No fechamento, as valorizações foram de 14,67% em Nova York (para US$ 62,90) e de 14,61% em Londres (US$ 69,02)
Depois dos ataques a instalações petrolíferas da Arábia Saudita, os preços do petróleo dispararam nessa segunda-feira (16/09/2019) no mercado global, chegando a subir quase 20% no meio do dia — a maior alta desde a Guerra do Golfo, em 1991. No fechamento, as valorizações foram de 14,67% em Nova York (para US$ 62,90) e de 14,61% em Londres (US$ 69,02). Apesar da alta na cotação do barril, a Petrobras, pelo menos no curto prazo, não vai mexer nos preços dos combustíveis no país.
O atentado do último sábado (14/09/2019) interrompeu a produção de 5,7 milhões de barris diários de petróleo, montante que representa metade do exportado pelos sauditas e 5% da produção diária no mundo.
O diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, expressou preocupações com o mercado em uma série de posts no Twitter. Ele chegou a classificar a questão como uma “espécie de 11 de setembro”, em referência ao ataque terrorista ocorrido em Nova York, há 18 anos.
Em busca de esclarecimentos sobre a situação do setor, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ligou para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. O executivo informou ao chefe do Executivo nacional que não haverá repasse imediato nos preços. “Conversei com o presidente da Petrobras e ele disse que, como é algo atípico, não deve mexer no preço do combustível”, explicou o mandatário da República ao Jornal da Record.
A estatal vai avaliar o comportamento do preço do petróleo nos próximos dias para, depois, decidir se vai revisar os preços dos combustíveis no Brasil, reforçaram fontes da companhia.
A preocupação de especialistas e investidores, porém, é de que a empresa seja usada, novamente, para atender às demandas do governo, como ocorreu no passado, para segurar a inflação. A companhia mantinha os preços dos combustíveis inalterados apesar das oscilações externas, o que gerou rombo no caixa da companhia.
Ganhos
Com a disparada do preço do petróleo, as ações ordinárias da petroleira subiram 4,52% e as preferenciais, 4,39%. O movimento fez a estatal ganhar R$ 16 bilhões em valor de mercado.
“Se essa alta [do petróleo] não for repassada, por causa da pressão dos caminhoneiros, a imagem da Petrobras pode ser afetada. Ou seja, a governança da petroleira está em jogo”, disse Luís Sales, analista da Guide Investimentos.
No primeiro semestre, Bolsonaro chegou a acionar o presidente da Petrobras para intervir na política de preços da companhia, prática que acabou sendo castigada por investidores.