Após fim da greve no Metrô-DF, passageiros ainda enfrentam transtornos

Pelo segundo dia consecutivo, funcionários não abriram guichês e deixaram catracas livres. Resultado: filas e muitas queixas nas estações

 

Dois dias após os metroviários decretarem o fim da greve, os usuários ainda enfrentam transtornos para usar o sistema. A exemplo da quinta-feira (18/07/2019), na manhã desta sexta (19/07/2019), eles se depararam com guichês de cobrança vazios e catracas livres. Na Estação Ceilândia, apenas um servidor atendia aos passageiros. Resultado: fila grande para a compra dos bilhetes e muitas queixas.

“Parece que a greve nem acabou. Olha a fila. Durante a paralisação, havia mais funcionários trabalhando do que hoje. Um descaso completo”, disparou a doméstica Léia Medeiros, 50 anos. Na Estação Centro Metropolitano, na Via Elmo Serejo, também apenas um guichê está funcionando.

“É um absurdo isso. Depois de quase três meses em greve, quando volta a funcionar, só um caixa está trabalhando? Isso atrasa todo mundo”, disse a manicure Andreia Martins, 43. O pedreiro José Antônio Reis, 29, completou: “Olha a fila que se forma com apenas uma bilheteria funcionando. Para abrir só um caixa, é melhor que eles liberem as catracas como estão fazendo em outras estações”.

Uma funcionária do Metrô, que não quis se identificar, relatou que a fila de pessoas para comprar passagem na Estação Ceilândia estava grande desde as primeiras horas do dia. “Ontem (quinta-feira), foi do mesmo jeito. Com apenas um funcionário trabalhando, não liberaram o acesso aos usuários e também ficou bem cheio. A população precisa entender que nós não queremos prejudicar ninguém. Mas os funcionários estão lutando pelas garantias”, destacou.

Na Estação Praça do Relógio, dos quatro caixas, apenas dois estavam em funcionamento. As catracas foram liberadas, mas ainda assim alguns usuários passavam o cartão. Em Taguatinga Sul, os passageiros também não precisavam pagar para usar o sistema – nenhum guichê funcionava no local.

Mas por que a situação ainda segue como se a greve não tivesse acabado? Funcionários disseram que seguem orientação do sindicato da categoria, de não regularizar as atividades até que o Metrô se posicione sobre o não pagamento da quebra de caixa, cláusula que foi suspensa no acordo coletivo dos trabalhadores.

“Sem o acordo, a empresa indicou que suspenderia a quebra de caixa e também o vale-transporte dos metroviários. Nós mandamos carta ao Metrô e eles não responderam. Sendo assim, decidimos aguardar o posicionamento deles. A ideia é de que só retomem as atividades de caixa após a decisão da companhia. Não podemos aceitar que a diferença seja descontada do bolso dos empregados”, disse a diretora de Comunicação do Sindicato dos Metroviários, Renata Campos, na quinta-feira (18/07/2019).

Após 77 dias de paralisação, os servidores suspenderam a paralisação na noite de quarta-feira (17/07/2019). Mas, na quinta, 13 das 24 estações da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) ficaram com catracas abertas. Segundo a direção da estatal, o motivo foi a falta de funcionários – o que pode acarretar punição.

“Alguns empregados seguiram a orientação do SindMetrô e não abriram o caixa das bilheterias. Eles alegaram que, por não haver no acordo coletivo de trabalho a quebra de caixa (diferença paga pela empresa se faltar alguma quantia), não iriam se responsabilizar com eventual diferença nos valores arrecadados até que o Metrô-DF se pronuncie a respeito dessa situação”, destacou a empresa, em nota.

Até a última terça-feira (16/072019), pelas contas da estatal, o erário deixou de arrecadar R$ 9.120.372,17 por causa do movimento paredista. Cerca de 1.750.000 passageiros deixaram de ser transportados, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

O governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou o corte de ponto dos grevistas e a restituição dos dias parados. “É bom que fique claro: greve com pagamento de salário é férias remuneradas, e isso eu não admito”, pontuou o emedebista na terça-feira (16/07/2019).

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