Escola Americana de Brasília encena peça com figurinos reciclados

Ao longo dos últimos anos, a instituição tem investido em projetos de reciclagem, visando também ensinar a importância da sustentabilidade

 

Estreia, nesta quarta-feira (06/11/2019), a produção de Les Femmes Savantes, uma versão do clássico de Molière, na Escola Americana de Brasília (EAB). Reproduzida milhares de vezes ao redor do mundo desde sua criação, em 1672, a comédia é dividida em cinco atos. No entanto, a EAB terá um diferencial: todo o figurino – incluindo as perucas de época – foi produzido com materiais recicláveis.

Uma das diretoras da peça e professora de teatro na escola, Kate Riley, ressalta a importância da atividade na rotina de aprendizado dos estudantes. “A peça foi apresentada em Paris, em 1672, e fazia uma sátira da aristocracia parisiense”, conta. “Molière estava fazendo graça de pessoas reais! Ele deu ao seu rival o nome de Trissotin e usou sua poesia ruim no espetáculo”, conclui. Trissotin (que significa três vezes idiota em francês) era apenas um exemplo dos nomes utilizados pelo autor para insultar seus rivais da época.

“Para acentuar a sátira, eu decidi botar a peça em um lixão e fazer com que todos os personagens se vistam com materiais descartados”, explica Kate, ao falar sobre suas inspirações. “Os estudantes fizeram todos os trajes. Coletamos lixo do campus e o que as pessoas trouxeram de casa”, lembra a professora. Ainda por cima, a diretora de arte do Teatro Goldoni e designer, Maria Carmen, e sua assistente, Darlana, orientaram os estudantes com as cores e montagem das peças.

Fiona Murphy, líder do departamento de arte na escola e professora de artes visuais, ajudou os estudantes com as perucas, que ficaram parecendo esculturas a serem usadas nas cabeças de cada personagem. Este tem sido um trabalho feito ao longo dos últimos três meses. “Esta peça virou uma atividade intra-curricular, envolvendo centenas de alunos e diversos departamentos trabalhando juntos para completar esse projeto único”, diz Murphy.

DIVULGAÇÃOFiona Murphy/Divulgação

Kate também cita o professor de inglês David Sweetman como outro colaborador da produção: “Ele ajudou os estudantes a entenderem o contexto da peça na história, para que eles não só soubessem suas falas, mas também compreendessem o porquê de terem sido escritas anos atrás”. Também colaboraram Ailish Corcoran, Ana Petrusca, Aroldo Lopes (designer de luz), Leo Pereira (assistente de luz), Lana Silveira (assistente de vestuário) e Maria Carmen de Souza (designer de set e vestuário).

A arte na educação

“A arte aumenta o pensamento crítico e oferece desafios aos estudantes de todos os níveis. Isso é especialmente importante para futuras gerações, pois temos que preparar estudantes visando empregos ainda inexistentes, exigindo deles capacidade inventiva e tomada de decisões arriscadas”, analisa Fiona Murphy,

Sustentabilidade

O Coordenador Ambiental da EAB, Roberto Miyamoto, entende que, ao longo dos últimos anos, a escola tem demonstrado uma preocupação maior com a questão da sustentabilidade e do meio ambiente. De acordo com ele, a instituição é uma das poucas do país a possuir um cargo de gestão voltado aos temas. “Com essa função, eu pude acompanhar o planejamento e execução [do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)]”, coloca.

Estamos expandindo o projeto de reciclagem na escola tentando abarcar cada tipo de material

ROBERTO MIYAMOTO, COORDENADOR AMBIENTAL DA ESCOLA AMERICANA DE BRASÍLIA

Miyamoto conta também que a escola virou um PEV (ponto de entrega voluntária), que inclui um contêiner na frente da escola onde estudantes são encorajados a trazerem papel, plástico e metal a serem reciclados. Ele revela que esse resíduo tem diversos destinos, como a reutilização na escola e venda na Capital Recicláveis: “Tornou-se uma fonte de renda”, comemora.

“Recentemente, fizemos um contrato com o Projeto Compostar, que ajuda com o lixo orgânico gerado pela cantina da escola. Ele é levado para uma composteira e transformado em adubo. E isso é um avanço absurdo, porque 50% do lixo que vai para o aterro sanitário é composto por resíduos orgânicos. Se Brasília solucionasse só essa parte, se livrava de metade do lixo no aterro”, torce o coordenador.

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