Governo convoca hoje 750 PMs para o curso de formação

Em entrevista ao CB.Poder, secretário confirmou que aprovados no concurso da Polícia Militar serão chamados nesta terça-feira (10/3) e que os selecionados na prova do Corpo de Bombeiros também devem assumir os postos em breve

 

Aprovados no concurso da Polícia Militar serão convocados, nesta terça-feira (10/3) à tarde, para iniciar o Curso de Formação de Praças (CFP). O grupo é composto por 750 pessoas. Os selecionados na prova do Corpo de Bombeiros também poderão ser chamados. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (9/3) pelo secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, em entrevista ao CB.Poder, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília.
De acordo com ele, há deficit em todas as forças de segurança. “Já tivemos um quadro com 18 mil policiais militares. Hoje, trabalhamos com 11 mil. A população cresceu muito. Temos problemas de cidades grandes, como Rio de Janeiro e São Paulo. Conseguimos diminuir os crimes, mas ainda temos muito trabalho’”, disse o secretário.
Anderson Torres destacou que o índice de violência na capital caiu em comparação com anos anteriores e que o Governo do Distrito Federal tem trabalhado muito para frear casos de mortes violentas, como a do professor universitário Hebert Miguel, 26 anos, em Taguatinga Sul, e do universitário Márcio Ribeiro, 28, na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto, na última semana. Os dois morreram no sábado, vítimas de crimes investigados como latrocínio.
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O que o governo faz para frear as mortes violentas, como as que ocorreram na última semana com o professor e o universitário?

Temos trabalhado muito em relação a isso, mudado o policiamento, trabalhado com inteligência. Os níveis de apuração desses casos estão altíssimos. Finalizamos, no ano passado, com 80% dos crimes contra a vida apurados no DF.  Isso mostra que estamos no caminho. Fechamos o ano passado como o melhor dos últimos 35 anos, em casos de homicídios. Janeiro de 2020 foi o melhor dos últimos 21 anos. Fevereiro, o melhor dos últimos 10 anos, perdemos apenas para fevereiro do ano passado. O crime faz parte da natureza humana. Ele existe e vai existir. O que nos cabe é trabalhar sério e pesado para melhorar.

Enquanto alguma vida estiver sendo perdida, a gente tem que trabalhar duro, certo?

Cada pessoa que morre atinge a nós, policiais, à secretaria e ao governo. Daqui para a frente, entendemos que a maioria desses crimes vai ter imagem. Estamos espalhando câmeras pela cidade quase toda. Em breve, estaremos chegando a mil câmeras. Teremos imagens, e elas chocam muito mais do que apenas sabermos dos crimes. Mas nosso trabalho é prevenir esses crimes. Tem uma série de aspectos envolvidos nisso, não é só questão de segurança pública. Tem moradores de rua, tráfico de drogas, gangues e guerra de facções — que culminam na morte de muitos jovens no DF.

Existe algum projeto da secretaria que vise evitar os crimes relacionados a roubo de celular?

Hoje, o celular é a menina dos olhos dos criminosos. Já foram a roda e o som do carro. O celular é pior, porque, nos outros crimes, não havia o contato entre o ladrão e a vítima. Hoje, há o contato e, nele, muitas vezes ocorre a fatalidade. Temos percebido uma série de assaltantes que foram presos há 15 dias novamente na rua assaltando. Qual é a diferença entre um assalto à mão armada e um latrocínio? É um clique. Precisa ser tratado com rigor, não só pela polícia, mas pelo Judiciário. Vejo, com respeito ao Estado brasileiro, que a gente precisa retomar algumas coisas. Vivemos uma crise de segurança há muitos anos. A sociedade já entendeu isso e quem comete o crime, também. Talvez a punição não seja a adequada. Temos discutido a questão da Papuda. São 17 mil presos, fechados no caldeirão fervendo. O Brasil não sabe o que fazer com os presos. A gente vai muito bem até a prisão em flagrante.

Como se combate o crime da arma branca?

Brasília sempre teve essa característica da arma branca. É uma questão que a gente precisa discutir. Qual é consequência jurídica para uma pessoa que é pega com uma faca na cintura? Por exemplo, muitas pessoas andam com canivete. É totalmente diferente de uma pessoa que é pega com um revólver na cintura. Sair de casa com uma faca, a gente faz um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), que é encaminhado à Justiça. No carnaval, fizemos vários. Eram facas, tesouras, facões. No do ano passado, machado foi apreendido pela PM.  A pessoa que sai de casa com isso, sai mal-intencionada.

