Megaoperação da PCDF prende quadrilha de desmanche de carros

Cerca de 450 policiais cumprem 120 mandados de prisões, buscas e apreensões. Bando agia em três estados

 

A Polícia Civil deflagrou uma megaoperação na manhã desta segunda-feira (30/09/2019) para desarticular organização criminosa especializada em roubo e desmanche de veículos. Cerca de 450 policiais cumprem 120 mandados de prisões preventiva e temporária, de buscas e apreensões. Durante a ação, os agentes interditaram lojas no Distrito Federal, São Paulo e Goiás. As buscas são feitas nas cidades de Campinas, Valinhos, Hortolândia, Indaiatuba, Brasília, Goiânia e Águas Lindas.

A operação conta com a colaboração de 18 auditores da Secretaria de Fazenda do DF. Foram mobilizadas três aeronaves e 100 viaturas. De acordo com a Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), que conduz as investigações, os criminosos faziam a revenda de peças automotivas em outros estados. No DF, a principal região em que eles atuavam é o Setor H Norte, em Taguatinga.

A Polícia Civil estima que a quadrilha teria enviado ao DF, na última década, ao menos 2 mil carros cortados. A operação foi batizada de Rota da Seda, em alusão às diversas rotas comerciais que na antiguidade se originavam na Ásia e faziam chegar aos europeus diversos produtos sem que eles soubessem a que preço isso acontecia.

A investigação aponta que os veículos eram roubados e furtados em Campinas (SP) e adjacências, cortados em galpões gigantes e imediatamente remetidos às lojas do DF. “Era uma verdadeira indústria de roubo e furto de carros e desmanches. Pelo menos seis caminhões diferentes eram usados no transporte das peças. Cada um comportava, em média, 10 veículos cortados. Eles chegavam a transcorrer o percurso DF-GO-SP até três vezes na semana, indicando, portanto, um volume inacreditável de carros roubados que eram inseridos no mercado de autopeças”, detalhou o delegado Eric Salum.

Ainda de acordo com os policiais, para ludibriar a fiscalização rodoviária, eram emitidas notas fiscais frias. Todos os números de identificação do chassi também eram suprimidos, impedindo que fosse possível identificar e vincular as peças transportadas a ocorrências de roubos e furtos em São Paulo.

“​Durante a investigação, um desses caminhões acabou sendo apreendido e toda sua carga retirada. Nessa oportunidade, foi possível montar, como um quebra cabeça, no pátio do Instituto de Criminalística 10 carros completos (quatro portas, capô, tampa traseira, teto, para-choques, paralamas, faróis, lanternas, espelhos e toda parte de acabamento e mecânica). Os criminosos chegavam a enviar as baterias dos carros e até mesmo os extintores de incêndio que vinham ainda carregados”, completou Salum.

Investigação
​Os policiais se infiltraram no comércio de autopeças do Setor H Norte em Taguatinga e, passando-se por empresários, simularam compras de lotes de peças – chamados de “pacotes” ou “kit lata”. A partir daí, conseguiram descobrir todo o esquema e chegar até os núcleos da quadrilha em SP e GO.

​​Segundo a PCDF, ficou comprovado que pelo menos 95% das lojas do DF se encontra atuando fora da legislação vigente, que exige uma série de condicionantes para autorização de funcionamento. Os policiais constataram que, direta ou indiretamente, a grande massa de lojas da capital federal está vendendo peças de carros roubados e furtados não só no DF, como também em outros estados. A corporação ressalta que as investigações avançam para desvendar outras rotas ilegais de transporte de peças e prisão de mais lojistas que também se encontram envolvidos.

​Também houve a decretação de amplo bloqueio patrimonial, havendo congelamento de contas bancárias, registro de imóveis e carros. Os presos em outros estados foram imediatamente recambiados ao DF e se encontram à disposição da 2ª Vara Criminal de Taguatinga.

“O setor de revenda de autopeças usadas no DF, em especial as lojas localizadas no setor H Norte de Taguatinga, são um câncer instalado em plena capital da república e precisam ser combatidas até mesmo para proteger o bom empresariado que tem sofrido com a concorrência desleal”, destacou o delegado Eric Salum. “Queremos mandar uma mensagem clara não só aos maus empresários do DF, mas também aos criminosos de outros estados. Quanto àqueles que se achavam seguros por estarem em outros estados, demonstramos que nossa força técnica e operacional é capaz de buscar qualquer um em qualquer ponto do território nacional. Saibam que enviar peças roubadas ao DF não é mais um bom negócio”, completou.

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