Bar Pôr do Sol é comprado por cliente, após ser anunciado em site de vendas

Novo dono deve assumir o comando em outubro. O bar é um dos pontos mais frequentados por universitários. Na publicação, o ponto foi anunciado por R$450 mil

 

Brasília é conhecida pelo céu e pelo pôr do Sol. No caso deste, a referência pode ser tanto ao fenômeno natural quanto ao bar na comercial da 408 Norte. Pela proximidade com a Universidade de Brasília (UnB), o estabelecimento virou um dos pontos mais frequentados por universitários e demais moradores da capital. Mas a noite também caiu sobre o Pôr do Sol — o bar — e quase pôs fim aos 21 anos de história do local. No começo do mês, ele foi colocado à venda na internet. Por sorte, um cliente, que não teve o nome divulgado, comprou o ponto. Assim, os brasilienses poderão continuar desfrutando dos dois pores do Sol.

Em um site de vendas, o ponto, que chega a reunir 2 mil pessoas nos dias de maior movimento (quintas e sextas-feira), foi anunciado por R$ 450 mil. Atual proprietário do estabelecimento, Alonso José, 45 anos, diz que o novo dono assume em outubro e se comprometeu a manter tudo como está — incluindo os funcionários. Alonso afirma que decidiu vender o bar para dedicar-se a outras atividades, uma vez que está no comércio há mais de duas décadas: “Tudo tem um começo e um fim”.

A notícia da venda do PDS — como o local é conhecido — entristeceu os frequentadores. Nas redes sociais, a postagem repercutiu em grupos universitários. Para os alunos, o bar reflete as histórias e vivências da graduação. Estudante de Química, Gabriel Santos, 21, conta que, apesar das outras opções de bares, frequenta apenas o Pôr do Sol desde o início do curso, em 2017. “Desde quando comecei a graduação meus amigos vêm para o bar. Acabou se tornando um local de encontro”, diz.

Para o aluno, a razão de o bar ser tão conhecido é o evento criado pelos estudantes para marcar o início e o final de cada semestre. “Como a referência do evento era ao nome do bar, acabou que o estabelecimento ganhou mais visibilidade”, pontua.

Já o assíduo cliente Mark Vilardi, 30, visita o estabelecimento pelo menos uma vez na semana. “Venho para me reunir com os amigos, passar o tempo de uma aula para a outra e estudar”. Ele considera o local uma marca de Brasília e gosta do ambiente arborizado e da localização. “Gosto mais ainda por ser de frente para a quadra e o preço da cerveja ser mais em conta do que o de estabelecimentos próximos”, conta.

 

Comerciante Eduardo Daniel, 47, diz que, se pudesse, compraria o PDS(foto: Thais Umbelino/Esp.CB)
Comerciante Eduardo Daniel, 47, diz que, se pudesse, compraria o PDS(foto: Thais Umbelino/Esp.CB)

Com mais de 20 anos vendendo amendoins na região, o comerciante Eduardo Daniel, 47 tem um público fiel no bar. Para ele se o PDS acabar o movimento cessa. “É um lugar tradicional em Brasília. Se eu pudesse, compraria o ponto”, brinca.

Ponto de encontro

O bar virou referência na Asa Norte. Mas em 1998, à época da inauguração, Alonso não imaginava tamanho sucesso. Ele credita o crescimento ao trabalho duro. “A pessoa tem que gostar de trabalhar com comércio. Meus pais foram comerciantes, mas nenhum dos meus filhos querem seguir essa linhagem”, afirma.

O nome do local, ele lembra, foi escolhido em homenagem ao céu de Brasília, celebrado pelos moradores da capital. “O pôr do Sol da cidade é marcante. Não imaginava que o estabelecimento também viraria um dos pontos conhecidos daqui”, diverte-se o comerciante.

Seja com ou sem pôr do Sol, o ambiente é de descontração. Para o estudante Tiago Leite, 28, o estabelecimento é um dos pontos turísticos da cidade. “A quadra possui outras opções de bares, mas ela é famosa por conta do Pôr do Sol. A loja compõe o complexo da 408 norte”, avalia.

O amazonense Tony Leão chegou na capital em 2013 para cursar Medicina na UnB e antes de começar o curso se familiarizou com a cidade a partir do PDS. “Brasília é uma cidade mais fria, com pessoas distantes e difíceis de entrosar. Por eu morar próximo ao bar, frequentava bastante o local. Lá eu não me sentia excluído. As pessoas me acolheram”, relembra.

Para Tony o bar também propicia um grande intercâmbio cultural. Integrante de uma banda de forró, ele já tocou algumas vezes no local e foi bem recebido: “Muitos artistas passam no estabelecimento. É um espaço além de bar, é um local de agregar”.

Nilton Sérgio, 26, estudante de Filosofia, acredita que o comércio é importante na memória dos estudantes. “Quando comecei o curso, em 2014, existia uma festa de início e fim de período. O PDS era uma identidade do local para os universitários”, diz. A notícia da venda o animou:”O serviço pode melhorar. É sempre boa a rotatividade”.

anúncios patrocinados
Anunciando...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.