Do tradicional macarrão com tinta de lula ao inusitado hambúrguer com pão preto, casas de Brasília oferecem os pratos de visual marcante
Quanto mais colorido o prato, melhor. A recomendação clássica dos nutricionistas ganha fôlego se combinada com alguma comida preta: as cores quentes de um camarão com pimenta, por exemplo, se destacam contra uma massa tingida com tinta de lula. Para além da comida “gótica” – completamente preta, tendência que apareceu em 2017 para reagir à moda da temática de unicórnios –, a gastronomia conta com elementos tradicionais (e algumas novidades) na cor preta.
O macarrão com tinta de lula, por exemplo, faz parte do cardápio do restaurante Ticiana Werner. “A massa negra não foi criada pensando nesse público gótico”, brincou a chef que deu seu nome à casa. “É uma massa típica italiana, feita com nero di seppia. É um prato muito querido na gastronomia da Itália que eu acabei abrasileirando com o leite de coco, pimenta-malagueta e camarão”, explicou a cozinheira.
O corante natural não altera o sabor da massa, mas dá ao cozinheiro opções de empratamento coloridas. “Muita gente acha que a massa solta pigmento, mas isso não acontece. Se usar a tinta para um molho, por exemplo, aí mancha os lábios mesmo. Mas não acontece com o macarrão”, garante Ticiana. Outra opção para os chefs é o arroz negro: a variação do cereal é saborosa e também oferece a possibilidade de combinações de se comer com os olhos.
No Bla’s, uma opção é o Risoto Camarada (R$ 53): feito com arros piagui negro, leva camarões salteados na manteiga com vinho branco e tomates assados na brasaCarinne Souza/Prezz Comunicação
O Peixe do Bla’s (R$ 49) chega à mesa em formato de filé ao vinagrete de alho, acompanhado pelo arroz negro com tomates na brasa e escarola salteadaCarinne Souza/Prezz Comunicação
Na ocasião da inauguração da hamburgueria Dólar Furado, a casa chamou atenção por seu Darth Vader (R$ 33,90), um sanduíche completamente preto feito com brioche colorido com tinta de lula, 160 gramas de blend de filé-mignon com bacon em crosta de black rub, dark cheddar e cebola caramelizada no shoyu
O mesmo pão é usado no BatFurado, que apresenta contraste de cores com blend da casa de filé-mignon com bacon, recheado com cream cheese, maionese, tomate confit e queijo prato
O novo menu da Oca da Tribo conta com uma massa negra: o fetuccine com tinta de lula ao molho tailandês e lagostim e carré de cordeiro ao molho de tâmaras e cuscuz marroquino de castanhas (R$ 98)Divulgação
A pasta elaborada por Ticiana Werner é o tagliatelle negro com camarões (R$ 56,90), que leva molho de leite de coco, pimenta de cheiro e dedo de moça, tomilho, alho-poró, salsa e creme de leite Divulgação
Na Villa Tevere, o prato Paglia I Fieno dello chef (R$ 78,20) brinca com contrastes possíveis em duas cores de massa: com burrata fresca na pasta escura e tirinhas de filé-mignon ao molho da redução da carne, vinho e pesto de manjericão
Antioxidante
A onda da comida gótica gerou frisson em torno do carvão ativado, ingrediente usado da gastronomia aos rituais de beleza. Tradicionalmente, o insumo é feito de resíduos de bambu ou da casca de coco. O ingrediente não altera muito o gosto dos alimentos — no máximo, acrescenta um sabor levemente defumado.
Com a fama de ser rico em antioxidantes, o produto chama a atenção de quem está de olho na tendência. Na rede de sorveterias Brazilian Ice Cream, um dos carros-chefe é o sorvete de baunilha negra: se a fava dá o sabor à sobremesa, o carvão ativado dá a cor. “Se fizer um teste às cegas com o meu sorvete e um de baunilha tradicional, não dá para sentir a diferença”, promete Bruno Douglas Lopes, dono da empresa e mestre gelatière.
“Pensei nesse sabor porque estamos no meio de uma onda de comida saudável com carvão ativado, e escolhi a baunilha porque ela é um aguçador de sabor. Todo mundo fica curioso quando vê na vitrine, e tem um gosto ótimo. A criançada adora”, garante o empresário. Na casa, 100 gramas de qualquer sorvete custam R$ 8,90.