Municípios do Norte e Nordeste têm piores indicadores de acesso à saúde

Indicador criado pela Fiocruz permite estabelecer ranking das cidades onde é mais difícil para a população manter a saúde

 

 

De acordo com um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) e a Universidade de Glasgow, na Escócia, os municípios brasileiros com maior dificuldade de acesso à saúde estão localizados no Norte e Nordeste do país.

A pesquisa analisou dados apresentados no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, relativos a renda, escolaridade e acesso à água, saneamento e esgoto. Ao realizar um cruzamento desses aspectos com outras informações sobre saúde, os especialistas definiram um número, denominado Índice Brasileiro de Privação (IBP).

Os cinco municípios com pior nota são Belágua (MA), Marajá do Sena (MA), Ipixuna (AM), Melgaço (PA) e Massapê do Piauí (PI), e os 188 lugares seguintes ficam também no Norte e Nordeste. São João das Missões (MG) tem o índice mais baixo, entre as outras regiões.

Do outro lado da tabela, com os melhores níveis de acesso, estão os municípios de São Vendelino (RS), Westfalia (RS), São Caetano do Sul (SP), Balneário Camboriú (SC) e Águas de São Pedro (SP). As 275 cidades que obtiveram as melhores classificações ficam no Sul e Sudeste, e a primeira fora das duas regiões é Goiânia (GO). O Distrito Federal aparece em 283º lugar, entre 5.565 municípios avaliados.

Segundo os responsáveis pela plataforma, os resultados escancaram a desigualdade de acesso não só à saúde, mas a outros bens materiais no Brasil. A população indígena e negra, concentrada, em sua maioria, nas regiões Norte e Nordeste, ainda é privada de condições de vida proporcionais às de pessoas brancas que vivem no restante do país.

O Índice Brasileiro de Privação foi apresentado com antecedência para um pequeno grupo de jornalistas. A plataforma, com acesso a mapas e informações por município e região censitária, demorou dois anos para ficar pronta e será divulgada à população em 9/12. É a primeira vez que um levantamento com este nível de detalhamento é realizado – em várias cidades, é possível diferenciar a condição entre bairros.

A ideia é que as informações sejam atualizadas a cada novo censo publicado pelo IBGE, com a expectativa de agregar mais indicadores e chegar a um resultado mais fidedigno. A maior dificuldade, neste caso, é que a população, de fato, responda a todos os questionamentos feitos pela pesquisa. No cruzamento de dados de saúde, um dos principais entraves é a dificuldade no registro de casos – em muitos prontuários, não está preenchido sequer o campo de endereço do paciente.

anúncios patrocinados
Anunciando...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.