Relatos do terror: idosa morta pelo filho vivia rotina de agressões e xingamentos

O Correio teve acesso exclusivo ao depoimento prestado pela idosa em 2018 na 24ª Delegacia de Polícia (Setor O), ano em que Luciano chegou a ser preso e condenado por maus-tratos contra ela. No relato, a mulher detalhou as agressões

 

Assassinada brutalmente pelo próprio filho, a tetraplégica Eulina Bispo de Freitas, de 84 anos, vinha sofrendo agressões há, aproximadamente, cinco anos. À polícia, ela chegou a dar detalhes estarrecedores sobre os maus-tratos cometidos por Luciano Bispo de Freitas, 47. Nesta segunda-feira (25/10), policiais civis da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte) cumpriram o mandado de prisão preventiva contra o autor, que ficará detido no Complexo Penitenciário da Papuda.

O  depoimento prestado pela idosa em 2018 na 24ª Delegacia de Polícia (Setor O). Na época, Luciano chegou a ser preso e condenado por maus-tratos contra a mãe. Desempregado, o filho, usuário de drogas e alcoólatra, exigia que a Eulina pagasse as contas dele, as bebidas e até os entorpecentes. A mulher era xingada constantemente com palavras de baixo calão. No interrogatório, a aposentada confessou que sentia medo do próprio filho..

Em uma das ocasiões, Eulina foi xingada tanto que decidiu pegar a vassoura para tentar impedir uma suposta agressão. Enfurecido, Luciano tomou o objeto da mão da genitora e jogou contra o braço da mãe. Assustada, a mulher alertou o filho de que ele poderia quebrar os ossos dela, pois a idosa sofria de osteoporose.

O filho também tinha o costume de trancar a porta de casa para impedir que a mãe saísse. Na busca por socorro, a vítima, moradora de Samambaia Norte, conseguiu pegar a chave da residência e saiu correndo. Ela pediu socorro a um motorista, que acionou a Polícia Militar. À época, em 2018, Luciano foi preso e recebeu condenação por maus-tratos, mas respondeu em liberdade.

Assassinato

Em 8 de novembro, Eulina foi vítima de mais uma agressão do filho. No dia, Luciano chegou em casa alterado e, em ato de fúria, perguntou à mãe porque ela não tinha morrido. “Ela é cadeirante e o autor a arrancou da cadeira de rodas e a jogou no chão. A saúde dela era muito sensível e debilitada. Por isso, precisou ser encaminhada imediatamente ao hospital”, detalhou o delegado à frente do caso, Rodrigo Carbone, adjunto da 26ª DP.

Delegado Rodrigo Carbone, da 26ª DP, foi o responsável pelas investigações
Delegado Rodrigo Carbone, da 26ª DP, foi o responsável pelas investigações(foto: Arquivo pessoal)

 

Vizinhos ouviram a discussão e acionaram a polícia. Eulina foi levada às pressas ao hospital, onde permaneceu internada por dois dias na unidade de terapia intensiva (UTI). Em 10 de outubro, ela morreu. Mesmo com a ficha criminal extensa, com passagens por roubos, furtos, Lei Maria da Penha e tentativa de homicídio, Luciano foi liberado em audiência de custódia. No entanto, policiais da 26ª DP pediram na Justiça a prisão preventiva, que foi deferida e cumprida.

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