Semana da Agroecologia! Certificação dos orgânicos em debate em Mato Grosso

 

O estado é o maior produtor nacional de alimentos orgânicos, mas precisa certificar a sua produção para garantir acesso e melhores preços.

 

Preço justo e certificação dos produtos orgânicos ainda são desafios em Mato Grosso. “A sociedade precisa participar  e entender como  é importante falar sobre os produtos orgânicos  na mesa dos brasileiros e termos valores justos para esses alimentos. Só assim vamos transformar a alimentação de verdade, se  universalizar,  ampliar, o números de produtores certificados”, afirma Celso Kiyoshi Hazama,  coordenador da CPOrg-MT e presidente da Arca Multincubadora de produtos orgânicos.

Hoje, Mato Grosso é o maior produtor de orgânicos do país, com uma área plantada de 622,6 mil hectares, segundo dados do governo federal de 2020. Existem 11,5 mil unidades de produção e beneficiamento de orgânicos no Brasil, destas 691 unidades estão no estado.

Ele foi um dos convidados da 1º Semana da Agroecologia Mato-grossense, disponível no canal Youtube,  nesta terça -feira (05.09).  Celso Kiyoshi Hazama debateu o tema   “O papel da Comissão da Produção Orgânica (CPOrg) em Mato Grosso”, sobre a  transformação que  vem passando o setor no estado.

A CPOrg-MT ou Comissões de Produção Orgânica de Mato Grosso é um fórum composto por representantes de segmentos da rede de produção orgânica dos estados.  Vinculada ao Ministério de Agricultura, Pecuária  e Abastecimento (MAPA), busca esclarecer a população brasileira sobre os mecanismos de conformidade e controle da qualidade da produção orgânica no Brasil.  A entidade regula as formas de identificação dos produtos orgânicos e como podem participar do processo de controle social, evitando-se fraudes que são prejudiciais aos agricultores e consumidores.

Para Celso Hazama, ainda faltam critérios para avaliar e garantir  a produção orgânica no estado. “Há muitos que falam que produzem  alimentos orgânicos, mas isso precisa ser organizado e certificado”, diz. Esses são alguns das questões que  dificultam o acesso dos consumidores à comida livre de agrotóxicos.

“Temos muito para colaborar em Mato Grosso.  O Estado é conhecido em produção orgânica em grande escala, porém, não tem reconhecimento no quesito produção orgânica certificada. Mas, percebe-se que isso está se transformado com apoio das universidades”, afirma Celso. As Universidades Federal e do Estado de Mato Grosso (UFMT e Unemat)  junto à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento Familiar têm investido na ampliação da certificação.

Outro desafio é a profissionalização do setor. Segundo o coordenador,  ainda há  falta de pessoas qualificadas para essa produção.  “Temos que desmistificar que a produção orgânica é algo difícil.  É  sim possível e muito simples, basta ter organização e controle e para isso precisamos estimular as pessoas a se qualificarem.”, afirmou.

Uma pesquisa recente  realizada pela UFMT,  do campus  Sinop,  mostra que os   consumidores de  produtos orgânicos  ainda  têm dificuldades em encontrar produtos.

“É importante falar sobre os produtos orgânicos  na mesa dos brasileiros, e com   valores justos. Só assim vamos transformar a alimentação de verdade, universalizar o acesso aos orgânicos e  ampliar o números de produtores certificados”, conclui.

Preço justo

Um dos problemas do acesso aos alimentos orgânicos é o preço elevado desses produtos. Para Ana  Heloisa Maia ,  representante da Unemat  em Nova Mutum/ CPORg- MTo problema não é o preço dos orgânicos e sim o baixo preço dos alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, biscoitos e embutidos.  Esse tipo de comida foi classificado no Guia Alimentar para a população brasileira, do Ministério da Saúde, como os piores para a saúde humana, e os vilões  de doenças como diabetes, hipertensão entre outras.

“Por que os convencionais e ultraprocessados são tão baratos?” Nesses, há uma série de isenções e redução de impostos que no final quem paga a conta somos nós. Temos sim que rever a questão da precificação que é um dos gargalos, ampliar os acessos a esses alimentos e fazermos escolhas de consumo conscientes, qual modelo de fato queremos financiar?  Acrescento ainda que é preciso políticas públicas efetivas que possam de fato permitir a democratização dos alimentos orgânicos”, diz Ana Heloisa.

Para a pesquisadora o preço dos orgânicos pode cair se  houver escala de produção. Comprar dos próprios produtores pode ser uma opção de redução de custos. “Essa questão do preço muda muito na venda direta. Assim você encontra orgânicos com preços equivalentes aos convencionais, já temos muitos exemplos disso em Mato Grosso”, diz Ana.

Para o técnico agrícola do Ministério da Agricultura, Cleiton Souza, o aumento da oferta é o caminho.   “Infelizmente existe uma diferença no preço dos orgânicos e dos produtos convencionais sim, isso também devido à pequena oferta de produtos orgânicos que temos. Temos uma grande demanda e uma oferta muito pequena.  A maioria dos produtos orgânicos ofertados  nos mercados, por exemplo, vêm de fora do estado, tendo um custo alto para que esses produtos cheguem aos consumidores finais”, diz o técnico do Mapa.

Segundo Cleiton,  uma forma de reduzir essa diferença nos preços é  fomentar a produção local.   “Essa é uma alternativa para obtenção de alimentos orgânicos com preços mais acessíveis,  além disso elimina a figura do atravessador e fortalece a produção regional”.

Os principais produtos produzidos hoje em Mato Grosso são os folhosos, como alface, couve, salsa, cebolinha e condimentos. A maioria são vendidos nas feiras e supermercados. A abóbora e a mandioca também se destacam.

O que é orgânico?

A agricultura orgânica é uma das correntes da Agroecologia, junto a Permacultura e a biodinâmica natural. Existe há milênios, antes da Revolução Verde, modificar a forma de plantar comida, trazendo a mecanização e produção em larga escala depois dos anos de 1970.

A base da agricultura orgânica é a produção livre de insumos – fertilizantes e agrotóxicos – químicos. Os alimentos orgânicos são cultivados de um jeito natural e descomplicado, como se fazia antigamente em qualquer chácara ou sítio

O aumento deste tipo de produção apoio a redução da degradação ambiental, pois se usa menos agrotóxicos e se reduz o êxodo rural, gerando renda e produtividade para a agricultura familiar. Segundo a Organização das Nações Unidas, os produtores familiares respondem por 70% da produção de alimentos.

anúncios patrocinados
Anunciando...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.