre 20 e 29 anos de idade, com 20 óbitos, seguido de pessoas com idade entre 30 e 39 anos (14 mortes).

* Com informações da Secretaria de Saúde/DF

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