Mão de obra formada por estagiários e jovens que entram em empresas para se qualificar impactam em mais de R$ 15 bilhões o PIB brasileiro. Bolsas ajudam a girar a economia
Os programas de estágio e de aprendizagem profissional são responsáveis por injetar na economia até R$ 6,246 bilhões, com impacto de mais de R$ 15 bilhões no PIB. Foi o que constatou pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), divulgada ontem.
De acordo com o levantamento, no país, cerca de 498,3 mil jovens estagiavam em 2017, um número que cresceu 47,1% em relação a 2010 (339 mil estagiários). Desses, 292 mil recebem bolsa-auxílio. Outro dado divulgado pelo CIEE mostrou que 81% ajudaram a família em casa com os gastos enquanto trabalhavam.
João Pedro Franco, 23 anos, é estudante de comunicação e também estagiário. Ele disse que, com a bolsa-auxílio, começou a ajudar em casa com algumas contas. “Eu ajudo com coisas pequenas. Pago algumas contas mais baixas, contribuo para comprar leite, pão, produtos de limpeza e outras coisas que estejam faltando em casa. Além disso, tem os meus gastos pessoais com lazer, como restaurantes e eletrônicos,” explicou.
O crescimento do número de estagiários é um reflexo do aumento da procura. Atualmente, existem cerca de 3 milhões de pessoas na fila, esperando para serem chamadas para estágios. Para o presidente do CIEE, Humberto Casagrande, esses jovens são parcela importante tanto para a economia quanto para as empresas. “É importante que se crie políticas compensatórias e incentivadoras na área. Para o país, o estágio e a aprendizagem profissional são importantes para a geração de riqueza e de mão de obra qualificada. O que queremos mostrar é que, dentro das empresas, os jovens são uma fonte importante de recursos humanos e para a mudança de mentalidade,” frisou.
Aprendizes
Em 2017, cerca de 386 mil jovens entre 14 e 24 anos trabalhavam como aprendizes, sendo um quarto no comércio e um quinto no setor industrial. No entanto, médias e grandes empresas, que por lei precisam contratar, pelo menos, 5% de funcionários jovens aprendizes, não atingiram a meta em nenhuma unidade da Federação. Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro são responsáveis por quase metade dos aprendizes do país (47,6%). O Distrito Federal ocupa a 11º lugar no ranking, com 2,6%.
Para o professor da USP Hélio Zylberstajn, uma saída para atingir a meta seria a criação de políticas públicas. “Estamos sugerindo um programa de ‘crédito aprendiz’, baseado no de crédito de carbono. Queremos propor que as empresas que estão abaixo da cota de 5% prevista na lei paguem uma taxa àquelas que tem o número superior de aprendizes, para que funcione como crédito,” explica.