Deputados pedem, em caráter liminar, a revogação do reajuste de 10% em todas as tarifas. Novos valores entraram em vigor na segunda-feira
Uma ação popular protocolada nesta quarta-feira (15/01/2020) pede, em caráter liminar, a suspensão do reajuste de 10% nas tarifas de ônibus e metrô. Os novos valores entraram em vigor na última segunda-feira (13/01/2020). Quatro deputados são os autores do processo: Chico Vigilante (PT), Arlete Sampaio (PT), Fábio Felix (PSol) e Reginaldo Veras (PDT).
Eles consideram o aumento abusivo e alegam que os estudos do GDF são insuficientes para justificar a alta nos preços cobrados dos passageiros. O governo, em contrapartida, pontua que não houve reajuste nos últimos três anos, período em que houve majoração dos custos operacionais das empresas, como combustíveis, salários de funcionários e gratuidades do sistema.
Na ação, contudo, os argumentos do GDF são questionados. “A tarifa cobrada do usuário, de 2016 a 2017, já foi reajustada em até 75% para o contribuinte, ferindo, assim, inexoravelmente, o princípio da modicidade tarifária, já que o que se pretende é transferir para a população o ônus pela manutenção do sistema público de transporte do DF”, assinalam os deputados no documento.
Reunião
Ao mesmo tempo em que entraram com a ação, que será julgada pela 4ª Vara da Fazenda Pública do DF, deputados da oposição e membros da sociedade civil se reuniram, nesta quarta-feira, na Câmara Legislativa para debater soluções voltadas ao restabelecimento dos valores das passagens do transporte público.
No decorrer do encontro, o professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) Benny Schvarsberg denunciou que a ata que autorizou o aumento foi alterada e não houve a deliberação sobre o reajuste, como tem alegado o Poder Executivo.
“Durante a reunião, foi levantada a informação de que o governo pretendia aumentar as passagens, mas em momento algum o assunto foi deliberado. A ata liberada pelo governo é equivocada e foi adulterada. Precisamos judicializar essa informação. É um risco e um desvio de conduta”, frisou Schvarsberg.
Fundo
Na reunião, entidades, como o Movimento Passe Livre (MPL-DF), sugeriram a criação de um Fundo do Transporte Público, com o objetivo de bancar as diferenças nos custos das tarifas.
Durante as falas, Arlete Sampaio apresentou dados da inflação dos últimos anos e mostrou que o reajuste das tarifas técnicas para as empresas foi acima da inflação.
“Se as empresas, que recebem a passagem, repassassem para o Metrô-DF os valores referentes a esses bilhetes da integração, seríamos superavitários e teríamos recursos para investimentos”, ressaltou o sindicalista.
Um representante do MPL-DF sugeriu aumentar a arrecadação, cobrando novos tributos de veículos náuticos do Distrito Federal. Segundo o líder do movimento na capital, Paique Duques, o DF tem uma das maiores frotas de lanchas e barcos do país.
Já o estudante de ciências sociais da UnB João Marcelo Marques questionou a grande quantidade de renúncias de receita que o Governo do Distrito Federal permite. “Precisamos mudar o modelo de transporte, investindo mais na TCB, que é pública, e deixar de ser refém das empresas de ônibus do Distrito Federal”, sugeriu.