Homem retirou parasitas no último sábado (25/01/2020), mas precisou ser transferido para hospital na capital paulista
O pedreiro Evaldo Araújo Chaves, 49 anos, está internado em um hospital em São Paulo (SP) após descobrir, na última semana, a presença de bernes (ou larvas) na cabeça. As informações são do portal G1.
A mulher afirma que foi com Evaldo ao Hospital Irmã Dulce e o médico indicou que era necessário fazer um curativo. “Chegamos lá ainda no sábado, às 16h, e só saímos às 23h, mas não foi feito nada. Fomos então para UPA de Santos, eles atenderam e jogaram um remédio que saiu 25 larvas quase que instantaneamente”, diz.
A família acreditou que já haviam saído todos os parasitas, mas, quando Evaldo foi fazer o curativo já no domingo (26), no Pronto Socorro Quietude, os enfermeiros afirmaram que ainda haviam larvas em sua cabeça. Foram retiradas algumas e feitos exames, que constaram diversos buracos na cabeça do pedreiro, já que a larva se alimenta do tecido subcutâneo, muscular, segundo especialista.
“Disseram que agora só com medicação. Fomos novamente ao Hospital Irmã Dulce e relataram que não tem como fazer nada, apenas curar com o remédio. Na terça-feira o levei para fazer curativo. Quando foi de noite, retirei a faixa porque estava sangrando muito e percebi outros buracos na cabeça dele, que não existiam antes. Parece que não está melhorando nada, os bichos estão aumentando e o buraco também e ele reclama muito de dor”, afirma.
Com a piora, a família pediu ajuda nas redes sociais e acabou conseguindo uma vaga para tratamento em São Paulo. “Não teve o tratamento adequado aqui. Estávamos com medo de acontecer algo com ele. Isso é uma vergonha. A pessoa mora aqui e tem que ir para São Paulo porque se não iria morrer aqui, sendo comido vivo. Ele sentia tanta dor, que falou que se continuasse assim era melhor morrer”, desabafa a esposa.
A larva
Conforme explica o neurocirurgião João Luis Cabral, a larva (chamada ‘berne’) não é comum na cidade, e sim em regiões de agropecuária, onde há mais bovinos e equinos. “Essa larva dá mais em cachorros, bois, vacas, mas que vivem em sítios e fazendas”.
A larva, segundo o neuro, pode ser contraída por falta de recursos básicos sanitários, falta de higiene e até mesmo falta de orientação. “Também se dá pelo contato por animais que estão infectados. É a mosca que transporta essa larva ao pousar em cima do animal infectado. Em seguida, ela carrega o parasita e, quando pousa em uma ferida aberta do ser humano, a transmite para dentro daquele ferimento”, relata.
Segundo o especialista, para o tratamento é importante entrar com antibióticos próprios a esses parasitas. “A melhor maneira de eliminar as larvas é fazer tratamento medicamentoso, mas isso quando são poucas delas. Se houver larvas em grande quantidade, em que o médico não tirará sozinho, é preciso internar e fazer remoção cirúrgica”, diz.
Atendimento
Em nota, a direção do Hospital Municipal Irmã Dulce esclarece que o paciente deu entrada na unidade no último sábado (25), recebendo toda a assistência necessária a seu caso.
Após passar por avaliação com a equipe médica da unidade, constatou-se que não se tratava de um caso cirúrgico. Assim, todos os procedimentos ambulatoriais pertinentes (como tratamento dos ferimentos e medicação) foram realizados, sendo adotada conduta terapêutica medicamentosa. O paciente também foi orientado a buscar a Usafa de referência para troca diária de curativos.
“Importante esclarecer que tanto o paciente quanto seus familiares foram informados sobre o tipo de tratamento adotado. Porém, a equipe do Hospital permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários”, acrescenta a direção.
Já a Secretaria de Saúde informa que o paciente passou pelo Pronto-Socorro Quietude e recebeu atendimento adequado, foi liberado e orientado a dar continuidade ao tratamento através da Unidade de Saúde da Família (Usafa). O mesmo compareceu na Usafa Tupiry onde foi feita a retirada de Miíase. Ele foi orientado a retornar hoje, porém não compareceu.
Nesse caso, a Secretaria afirma que não é necessário internação, pelo contrário, pois há risco de contrair uma infecção, uma vez que a ferida não pode ser coberta e também não tem condições das larvas serem retiradas de uma só vez. É necessário compreender que o caso requer um tratamento, não podendo ser solucionado de uma só vez.
Como o paciente não compareceu na Usafa onde é cadastrado (Tupiry) para dar continuidade em seu tratamento, um agente comunitário de saúde vai até a residência do mesmo para verificar o motivo do não comparecimento, lembrando que esse é um procedimento de rotina chamado busca ativa.