Brasil carece de profissionais capacitados em tecnologia

Necessidade vai na contramão do intenso uso de soluções tecnológicas no país, mas situação ainda pode mudar

 

A palavra tecnologia tem origem no grego e significa, etimologicamente, o estudo da técnica, ofício ou arte. É através do desenvolvimento tecnológico que podemos ter acesso a novos produtos, serviços e possibilidades em nosso dia a dia, o que inclusive potencializa a tendência da globalização.

É inegável que uma das maiores e melhores inovações tecnológicas da história é a internet, a qual, inclusive, é usada pela maioria da população do Brasil. Porém, em contrapartida, o número de profissionais aptos a atuar na área não é tão grande quanto poderia ser, o que resulta em mais vagas do que profissionais.

Vamos entender qual é a relação do brasileiro com a tecnologia e, em seguida, ver como essa é uma área que vale a pena estudar, dadas as possibilidades de ocupar uma boa posição no mercado, o que tende a melhorar com o passar do tempo.

O Brasil é um país tecnológico?

Sim, principalmente quando o assunto é conectividade, cujos resultados podem surpreender até mesmo bons entendedores do assunto.

De acordo com dados da 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), o Brasil tinha 230 milhões de smartphones em uso por volta do mês de abril de 2019.

O número já chama a atenção por si só, principalmente quando comparado com a população do país, estimado em 210,1 milhões, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feito em 1º de julho de 2019.

Isso significa que seria possível pegar todos os smartphones do país e dar um para cada brasileiro. Os pouco menos de 20 milhões restantes poderiam serem entregues para cada cidadão do Chile, nosso vizinho sul-americano que tem aproximadamente 19,1 milhões de habitantes.

Outro número interessante vem da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) 2017, também do IBGE, que afirmou que 69,8% da população maior de 10 anos (126,3 milhões) acessaram a internet ao menos uma vez nos três últimos meses antes do levantamento.

Além de ser um grande número, ele vem aumentando com o passar do tempo, já que esse número era de 116,1 milhões em 2016, ou seja, houve um crescimento de 8,78% em apenas um ano, o que é bem considerável.

Outra estatística interessante, trazida no “Panorama da Transformação Digital no Brasil”, feito pelo BrazilLAB em parceria com a Fundação Brava e o Center for Public Impact, é de que o país ocupa a terceira posição no ranking das pessoas de 16 a 64 anos que usam a internet por mais tempo.

São 9 horas diárias, o que coloca o país atrás apenas de Tailândia e Filipinas e à frente de muitos países inovadores, como Suíça, Países Baixos, Suécia, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Irlanda e Israel.

Porém, em meio a tantas estatísticas positivas no que tange à conectividade e ao uso da internet, um ponto oposto é o número de profissionais que atuam na área, que está aquém do que poderia ser.

Como é o mercado de tecnologia no Brasil?

Embora haja estatísticas que comprovam um bom crescimento na contratação de profissionais dessa área no país, ainda há um grande número de vagas que não foram ocupadas.

A empresa Empresômetro divulgou que o setor de tecnologia cresceu 118% em 10 anos, que compreendem o período de 2008 a 2018, o que deixa claro como ele se desenvolveu.

Porém, ainda no estudo feito pelo BrazilLAB que vimos anteriormente, estima-se que haverá 160 mil vagas não preenchidas na área de tecnologia no ano de 2019, indicador que também chama a atenção.

A IDC Brasil também trouxe dados próximos a este, que indicam que o déficit na ocupação de vagas do setor de tecnologia variou de 150 mil a 200 mil no ano de 2018. Isso é surpreendente quando se considera uma população de 12,2 milhões de desempregados, conforme divulgação do IBGE referente ao final do ano de 2018.

Um levantamento feito pela ManpowerGroup com mais de 37 mil empregadores de 42 países indicou que há dois fatores que podem ser responsáveis por esse número: a deficiência na formação básica (58,08%) e, especialmente, a falta de profissionais capacitados (83,23%).

Isso impede que a área de tecnologia apresente um crescimento maior, mesmo com um solo tão frutífero quanto no Brasil, em que o uso de recursos tecnológicos é bem intenso.

Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado no final de 2018, concluiu que 81% das empresas optam pela capacitação dos profissionais depois que eles são contratados, dada a escassez de talentos no mercado. A porcentagem ainda sobre para 87% entre as companhias de grande porte.

O que fazer para reverter esse quadro?

É possível mudar a situação mediante a capacitação dos profissionais e seu interesse em trabalhar em profissões que ainda não existem no mercado, ainda que isso possa soar contraditório.

De acordo com o estudo “Projetando 2030: uma visão dividida do futuro”, encomendado pela Dell Technologies, que contou com mais de 3.800 participantes, todos líderes de empresas de médio e grande porte de 17 países, inclusive o Brasil, 85% das profissões presentes em 2030 ainda não existem.

Isso fica evidente com o desenvolvimento acelerado da tecnologia, que criou a demanda por profissionais que atuem com Data Science, Big Data, Inteligência Artificial, Realidade Virtual, Realidade Aumentada,Machine Learning, entre outros.

O primeiro passo pode ser ingressar na área da tecnologia, por meio de cursos como Ciência da Computação, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Engenharia da Computação, Engenharia de Software e Sistemas de Informação, sempre prestados por instituições confiáveis e renomadas.

Depois disso, os interessados podem procurar por especializações em áreas mais específicas e que estejam de acordo com seus objetivos profissionais relacionados à tecnologia, o que fará com que eles tenham um perfil que chame a atenção dos recrutadores.

Pode parecer uma decisão estranha investir academicamente em áreas cujas profissões ainda não existem, mas a situação deixa de parecer tão absurda ao pensarmos que a internet, tão presente em nossa sociedade, chegou ao Brasil apenas em 1988.

Do aprendizado de máquinas à inteligência artificial, da ciência de dados ao RH digital, o Brasil é um grande amante da tecnologia, mas não há dúvidas que a presença de profissionais capacitados no mercado pode fazer com que isso aumente cada vez mais.

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