Menina de 2 anos morre queimada após explosão em fogão de lenha

Mãe da criança teria deixado uma garrafa de álcool próximo ao local. Ela teve 90% do corpo queimado e não resistiu

 

Uma família de Bombinhas, Santa Catarina, que mudou há pouco tempo para Marcelândia, no Mato Grosso, viveu um verdadeiro pesadelo na última semana. Uma garrafa de álcool que estava perto do fogão a lenha explodiu, atingindo Sarah, de apenas 2 anos e 5 meses. A menina teve 90% do corpo queimado. O acidente aconteceu na última terça-feira (19). Ela chegou a ser levada para o hospital, mas não resistiu e acabou morrendo no dia seguinte. Em entrevista à CRESCER, o pai, João Gonçalves, 27 anos, contou detalhes sobre como tudo aconteceu.

“Mudamos há cerca de um mês para a fazenda. Estávamos muito felizes. Havíamos conseguido realizar os desejos de Sarah, de ter dois gatinhos e um cachorrinho. Aqui, ela tinha balanço, ela se sentia livre, estava muito feliz. Nesse dia, acordamos e ela foi ajudar a mãe a lavar a área. Depois, a chamei e fomos para o balanço. Eu a balancei; ela estava toda alegre. Tomamos nosso café da manhã juntos e eu saí a alguns metros de casa para conseguir sinal de telefone, pois precisava correr atrás de patrocínio para o meu projeto social. Enquanto isso, minha mulher e minha filha foram colher gravetos para o fogão a lenha. Minha esposa conta que usou álcool e gravetos para acender o fogão e largou a garrafa com um pouco de álcool no chão, a cerca de meio metro do fogão. Ela se virou para pegar uma panelas e quando viu, o fogo já estava em Sarah. Ela acredita que um graveto tenha caído do fogão e atingido a garrafa, fazendo com que ela explodisse. Eu ouvi o barulho e sai correndo. Quando cheguei, minha mulher estava, desesperadamente, tentando apagar o fogo e acabou queimando os pés e as mãos. Peguei minha filha no colo, apaguei o fogo, coloquei ela no meu peito e corremos para o hospital. Chegamos lá, oramos e pedimos a Deus pela vida dela. Os médicos deram sedativo, limparam e esterilizaram Sarah. Depois, ela foi transferida para a UTI de uma cidade vizinha. Ela não gritou, não sofreu, não chorou. Não expressou nenhuma dor, Graças a Deus. Ela ficava apenas olhando com aquele olhar de quem não estava entendendo nada – e esse foi um dos momentos mais fortes para mim. Eles a enfaixaram e fizeram procedimentos de limpeza. Lembro que ela estava acordada e me pedia muita água. Teve uma hora em que ela disse que estava com fome e depois começou a dizer: — ‘Papai, eu quero o teu colo’. — Nesse momento, eu pedi para ela ter calma e orar comigo. E oramos o ‘Santo Anjo’ todinho juntos. Nós chegamos a conseguir um avião de UTI para levá-la para Cuiabá, onde tinha mais recursos. Estava tudo certo, mas ela não resistiu e morreu pouco antes, por conta da gravidade das queimaduras. Sarah teve 90% do corpinho atingido. Ela mudou a nossa vida, a vida da nossa família e tem mudado a de muita gente depois do acontecido. Ela trouxe muita paz, amor, alegria e deixou uma saudade enorme. Apesar de tudo, agradecemos a Deus por ter tido essa benção na nossa vida.”

Sarah teve 90% do corpo queimado (Foto: Arquivo pessoal)

Márcia Pinheiro, a mãe de Sarah, teve queimaduras nos pés e mãos, mas está em casa se recuperando. Pelas redes sociais, ela lamentou a morte da filha. “Que tristeza e saudade de você, minha vida. Tá sendo tão difícil”, escreveu. A polícia civil informou que não está investigando o caso.

COMO EVITAR ACIDENTES?

Segundo a ONG Criança Segura, os acidentes são hoje a principal causa de morte de crianças de um a 14 anos no Brasil. Todos os anos, cerca de 3,6 mil crianças dessa faixa etária morrem e outras 111 mil são hospitalizadas. Em relação a queimaduras, os pequenos entre 1 e 4 anos são as principais vítimas, pois, além de terem a pele mais fina, eles não têm capacidade para reconhecer riscos ou habilidade para escapar de uma situação de queimadura que ameace a sua vida.

A maioria das queimaduras acontecem dentro de casa. Os tipos mais comuns são as escaldantes (causadas por água ou vapor quente) e as térmicas (causadas por contato direto com fogo ou objetos quentes). “Uma criança exposta a água quente a 60° por três segundos terá uma queimadura de terceiro grau, lesão que requer hospitalização e enxertos de pele”, informa a ONG. No entanto, estudos mostram que 90% desses acidentes poderiam ser evitados com algumas medidas simples. Veja como evitar:

—- Mantenha as crianças longe da cozinha e do fogão, principalmente durante o preparo das refeições;
— Cozinhe nas bocas de trás do fogão e sempre com os cabos das panelas virados para dentro;
— Evite carregar as crianças no colo enquanto mexe em panelas no fogão ou manipula líquidos quentes;
— Deixe comidas e líquidos quentes no centro da mesa, longe do alcance das crianças;
— Não utilize toalhas de mesa compridas ou jogos americanos. As crianças podem puxar esses tecidos, causando escaldadura ou queimadura de contato;
— Não deixe as crianças brincarem por perto quando você estiver passando roupa ou utilizando outro aparelho que produza calor, como secador de cabelo. Ao utilizá-los, desligue, tire da tomada e os guarde longe do alcance das crianças;
— Guarde fósforos, isqueiros, velas e outros produtos inflamáveis em locais altos e trancados, longe do alcance das crianças;
— Muito cuidado com o álcool. Ele é responsável por um grande número de queimaduras graves em crianças. Guarde o produto longe do alcance delas. O mais seguro é substituir qualquer versão de álcool por outros produtos de limpeza doméstica, como água e sabão;
— Nunca jogue álcool sobre chamas ou brasas, nem utilize esse produto para cozinhar;
— Use velas e candeeiros somente em cômodos onde há a supervisão de um adulto. Garanta que elas não estejam perto de objetos inflamáveis, como isqueiros, acetona, móveis de madeira, cortina, mosquiteiro ou colchões;
— Só acenda velas em recipientes apropriados, como lamparina, ou em um prato fundo com água;
— Deixe itens inflamáveis, como roupas, móveis, jornais e revistas, longe da lareira, do aquecedor e do radiador.

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