Primeira observação foi feita por cientistas brasileiros, cerca de 24 horas antes de o corpo passar a 79 mil quilômetros da Terra. Batizado de 2019 OK, o corpo tem o tamanho de um campo de futebol
Um asteroide passou perto da Terra na última quinta-feira (25/7). Até aí não há nada de novo nem de muito preocupante. O problema com esse objeto, batizado de 2019 OK, é que, apesar de ser grande o bastante para destruir uma cidade inteira, passou totalmente despercebido por cientistas. Só quando ele estava praticamente nos arredores do nosso planeta que um observatório brasileiro o notou.
Por sorte, o corpo celeste passou “reto”, a 73 mil quilômetros do nosso planeta, uma distância cinco vezes menor da que separa a Terra e a Lua. Os responsáveis pela detecção foram astrônomos do Sonear, observatório localizado em Oliveira (MG). Segundo Cristóvão Jacques, sócio-diretor do centro de pesquisa, entre a Terra e a Lua, deve passar um asteroide por semana, em média. Muitos são captados com dois meses de antecedência, mas é comum que alguns só sejam percebidos quando já estão indo embora.
O que chama a atenção, contudo, é que o 2019 OK tem um tamanho considerável. “Os asteroides que passam, geralmente, medem 10m. E esse tinha aproximadamente o tamanho de um campo de futebol”, compara. A medida faz com que ele seja o maior corpo que se aproximou do Planeta Azul este ano.
Mas por que, então, ele não foi visto com antecedência? “Esse é um asteroide bem peculiar, porque ele veio de frente em relação à Terra. Com esse movimento, é mais difícil de se identificar. Nós fomos os primeiros, e o vimos 24 horas antes de ele passar por aqui”, acrescenta Jacques.
Rússia, 2013
Para José Leonardo Ferreira, professor do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB), a descoberta de um asteroide tão perto do momento de passagem é, sim, motivo de preocupação. Ele lembra o episódio de 2013, em que um asteoride caiu na cidade russa de Chelyabinsk. O objeto, ao se desintegrar, gerou uma explosão mais potente que a bomba de Hiroshima, danificou prédios e deixou mais de mil pessoas feridas, algumas com queimaduras. “E esse era um asteroide de 15m a 20m. Era pequeno”, ressalta.
As diferentes iniciativas de detecção de asteroides já conseguiram mapear cerca de 20 mil desses corpos próximo à Terra. Mas, com esses 20 mil, não há com o que se preocupar, garante Cristóvão Jacques. “Não há perigo de colisão. Nenhum tem risco de cair (na Terra)”, esclarece.
Os não conhecidos é que preocupam. E para nos protegermos deles, mais observatórios seriam necessários, defende Ferreira. “Boa parte das detecções são por acaso. Muitos astrônomos amadores ficam vasculhando o céu, e eles têm dado uma grande contribuição. Existem observatórios, mas a área de observação é imensa e eles estão mais concentrados no Hemisfério Norte. Essa busca não é balanceada”, explica. “É importante que se faça essa observação, porque um asteroide de 50 metros pode destruir uma cidade inteira. Porque não é só o tamanho que importa, mas a energia (que sua explosão libera)”, completa.
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