Polícia reprime manifestação de estudantes na porta do MEC

O protesto ocorre durante reunião com reitores de universidades de todo o país na sede do MEC

 

Representantes de entidades ligadas à educação, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional de pós-Graduandos (ANPG) e de coletivos como o Juntos! protestaram na entrada do Ministério da Educação (MEC), nesta terça-feira (16), contra uma possível cobrança de mensalidade nas universidades e contra cortes na educação.
Policiais militares cercaram a entrada do MEC e dispersaram os manifestantes com spray de pimenta e cassetetes. Durante, o ato um estudante foi levado pela Polícia Militar à 5ª Delegacia de Polícia. Segundo o Major Michelo, os manifestantes depredaram uma viatura da PM e o jovem detido, chamado Érick, atacou policiais com um cone. Érick afirmou para o Jornalistas Livres que arremessou o objeto para distrair a PM e defender estudantes que estavam sendo agredidos. O manifestante foi acusado por desacato, mas não foi processado.
Segundo a PM, a manifestação ocorria pacificamente até que manifestantes pregaram cartazes no prédio do ministério, por volta das 16h. Quando seguranças foram retirar os cartazes, manifestantes tentaram impedir, momento em que a PMDF interveio. De acordo com a corporação, alguns policiais foram agredidos e uma viatura foi pichada. Os policiais registram ocorrência de lesão corporal e depredação do patrimônio público.
 
A manifestação ocorreu durante reunião entre representantes do MEC e reitores de universidades de todo o país para apresentar reformas para o ensino superior. De acordo com a assessoria do MEC, Weintraub participou rapidamente da reunião e saiu para um compromisso com o presidente da República, Jair Bolsonaro.

MEC presta apoio à PM

Em nota enviada por e-mail, o Ministério da Educação se posicionou em solidariedade aos policiais:
“O Ministério da Educação (MEC) repudia o ato violento, ocorrido na tarde desta terça-feira, 16 de julho, contra policiais militares. Os PMs estavam a serviço para garantir a ordem pública e evitar possíveis danos ao patrimônio e aos servidores da sede da pasta, em Brasília. 
Manifestantes, organizados pela União Nacional de Estudantes (UNE) – estavam com camisetas da entidade, furaram o bloqueio feito pelos policiais na entrada do ministério e um deles arremessou um cone de sinalização na tropa. Dois militares se feriram e uma viatura foi pichada. Para dispersar os manifestantes, que tentaram invadir o prédio, foi usado gás lacrimogênio. 
 
A atual gestão do MEC, embora esteja aberta ao diálogo, esclarece que não houve contato de representantes do grupo para uma conversa com gestores do Ministério. O MEC presta todo o apoio à Polícia Militar do Distrito Federal e aos policiais lesionados.”

Entenda o projeto Future-se

O presidente do Andes, Antônio Gonçalves, entregou o manifesto aos reitores (foto: Ana Isabel Mansur/Esp. CB/D.A Press)
O presidente do Andes, Antônio Gonçalves, entregou o manifesto aos reitores(foto: Ana Isabel Mansur/Esp. CB/D.A Press)

O novo projeto para as universidades federais, intitulado Future-se, tem como objetivo o fortalecimento da autonomia financeira das universidades e dos institutos federais. Os detalhes seriam apresentados durante a reunião. O presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Antônio Gonçalves, entregou um manifesto aos reitores na entrada do MEC.

“Diante das difusas informações divulgadas pela mídia, mas considerando o documento intitulado ‘Financiamento da Educação Superior no Brasil — Impasses e Perspectivas’, produzido pelo Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Consultoria Legislativa da Câmara Federal), o Programa Ministerial poderá promover o mais profundo ataque à universidade pública, ferindo sua autonomia e impondo categoricamente sua privatização”, diz trecho do documento.
Marcos Kauê é do Centro Acadêmico de Educação Física da USP e faz parte do coletivo Mutirão(foto: Ana Isabel Mansur/Esp. CB/D.A Press)
Marcos Kauê é do Centro Acadêmico de Educação Física da USP e faz parte do coletivo Mutirão(foto: Ana Isabel Mansur/Esp. CB/D.A Press)

“Pelo que já foi anunciado, o Future-se é um pacote que dá a opção para as instituições de ensino superior mudarem o caráter jurídico de autarquia para que possam ser administradas por organizações sociais”, afirma o presidente do Andes. “Isso significaria o rompimento com o caráter público dessas instituições, passando para a iniciativa privada a gestão e a forma de contratação. É a ampliação da privatização e da precarização da educação e do nosso trabalho”, continua.

Marcos Kauê, 25 anos, é do Centro Acadêmico de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP). Ele faz parte do coletivo Mutirão e participou da manifestação contra as mudanças no ensino superior. “A lógica mercadológica vai nortear os caminhos da universidade. Somos totalmente contra a proposta de cobrança. Eu sou cotista negro e de escola pública, então eu sei que isso vai resultar no afastamento da sociedade da universidade”, opina.
O estudante Guilherme Bianco é diretor executivo da UNE(foto: Ana Isabel Mansur/Esp. CB/D.A Press)
O estudante Guilherme Bianco é diretor executivo da UNE(foto: Ana Isabel Mansur/Esp. CB/D.A Press)

O diretor executivo da UNE, Guilherme Bianco, 23 anos, cobra o investimento em educação previsto pelo Plano Nacional de Educação (PNE). “10% do PIB é para a educação. A gente entende que é o encaminhamento de um projeto de tentativa de privatização das universidades. Primeiro, o governo cortou verbas, principalmente dos institutos e universidades federais, e agora vem com essa tentativa de uma nova perspectiva de captação”, afirma o estudante do interior de São Paulo. “Eles precisam entender que para resolver o problema da educação brasileira é preciso reaver os cortes e investir mais.”

Confira repressão policial contra os manifestantes

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