A poluição do ar mata 50 mil pessoas por ano no Brasil, diz estudo do WRI Brasil

Downtown Los Angeles covered in a layer of smog.

A falta de um cronograma de redução dos poluentes e de políticas públicas de controle da poluição e fragilidades jurídicas contribuem para mortes de milhares de brasileiros, segundo estudo O estado da qualidade do ar no Brasil.

Estudo recém lançado sobre a qualidade do ar no país traz dados preocupantes. Segundo o trabalho O Estado da Qualidade do Ar no Brasil, coordenado pelo WRI Brasil e lançado nesta quarta-feira (20/1), o país possui uma política nacional de controle da poluição do ar que não é implementada, tem fragilidades jurídicas e não conta com um cronograma claro de redução dos poluentes, o que leva à morte mais de 50 mil brasileiros por ano. O WRI Brasil faz parte do World Resources Institute (WRI).

Como grande parte da base normativa que sustenta o Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar (Pronar) é infralegal, em resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente, há ainda o risco de retrocesso, segundo a  organização. “A pandemia da covid-19 poderá ser interrompida com a vacina, mas a poluição do ar continuará matando se nada for feito. Estamos falando de um problema sistêmico, profundo e extremamente letal, para o qual a vacina são políticas públicas adequadas”, alerta Carolina Genin, diretora do programa de Clima do WRI Brasil.

Má qualidade do ar

A má qualidade do ar foi apontada como o segundo maior perigo ambiental global à vida humana, perdendo apenas para a covid-19, e voltará ao topo do ranking quando o vírus for combatido. “Para piorar ainda mais este cenário, estudos correlacionam o ar tóxico como um fator de agravamento da covid-19 e de sua letalidade”, explica Evangelina Vormittag, diretora executiva do Instituto Saúde e Sustentabilidade, médica e representante da Coalizão Respirar, uma das autoras do estudo.

O trabalho privilegiou fontes nacionais, evidenciando um relevante acúmulo de produção científica na área, em especial na interface com a saúde.  “Apesar disso, o setor de saúde é notoriamente ausente da governança da gestão da qualidade do ar em nível nacional. O combate à poluição do ar é transdisciplinar, deve ter a gestão compartilhada”, ressalta Evangelina.

No Brasil, a poluição do ar é tratada como um problema ambiental, ignorando seus impactos na saúde pública e na economia. Em apenas seis regiões metropolitanas brasileiras, onde vivem 23% da população total do país, matará quase 128 mil pessoas entre 2018 e 2025. É como se Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, fosse riscada do mapa em sete anos. Sem esse contingente de pessoas, as perdas de produtividade seriam da ordem de R$ 51,5 bilhões. Mas não se trata apenas de mortes: serão quase 70 mil internações públicas que custarão quase R$ 130 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Índices de poluição

Segundo o estudo, os índices de qualidade do ar estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) não são atendidos na maioria das grandes cidades brasileiras, e não existem penalidades se a legislação não é cumprida pelos órgãos competentes. “Há uma grande lacuna entre as responsabilidades estabelecidas pelo Pronar e a implementação de ferramentas em nível estadual. Embora o programa nacional exija a implementação de uma série de ferramentas e políticas em nível estadual, estas não se traduzem em realidade”, informa a pesquisa.

Segundo levantamento da OMS, mais de 90% da população mundial não respira ar de qualidade aceitável e está exposta a riscos diários, resultando em 7 milhões de mortes anuais, ou cerca de 11,6% de todas os óbitos no planeta. Desse total, 600 mil são crianças. Esses números são 15 vezes maiores do que o número de mortes causadas por guerras e outras formas de violência.

O Brasil não dispõe de inventários nacionais completos e atualizados das emissões de poluentes atmosféricos pelas diferentes fontes. Porém, a compilação de dados aponta que as principais fontes de poluentes atmosféricos são o setor de transportes, os processos industriais e queima de biomassa, como incêndios florestais (foto), com poluentes que viajam de norte a sul do país pelas correntes de ar.

 

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