Há uma Lava Jato aí, e outros perigos além dela. Há o camburão “da Federal”, a cadeia, os milhões a serem gastos com advogados
Não há nenhum grupo social no Brasil de hoje que esteja sofrendo tanto quanto os ladrões de dinheiro público. Claro: o verbo “sofrer”, aí, está sendo usado em sentido figurado, porque a vida com tornozeleira, ou a possibilidade de que a qualquer momento lhe ponham uma, é ainda muito melhor do que a do pobre diabo que trabalha feito um burro de carga, debaixo de sol ou chuva, ganha uma miséria e tem como principal objetivo chegar vivo ao fim de cada dia.
Mas o fato é que ser corrupto, no Brasil, sempre foi uma maravilha como opção existencial — era roubar e correr para o abraço. Hoje não é mais. Hoje está difícil, senão impossível, ter uma boa conversa num ministério, ou em lugares ainda mais altos, para acertar, digamos uma refinaria, uma hidrelétrica, um porto em Cuba ou um aeroporto em Moçambique.
Sondas para a Petrobras? Esquece. Há uma Lava Jato aí, e outros perigos além dela. Há o camburão “da Federal”, a cadeia, os milhões a serem gastos com advogados. O banco da Suíça e outros esconderijos antes seguros entregam o número da sua conta, hoje em dia, para o primeiro procurador que lhes passar na frente.
Gastar é quase impossível: o vendedor quer receber em cheque, tudo direitinho, porque também não está a fim de confusão. Enfim, se continuar nesse tom, é capaz até de político ladrão acabar virando honesto.