Festival Rock ao vivo traz a banda alemã Scorpions ao Ginásio Nilson Nelson

Guitarrista Matthias Jabs promete clássicos e loucura moderada

 

O guitarrista alemão Matthias Jabs tem ótimas lembranças de Brasília e do Brasil, especialmente do show no Rock in Rio de 1985. Eram, ele lembra, dias “muito loucos”. De lá pra cá, o Scorpions envelheceu, a média de idade passou de 25 para 60 anos, a loucura no palco diminuiu (um pouco) e Jabs garante que a banda está “saudável” e que a quantidade de fãs aumentou. Amanhã, quando o guitarrista sobe ao palco para tocar com o Scorpions, ele conta observar uma geração de jovens nas fileiras em frente ao palco, um fenômeno que atribui às redes sociais, mas também à combinação rock pesado com elementos pop, à qual a banda se entregou e nunca deixou de praticar.
É essa mesma mistura que o guitarrista promete para o show de amanhã na primeira edição do Rock ao vivo, que terá também a banda Helloween, no Ginásio Nilson Nelson. O Scorpions toca ainda no Rock in Rio, na capital fluminense, em 4 de outubro, e divide o line up con Iron Maiden e Slayer. Os shows no Brasil fazem parte do Crazy world tour, mesmo nome adotado para a turnê de 1989, mas sob uma perspectiva bem diferente. “Estamos usando esse nome novamente de propósito”, avisa Jabs. “Para nós, o mundo parece estar muito mais louco do que há 30 anos. Estamos dando tantos passos para trás… Esperávamos, há 30 anos, que o mundo estaria unido, em paz. Mas, ao contrário, o que tem acontecido é que estamos vendo uma série de políticos, em muitos países, egomaníacos, que não conversam com os outros, que só gostam de ouvir a si mesmos, e isso não facilita as coisas. Definitivamente, é um mundo muito mais louco o de hoje.”
Desde o primeiro álbum, Lonesome crow, em 1972, foram 20 discos de estúdio e seis ao vivo. Jabs não está na banda desde o início. Ele entrou em 1978, ao 23 anos, depois de tocar em outra banda, Fargo, que fazia covers do Scorpions. A longevidade do grupo, ele atribui à amizade: “Somos muito amigos, gostamos do que fazemos e gostamos de tocar nossa música. Acho que é algo que está no nosso DNA, algo que amamos fazer, não consideramos um trabalho, é nossa vida”.
Uma das coisas que mais impressiona Jabs nos últimos 10 anos é a presença de jovens nos shows, fruto, acredita, da grande popularidade das redes sociais. “Lá, eles podem ver bandas no palco que nunca haviam ouvido antes. Ao longo dos últimos 10 anos temos uma audiência jovem no mundo todo, e especialmente no Brasil, que cresce rapidamente. Vemos esses rostos jovens nas primeiras filas dos shows, e isso é muito motivador”, diz o guitarrista, que encara a internet como instrumento eficiente de divulgação. “É uma maneira rápida de comunicar, uma maneira rápida de se expressar e milhões de pessoas usam todos os dias. É uma boa via de comunicação, definitivamente, e de se tornar conhecido, publicar algo e colocar de maneira oficial dar as informações que você quer dar… Éramos muito dependentes da mídia impressa ou da TV e isso nos deixa muito mais independentes”, compara.
O vocalista Rudolf Schenker costuma dizer que a audiência jovem trouxe novas responsabilidades para o Scorpions. Como há crianças e adolescentes entre os fãs, o rock teria que ser apresentado “da maneira correta”, refletiu Schenker em algumas entrevistas. Jabs brinca que não sabe o que o amigo quis dizer com isso, mas tem uma certeza: “Eu diria que você só consegue convencer outras pessoas se você mesmo estiver convencido sobre o que está fazendo. E nós estamos convencidos do que estamos fazendo. Acho que esse é o jeito certo”.
Para o show de amanhã, o guitarrista promete hits como Still loving you e Like a hurricane, alguns medleys, mas nada de inédito. A banda trabalha em um disco, programado para ser lançado em 2020, mas ainda não revela as novidades nos shows. Jabs explica que, com a qualidade das gravações em celulares e a velocidade de circulação das redes sociais, tocar músicas novas no show estragaria as surpresas do novo álbum.
Rock ao vivo
Com Scorpions e Helloween. Amanhã, às 21h, no Ginásio Nilson Nelson. Ingressos de R$ 160 a R$ 840.
 
Quatro perguntas/Matthias Jabs
 
 
Você falou que anda desencantado com a política contemporânea. Mas tem esperança no futuro?
Diz que a esperança morre por último… Eu sempre tenho esperança de que venha o melhor. Talvez seja fé, talvez as pessoas achem um pouco naif que tudo vai estar em paz algum dia. Talvez estejamos indo na direção oposta, mas a boa notícia é que alguns desses presidentes que estão aí só podem ser eleitos duas vezes. Depois, outra pessoa vem. Então, sempre tenho a esperança de que essas pessoas não vão durar para sempre. Mas ainda há muito tempo pela frente…
Sei que você teve uma experiência bonita na Amazônia, fez show por láe também visitou a floresta. Qual 
seria sua mensagem hoje, quando as queimadas andam mais intensas que o normal na destruição da mata?
Primeiro, não consigo entender como as pessoas não estão combatendo o fogo. O fogo está queimando em muitos lugares, não entendo que simplesmente deixam acontecer. Para mim, é inacreditável. Eu acho que devíamos olhar para esse planeta como um só, como uma casa para todos nós, para todas as pessoas, para os brasileiros. Nós precisamos do Saara, da floresta e do gelo da Groenlândia. Tudo isso junto é o nosso planeta, não é só dos brasileiros, dos povos da Groenlândia, é nossa responsabilidade manter o planeta a salvo e não deixar que seja destruído.
Estamos acostumados a ver a Alemanha como um exemplo de sustentabilidade e de iniciativas de redução do aquecimento por parte do estado. Como você vê isso?
Às vezes, o partido verde usa as ideias verdes de uma maneira muito política. Eu acho que deveria ser o suficiente que todas as pessoas resolvessem salvar o que temos. Independentemente do partido que está no poder, todos deveriam ter isso como meta. Para mim, não cabe ao partido verde dizer, mais uma vez, que temos que ser verdes. Deveria ser uma coisa de educação, deveríamos ter isso como uma aquisição, essa ideia de salvar o lugar no qual se habita. De proteger. Eu olho para isso de uma maneira livre da política e independente.
Afinal, o Scorpions é uma banda de heavy metal ou de hard rock?
Nós não somos nem nunca fomos heavy metal, somos uma banda de hard rock, com algumas músicas com um toque de rock pop, músicas como No one like you, de Blackout, que tocou muito no rádio. O Scorpions tem energia suficiente para lidar com qualquer banda de metal, mas nosso estilo tem mais variedade, nós temos equilíbrio, melodia, e não apenas as coisas pesadas, há um espectro maior de estilos.
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