O que já se sabe sobre a variante que colocou a Índia em alerta 

Virologista explica que nova cepa do coronavírus é semelhante à variante de Manaus, com maior potencial de transmissibilidade

 

A Índia enfrenta uma nova onda da pandemia de covid-19, chegando a registrar mais de 300 mil novos casos da doença em apenas um dia. Apesar de as autoridades locais não relacionarem o surto com o surgimento de uma nova variante do coronavírus no país, a cepa denominada B.1.617 estava presente em pelo menos 20% dos 10.787 testes analisados no estado de Maharashtra.

Segundo Flavio da Fonseca, virologista do departamento de Microbiologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, a variante indiana é semelhante à cepa brasileira de Manaus, responsável pelo aumento dos casos de covid-19 este ano no Brasil.

“É uma variante que apresenta mutações na proteína S, não é nada diferente do que estamos observando aqui no Brasil. O acúmulo dessas mutações nesses pontos da proteína faz com que essas novas cepas consigam escapar parcialmente de uma resposta prévia, seja por anticorpos produzidos pelas vacinas ou por uma infecção anterior”, explica Fonseca.

A nova cepa encontrada na Índia tem sido chamada de “dupla variante mutante” por carregar duas mutações importantes na proteína S. O especialista destaca, no entanto, que é comum ocorrer mais de uma mutação no mesmo ponto do vírus.

“Mutações duplas não são raras, elas acontecem em praticamente todas as mutações. A P.1 [cepa de Manaus], por exemplo, tem pelo menos sete mutações que são importantes. No caso da indiana, há uma mutação em dois pontos da proteína S que faz com que o SARS-CoV-2 fique mais infeccioso, só que a mutação brasileira também apresenta esse fenômeno”, explica o virologista.

A nova cepa é mais transmissível

De acordo com o especialista, grande parte das mutações mais importantes do SARS-CoV-2 o transformou em um vírus com maior potencial de transmissibilidade. Isto porque, segundo o especialista, essas mutações são responsáveis por facilitar uma ligação mais eficaz entre o vírus e as células humanas.

“Todo vírus precisa reconhecer as células que ele vai infectar, se ligar a elas, para depois causar a infecção. Para conseguir entrar nas células, ele usa a proteína S, que se liga a uma outra proteína que está na superfície das células humanas, como um receptor. O que acontece nessas variantes é que elas têm a capacidade de se ligar com mais força a esse receptor e causar uma infecção com mais resultado”, avalia Fonseca.

“A mutação indiana não apresenta nada de novo. O importante em relação a isso é o surgimento de uma nova cepa em outro lugar do mundo, mostrando que o vírus está em evolução no mundo inteiro”, afirma o especialista.

Ainda não há estudos relacionados ao potencial de letalidade da variante indiana.

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