Jovem é preso por comercializar sistema que promovia fraudes bancárias

Mecanismo permitia que criminosos invadissem roteadores ou modens e capturassem senhas de usuários de bancos na internet usando vírus de tipo malware

 

Um jovem de 19 anos foi preso suspeito de desenvolver um sistema capaz de promover fraudes bancárias. Agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), em parceria com a Polícia Civil de Minas Gerais, encontraram Ramon Moraes da Silva em casa, em Juiz de Fora (MG), na manhã desta segunda-feira (22/7).

O software desenvolvido pelo jovem era capaz de infectar modens ou roteadores e capturar senhas de usuários do internet banking. As informações permitiam a subtração de valores depositados nas contas bancárias. Durante depoimento, Ramon admitiu a prática, mas negou ter invadido contas. Ele será transferido para Brasília e deve responder pelos crimes de organização criminosa e criação de malware — tipo de vírus usado na fraude. A pena vai de 4 a 15 anos de prisão.

As investigações tiveram início em 2017, a partir de vídeos divulgados por Ramon em um site de compartilhamento. O conteúdo ensinava como cometer fraudes usando o sistema e como era possível adquiri-lo. O preço, segundo a Polícia Civil, chegava a, aproximadamente, R$ 5 mil. Até as 19h25 desta segunda-feira (22/7), o vídeo mais recente que explicava sobre o funcionamento do software havia alcançado 13.709 visualizações.
Entre os materiais divulgados pelo jovem, havia outros tutoriais de como obter dados pessoais de contas de e-mail e de como enviar links falsos para as vítimas. “Ele não invadia ou fraudava contas, mas vendia um software para isso. Ele estava ensinando a cometer um crime”, explicou o delegado-chefe da DRCC, Giancarlos Zuliani. “O sistema que o suspeito criou é muito específico e só procurava quem realmente queria cometer fraudes, porque é preciso entender o funcionamento da ferramenta”, completou.

Atualização de senha

Ramon não tinha passagens pela polícia, nem formação na área de informática, mas havia trabalhado em empresas da área. A Polícia Civil do DF pediu a prisão dele com base em informações de que criminosos de Brasília haviam adquirido o sistema. Os investigadores identificaram pessoas da capital federal que pagaram pelo serviço, mas ainda não é possível ter uma dimensão do lucro com as vendas no Distrito Federam nem no restante do país.
Apesar de esse tipo de prática não ser comum, segundo a polícia, o delegado Giancarlos Zuliani faz um alerta: “Tudo isso foi feito a partir do fato de que muitas pessoas não trocavam a senha de origem do roteador. É muito importante não deixar a original. Se você muda o código que vem com o modem ou roteador, o sistema não funcionará. E é possível encontrar tutoriais de como mudar essa senha em sites de compartilhamento de vídeos”, recomenda.
Outra dica do delegado é sempre usar os aplicativos dos bancos, baixados pelas lojas de apps dos celulares. “Eles são mais seguros que o site, e os bancos fazem uma série de recomendações de segurança que as pessoas devem seguir. Quando você entra no site do banco por um link que encontrou em um buscador, pode acabar direcionado para uma página falsa”, ressalta Zuliani.
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