Faculdade de Artes Dulcina de Moraes: O sonho que formou grandes artistas

Com mais de 25 anos de existência, Faculdade de Artes Dulcina de Moraes segue sendo referência nacional e patrimônio cultural de Brasília

 

Fruto de um sonho. Assim surgiu a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, em 7 de março de 1982. A atriz e fundadora, que carrega o mesmo nome da instituição, carregou consigo, ao longo de toda a sua trajetória artística, o compromisso com a formação de artistas e arte-educadores em todo o país. “Dulcina de Moraes deixou o Rio de Janeiro no auge de sua carreira como atriz, para levar a Fundação Brasileira de Teatro (FBT) para Brasília”, conta Liana Farias, secretária executiva da FBT, entidade mantenedora do local, também idealizada pela artista.

Nascida em 1908 e falecida em 1996, Dulcina de Moraes foi atriz, diretora, produtora, professora, idealizadora e fundadora da Fundação Brasileira de Teatro. Dona de uma história recheada de mitologias, a artista é conhecida pelo seu sonho de integração dos artistas e do Teatro Brasileiro. Durante toda a sua vida, Dulcina não mediu esforços para garantir o que setor merecia e, por isso, a atriz é considerada um marco e um personagem essencial para a história da arte brasileira. “Dulcina foi uma pessoa fundamental no processo da regulamentação da profissionalização da carreira dos artistas no Brasil. Foi graças a ela, por exemplo, que atores e atrizes do Brasil passaram a ter direito a uma folga semanal”, desenvolve Liana Farias.

À frente de seu tempo, a artista realizou, em 1955, o primeiro Congresso de Ensino de Teatro, com importantes nomes da cultura brasileira. No ano seguinte, Dulcina solicitou ao Ministério da Educação e da Cultura uma autorização para o funcionamento da Academia de Teatro, que tinha por objetivo a promoção da formação, especialização e aperfeiçoamento do profissionais de teatro, em todas as suas modalidades funcionais. O pedido continha ainda, como relata a secretária do FBT, a solicitação para constituir um centro de estudos e de divulgação da cultura teatral brasileira. “Todo  este legado de Dulcina é o que contribui e valoriza a faculdade no país todo, tornando-a uma instituição de prestígio e referência”, salienta Liana.

A Faculdade

Ainda no Rio de Janeiro, em 1956, a Academia idealizada pela atriz passou a oferecer os cursos de formação de ator, formação de diretor cênico, de cenógrafos, de crítico de arte e de escritor teatral, ao lado de cursos de aperfeiçoamento, especialização, além dos cursos avulsos e de extensão cultural. Hoje, com mais de 25 anos de existência, a faculdade oferece cursos de Bacharelado em artes cênicas, Licenciatura em Artes Cênicas, Bacharelado em Artes Visuais, formando artistas reconhecidos e firmando sua importância no cenário artístico nacional. “Podemos citar, como ex-alunos com destaque no Brasil, Françoise Forton, Murilo Rosa e Adriana Leite. Todos com grandes carreiras”, destaca Liana. Além destes, a secretária ressalta ainda que, aqui no Distrito Federal, a maior parte dos professores de artes da rede pública de educação se formaram na FADM.

Responsável por manter a faculdade na capital, a Fundação Brasileira de Teatro tem uma história um pouco mais antiga que a escola superior. Com o título de uma das mais longevas fundações da área artística, ela foi instituída também pela atriz Dulcina de Moraes em conjunto com seu marido Odilon Azevedo, em 7 de julho de 1955, ainda no Rio de Janeiro, no antigo Estado da Guanabara. Conforme conta Liana, depois de 17 anos de funcionamento, a instituição teve sua sede transferida para Brasília, onde se encontra até o hoje. “Foi a partir dessa experiência no ramo de formação profissionalizante que a atriz construiu a proposta de criar a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes”, rememora a gestora da Fundação.

Carreira

A vida da atriz conta com ineditismos desde a história de seu nascimento. Chegando ao mundo de “improviso”, como contam os relatos, a filha e neta de atores veio ao mundo em um entreposto da trupe de teatro errante de seus pais. Em uma turnê do grupo, ao ser negada a hospedagem à sua mãe que estava em trabalho de parto em hotel, todos os colegas mostraram empatia ao se recusarem a se hospedar no espaço. De acordo com Liana, o fato gerou uma comoção na cidade de Valença, no Rio de Janeiro, a ponto de uma casa ser emprestada à trupe, por uma figura notória da cidade, e toda a população se envolveu. Alguns moradores levaram móveis, outros lençóis, e foi dessa forma que Conchita de Moraes deu à luz.

A partir disso, Dulcina não deixou de causar impactos. Aos 17 anos de idade, estreou na companhia de Leopoldo Fróes, sendo aclamada por todos como grande promessa na área. O reconhecimento chegou em 1934, com a peça Amor de Oduvaldo Viana, influenciando para que, no ano seguinte, a artista formasse sua própria companhia ao lado do marido.

O auge de seu sucesso, contudo, veio dez anos depois, em 1945, quando Dulcina estrelou na peça Chuva. Indo sempre além do sonho, a criadora de uma das faculdades de artes mais renomadas do país foi uma artista que perpassou todo o século XX no teatro brasileiro. Sua luta pelos direitos dos artistas e pelo seu reconhecimento como profissionais merecedores de direitos foi marcado pela afirmação da sua sede do Teatro Dulcina, nessa mesma época, no centro do Rio de Janeiro. Ativo até hoje, o prédio é pertencente à Funarte.

Ícone e referência para todos os artistas, Liana afirma que foi graças à artista que o trabalho de atuação foi diferenciado da depreciação e regularizado na carteira de trabalho.

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