Alailson Amorim se apresentava como pastor itinerante e ganhava a confiança de fiéis pelo país. Ele seduzia mulheres com o perfil religioso
O homem acusado de se passar por falso pastor itinerante para ganhar a confiança de fiéis e roubá-los também é investigado por cometer outros crimes, como estupro e cárcere privado de mulheres. Alailson Amorim, 41 anos, fez vítimas em diversos estados do país, como Sergipe, Maranhão, Mato Grosso do Sul e São Paulo, segundo investigação da Polícia Civil de SE.
Ele foi preso no Distrito Federal no último sábado (14/8), após postar foto em um shopping de Taguatinga. Alailson planejava se mudar para Portugal. O delegado Hugo Leonardo Melo, da Polícia Civil de Sergipe, disse a equipe adiantou a prisão do criminoso para evitar fuga à Europa.
“Duas vítimas estavam acompanhando as redes sociais e ele postou fotos no shopping. A gente, com o apoio da PMDF, fez a operação para prendê-lo o quanto antes”, afirmou o delegado.
As investigações contra Alailson começaram em fevereiro deste ano, após um idoso denunciar um golpe envolvendo a venda de um carro com dívida de R$ 18 mil de financiamento. Os policiais descobriram que Alailson age como pastor itinerante, muda-se constantemente, e prega em igrejas nas regiões onde se instala para ganhar a confiança de fiéis e sustentar seu perfil de homem religioso.
Ele era recebido na casa dos pastores ou de mulheres que seduzia e lá cometia os crimes. “Ele some levando notebook, lojas, relógios e dinheiro da casa das pessoas que o acolheram”, disse o delegado.
Segundo a investigação policial, o falso pastor se aproximava das fiéis da igrejas, se apossava de cartões bancários e senhas para fazer compras e sumia deixando as vítimas no prejuízo. “Quando ele deixava as mulheres, subtraía também computadores e até roupas íntimas”, disse Melo.
Duas mulheres, que moram no Maranhão e em São Paulo, contaram à polícia que foram vítimas também de cárcere privado. Uma delas disse que foi estuprada.
Uma pastora de 42 anos afirmou, em depoimento, que Alailson já tinha pregado em sua igreja e que, em janeiro de 2021, iniciou contato com ela por meio das redes sociais. Eles se casaram semanas depois. O homem vendeu o carro, móveis e itens da igreja dela, além de tirar R$ 6 mil de sua conta.
Em junho deste ano, ele foi embora e levou roupas da pastora, notebook, pedestal e caixa de som de som da igreja e mais R$ 1,5 mil em dinheiro. Durante o relacionamento, ele usou o cartão de crédito dela e deixou uma dívida de R$ 8 mil.
A vítima contou que o falso pastor a trancou dentro de casa e que quando saíam juntos ele não a deixava sair de perto dele. O homem bloqueou amigos e a família da mulher das redes sociais dela e excluiu os contatos do telefone.
A pastora revelou que ele a forçava a ter relações sexuais e a mordia para que ela fizesse sexo. Em maio, Alailson a agrediu, segundo a vítima. Ela dizia que não queria manter relações sexuais, mas o homem afirmava que “era o papel da esposa e estava escrito na Bíblia”.
Puxões de cabelo
Uma segunda mulher, de 40 anos, revelou à polícia acreditar que Alailson era uma boa pessoa pois se apresentava como pastor e tinha mais de 30 mil seguidores no Facebook. Porém, ela começou a desconfiar que estava sendo enganada pelo namorado porque ele pegou seus anéis de ouro e a convenceu a comprar um carro por R$ 22 mil com o dinheiro que recebeu de uma indenização trabalhista.
Segundo a vítima, ele a trancou por dois dias dentro de casa, em 2020, sem telefone celular ou acesso à área externa da residência. De acordo com o depoimento da mulher, ele chegou em casa, os dois discutiram e o falso pastor a agrediu com puxões de cabelo e ainda apertou seu braço. A vítima disse que ele ameaçou contratar um matador de aluguel para pôr fim à vida dela. O homem teria ido embora com os documentos pessoais da mulher, cartões bancários e o carro comprado com o dinheiro dela.
Alailson dizia para suas vítimas que era vinculado à Associação Nacional dos Pastores do Brasil e que era formado em direito e teologia, mas a Polícia Civil de Sergipe descobriu que é tudo mentira. Segundo as investigações, o homem usava três perfis falsos nas redes sociais: de um juiz de Sergipe, um policial e uma advogada. Por meio dos fakes, ameaçava as pessoas que o estavam expondo.
O falso pastor responde a seis processos por furto, estelionato e apropriação indébita. Havia dois mandados de prisão abertos contra ele. No DF, Alailson tem uma ex-mulher e um filho.
Em 2012, ele foi detido por furtar um carro no município de Japoatã (SE). Aos policiais militares, ele disse que cometeu o crime “em momento de fraqueza” enquanto estava “possuído pelo demônio”.