O músico João Jorge Cintra, 30, chegou à Estação Ceilândia por volta das 8h30 e precisaria descer na Estação 112 às 9h. “Pelo andamento da fila, certamente vou chegar ao meu compromisso atrasado. Já passaram dois trens desde que cheguei aqui e ainda não embarquei porque não consegui comprar o bilhete”, lamentou.
Uma funcionária do Metrô, que não quis se identificar, relatou que a fila de pessoas para comprar passagem na Estação Ceilândia estava grande desde as primeiras horas do dia. “Ontem (quinta-feira), foi do mesmo jeito. Com apenas um funcionário trabalhando, não liberaram o acesso aos usuários e também ficou bem cheio. A população precisa entender que nós não queremos prejudicar ninguém. Mas os funcionários estão lutando pelas garantias”, destacou.
Na Estação Praça do Relógio, dos quatro caixas, apenas dois estavam em funcionamento. As catracas foram liberadas, mas ainda assim alguns usuários passavam o cartão. Em Taguatinga Sul, os passageiros também não precisavam pagar para usar o sistema – nenhum guichê funcionava no local.
Mas por que a situação ainda segue como se a greve não tivesse acabado? Funcionários disseram que seguem orientação do sindicato da categoria, de não regularizar as atividades até que o Metrô se posicione sobre o não pagamento da quebra de caixa, cláusula que foi suspensa no acordo coletivo dos trabalhadores.
“Sem o acordo, a empresa indicou que suspenderia a quebra de caixa e também o vale-transporte dos metroviários. Nós mandamos carta ao Metrô e eles não responderam. Sendo assim, decidimos aguardar o posicionamento deles. A ideia é de que só retomem as atividades de caixa após a decisão da companhia. Não podemos aceitar que a diferença seja descontada do bolso dos empregados”, disse a diretora de Comunicação do Sindicato dos Metroviários, Renata Campos, na quinta-feira (18/07/2019).
Após 77 dias de paralisação, os servidores suspenderam a paralisação na noite de quarta-feira (17/07/2019). Mas, na quinta, 13 das 24 estações da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) ficaram com catracas abertas. Segundo a direção da estatal, o motivo foi a falta de funcionários – o que pode acarretar punição.
“Alguns empregados seguiram a orientação do SindMetrô e não abriram o caixa das bilheterias. Eles alegaram que, por não haver no acordo coletivo de trabalho a quebra de caixa (diferença paga pela empresa se faltar alguma quantia), não iriam se responsabilizar com eventual diferença nos valores arrecadados até que o Metrô-DF se pronuncie a respeito dessa situação”, destacou a empresa, em nota.
A direção do Metrô informou, na mesma nota, que tomará medidas cabíveis em relação aos empregados que se recusaram a cumprir sua carga horária nessa quinta (18/07/2019), inclusive quanto aos prejuízos causados ao erário. Segundo a estatal, apesar de todos os 24 trens terem sido colocados em circulação, os veículos não entraram em funcionamento no horário. Os motivos são apurados. De acordo com o Metrô, todos os trens deveriam estar nos trilhos a partir das 6h. Mas o vigésimo quarto só passou a rodar às 7h30.
Até a última terça-feira (16/072019), pelas contas da estatal, o erário deixou de arrecadar R$ 9.120.372,17 por causa do movimento paredista. Cerca de 1.750.000 passageiros deixaram de ser transportados, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou o corte de ponto dos grevistas e a restituição dos dias parados. “É bom que fique claro: greve com pagamento de salário é férias remuneradas, e isso eu não admito”, pontuou o emedebista na terça-feira (16/07/2019).