A gente vê muito feminicídio em que o crime é cometido com uma faca, em casa. Esse é um problema também. A secretaria tem um projeto relacionado a isso? É um desafio, não é?

Grande. No feminicídio, depois de tanto estudar, vimos que é uma evolução da sociedade. Um crime dentro de casa, com arma branca. O cara sai de casa, vai para o trabalho, passa em um bar para tomar uma coisa, chega em casa, briga com a mulher, vai à cozinha, pega uma faca e mata. Como a Segurança Pública age nisso? Como o Estado chega para impedir esse cidadão? Ela, os familiares e os amigos, muitas vezes, não denunciam, não trazem essa notícia.

Em sua avaliação, o que precisa mudar, urgente, na legislação penal nesse caso?

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Precisamos não só endurecer a legislação, mas saber prender, condenar e saber o que fazer com essas pessoas. É um sistema. Quando assumi a secretaria, vi uma ideia de o sistema passar para a Secretaria de Justiça novamente. Conversei com o governador e pedi para deixar na Secretaria de Segurança. Porque segurança pública é o sistema, não é só investigação. A gente precisa evoluir.

O número de câmeras está aumentando. É fundamental para ajudar uma investigação?

Eu estava assistindo às imagens desse crime (do universitário morto na Rodoviária do Plano Piloto) e vimos a dinâmica do crime, inclusive o assassino conversando com a vítima. Em algum momento, houve o desentendimento e o crime. Foi uma atitude que, em tese, não chama a atenção.

O homem que roubou e matou o professor universitário já tinha passagens pela polícia, por furto e por roubo.  A audiência de custódia é um problema?

Precisa ser revisto o modo que tem sido feito e os entendimentos. A partir de que momento que, num crime violento, como um roubo, o autor pode ser solto na audiência de custódia? A gente precisa endurecer um pouco mais isso. Talvez mudar as penas no Brasil.

Como está o DF em relação à permanência de líderes de facções criminosas na Penitenciária Federal de Brasília? O GDF é contra, mas o ministro Sérgio Moro e o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) defendem que isso não traz prejuízo para a cidade.

Tem reflexos no DF. Continuamos sem grandes informações do que está acontecendo. Temos uma GLO (Garantia de Lei e da Ordem) decretada para o Presídio Federal do DF, na qual o governador não foi consultado, fora dos requisitos da GLO. Pontuamos alguns fatos. Tive submetralhadora apreendida, com vários carregadores, pela Polícia Militar. E outra arma de calibre pesado. E fica minha pergunta: está fugindo ou não do que o DF sempre teve? Quem tem razão, a história vai dizer.

A convocação para os praças sai amanhã (hoje)?

Sai amanhã (nesta terça-feira – 10/3). Vamos convocar para o curso de formação. Não vamos fazer solenidade, mas uma live pela internet. Ainda não decidi a forma. Mas sai, com os prazos para entregar documento. Tem uma série de requisitos antes de começar o curso. São 750 pessoas.

Vão chamar os bombeiros?

Sim. Há também um cronograma. Vou tentar trazer essa convocação também para amanhã. Precisamos muito. Há um deficit muito grande de pessoal.

A convocação é uma solução para a segurança no DF?

Sem dúvida. Já tivemos 18 mil policiais. Hoje, trabalhamos com 11 mil. A população cresceu muito. Somos a terceira maior cidade do país. Temos problemas de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.

O reajuste das forças de segurança vai sair?

Amanhã vota na comissão esse reajuste inicial, que foi aprovado. Espero que saia. Precisamos chegar naquilo que nos propusemos a fazer. Mas há um longo caminho. Será um aumento de 8% para as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros.

Hoje (nesta segunda-feira — 9/3) completam-se cinco anos da Lei do Feminicídio. Os dispositivos de segurança estão funcionando?

Começa a funcionar agora. Mandamos para o Tribunal de Justiça para fazerem os protocolos deles. Voltou para a segurança pública na semana passada. As reuniões foram feitas e, nos próximos dias, os juízes poderão sentenciar os usos do aparelho que ficará com a mulher para ela acionar quando for preciso.

Existe alguma recomendação para policiais que atuam no dia a dia, na rua, em relação ao coronavírus?

Ainda não pensamos nisso. As coisas estão sob controle, não podemos fazer alarde ainda.

Confira na integra a entrevista!

 

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