Se nada for feito, até 2050, 50% da população mundial terá miopia

OMS já considera a miopia a epidemia do século XXI. Confira o que causa, como evitar e como tratar. Já ouviu falar em lente noturna?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já considera a miopia a epidemia do século XXI. De acordo com a American Academy of Ophthalmology, se nada for feito para barrar o aumento dos casos, até 2050, 50% da população mundial terá a doença. E a pandemia não ajudou nesse processo. Sete em cada dez médicos entrevistados em um levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) identificaram aumento de miopia em crianças durante a pandemia.

De acordo com o oftalmologista do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB) Natanael de Abreu Sousa, o aumento é explicado pela longa exposição aos meios digitais e poucas atividades ao ar livre durante o isolamento social. Além disso, ele ressalta que muitas pessoas podem ter deixado de procurar o médico durante a pandemia. “A gente acredita que seja o aumento do uso de eletrônicos, exposição a telas mais do que era habitual. Sem tomar sol, só na luz artificial. E agora as crianças estão voltando para as aulas presenciais e podem perceber que não estão enxergando bem. Então tem essa demanda reprimida”, explica.

Porém, segundo ele, a expectativa é que os casos continuem aumentando nos próximos anos. “As estatísticas apontam que nós vamos reproduzir o que já acontece no Oriente. A medida que tivermos mais tecnologia, a população terá mais miopia”, afirma.

Além de um problema de saúde, o não tratamento da miopia pode acarretar em problemas na vida escolar. De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Penido Burnier em Campinas, após os alunos usarem óculos por um ano, os professores observaram melhora no rendimento escolar de 50%, a concentração de 57% aumentou e 38,2% ficaram menos agitados.

Caminhos para evitar

Segundo o  oftalmologista, quando a criança já tem predisposição genética é difícil evitar que ela desenvolva miopia. Porém, existem formas de controlar o aumento do grau. “É importante a prática de atividade esportiva, que tenha contato com o sol pelo menos duas horas por dia. Olhar para o horizonte, revezar o tempo de exposição em celulares e tablets, a cada 30 minutos”, destaca.

Além disso, ele recomenda que crianças não fiquem muitas horas seguidas em frente a telas. “Existem alguns estudos que dizem que crianças de até 2 anos não tenham nenhuma exposição a telas. De 2 a cinco anos, até uma hora, de cinco a 10 anos até duas horas”, recomenda. “Mas é melhor fazer um pouco de exposição a cada dia do que proibir durante a semana e liberar total no fim de semana”, dá a dica.

Para tratar a miopia, o médico diz que as soluções são o uso de óculos, lentes de contato e cirurgia refrativa, no caso de adultos. Porém, durante a infância existem alternativas que podem ser indicadas para cada caso, como as lentes noturnas e colírios.

“Se a miopia estiver aumentado muito, têm alguns tratamentos para desacelerar. Tem a atropina, que é um colírio diluído, e lentes de contato. Nesse caso, é recomendado para miopias de até seis graus. A criança dorme com a lente e ela remodela a córnea, como se fosse uma cirurgia”, destaca.

O tratamento é chamado de ortoceratologia. Nele, o paciente utiliza as lentes durante a noite e ao longo do dia não precisa usar óculos. Porém, a redução da miopia é temporária. Caso a pessoa fique sem usar a lente uma noite, o grau irá retornar.

Além disso, Natanael lembra que é importante que a criança com miopia seja acompanhada por um oftalmologista a cada seis meses. “Hoje existem cirurgias para tratar a miopia lá na frente, mas sempre é mais saudável que o grau seja mais baixo, pois quanto maior a miopia, maior a chance de doenças oculares”, afirma.

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