Após fila gigantesca, GDF promete mais mutirões para colocação do DIU

Quem não conseguiu marcar a colocação do dispositivo poderá fazê-lo na UBS ao longo do ano

 

 

Cerca de 1,5 mil mulheres fizeram fila no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), na Asa Sul, para marcar a colocação de Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre na manhã de ontem. A unidade de saúde anunciou a ação na última sexta-feira e esperava atender 300 pacientes. A procura, no entanto, foi quatro vezes maior. Do total, apenas 450 conseguiram sair de lá com o procedimento marcado. A direção do hospital assegurou que as demais serão acolhidas e passarão por avaliação ao longo do ano.
O início da triagem estava marcado para as 7h, mas muitas mulheres chegaram durante a madrugada para garantir o atendimento. A estudante de direito Ohana Rodrigues, 22 anos, decidiu sair cedo de casa, em Taguatinga, para evitar fila. Quando chegou ao Hmib, às 6h, surpreendeu-se. Encontrou mais de 500 aguardando a chamada. “Eu peguei a senha 525. Não imaginei que estivesse tão cheio assim. Deixei o meu nome na lista, passei por uma palestra e estou saindo sem ter nada marcado, mas vamos ver como vai ser”, disse.

A dona de casa Renata Madureira, 37, também pensou que encontraria uma espera menor, mas não quis desistir. Ela é mãe de dois filhos, uma menina de 14 anos e um bebê de 9 meses. Assim que o mais novo nasceu, ela sofreu de depressão pós-parto, e a indicação médica foi de que colocasse o DIU antes de decidir fazer a laqueadura (leia O DIU). “Passei por um momento muito difícil da minha vida e hoje (ontem) vim tentar amenizar, para evitar uma nova gravidez, já que não posso tomar pílula”, contou.
A estudante de sociologia Milena Batista, 21, mãe de um bebê de 1 ano e seis meses, procurou o tratamento para colocar o DIU na rede privada, mas, pelo custo, foi até o Hmib ontem — o procedimento de colocação do DIU, na rede privada, pode chegar a R$ 2 mil. “Para evitar riscos de nova gravidez, vou insistir aqui”, afirmou. Ela foi à unidade de saúde com duas amigas, Bruna Gomes, 21, e Suêde Cristina, 18. “Eu insisti para que ela viesse porque acho importante cuidar da saúde e não tomar anticoncepcional, que é bastante agressivo”, ressaltou o namorado de Suêde, o militar Jonnathan Hoth, 22.
A estudante de direito Raiza Innocencio, 22, acredita que a iniciativa é importante porque a gravidez indesejada tira as mulheres do mercado de trabalho e pode gerar até violência doméstica. “Muitas mulheres não conseguem sair de um relacionamento abusivo por causa disso. Acho que as campanhas de conscientização da saúde da mulher e dos métodos contraceptivos deveriam ser mais fortes nas escolas. Essas ações podem diminuir até feminicídio”, argumentou.

Acolhimento

Em nota enviada pela Secretaria de Saúde, a direção do Hmib assegurou que quem não conseguiu agendar o procedimento na unidade de saúde pode esperar realocamento para a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de casa, ao longo do ano. Além disso, o hospital tem planos de fazer outras ações como a de ontem.
A iniciativa faz parte de uma ação pontual do Hmib para o planejamento reprodutivo e familiar, no sentido de divulgar e orientar as mulheres sobre todos os métodos contraceptivos. A chefe da Unidade de Ginecologia e Obstetrícia do Hmib, Andréia Araújo, ressalta que o acolhimento e a orientação sobre os métodos contraceptivos, incluindo a colocação do dispositivo, são feitos nas Unidades Básicas de Saúde de todo o DF. “É importante que as mulheres do DF saibam que não é necessário se deslocar até aqui para garantir um DIU. Elas têm esse serviço disponível perto de casa”, explicou Andréia.

O DIU

O SUS disponibiliza, gratuitamente, nove tipos de métodos contraceptivos para a população. Entre eles está o Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre, oferecido em todas as maternidades brasileiras. Confira detalhes do método, segundo o Manual de Planejamento Familiar da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2007:
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