Votação é feita de forma indireta, por isso, não importa porcentagem de votos e sim a quantidade de delegados de cada estado
As eleições nos Estados Unidos terminaram nessa terça-feira (5), e a contagem dos votos vai revelar se a democrata Kamala Harris ou o republicano Donald Trump vai ocupar a Casa Branca. O vencedor deve assumir o posto em janeiro de 2025. Ao contrário do Brasil, nos Estados Unidos não necessariamente o candidato mais votado é eleito.
No país norte-americano, o pleito ocorre de forma indireta. Nesse caso, o voto dos americanos não vai diretamente para Harris ou Trump, mas para os delegados de cada estado. Esses representantes formam o Colégio Eleitoral.
Ao todo são 538 delegados em 50 estados. A quantidade de delegados é proporcional ao tamanho da população local. As quatro regiões com o maior número de delegados são a Califórnia, com 54, o Texas, com 40, a Flórida, com 30, e Nova York, com 28.
Quem vence, nem sempre ganha
O país tem uma política chamada “the winner takes all”, ou “o vencedor leva tudo” em português, em que o mais votado em um estado leva todos os delegados. Por exemplo, se um candidato ganha em um estado com 51% dos votos, ele leva todos os delegados.
Quem tiver mais delegados acumulados vence a disputa. Para ganhar, o candidato precisa ter, ao menos, 270 delegados. Por isso, nem sempre a pessoa com mais votos será a vencedora. Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Geórgia, Carolina do Norte, Arizona e Nevada são chamados de estados-pêndulos, já que são os que mais variam entre democratas e republicanos, ou seja, podem definir as eleições.
O candidato Donald Trump venceu as eleições em 2016 a partir dessa política. Apesar de ter conseguido quase 3 milhões de votos a menos que sua rival Hillary Clinton, ele se tornou presidente por ter conseguido 276 delegados.
Quase todos os estados são adeptos a esse estilo de contagem de votos, exceto Nebraska e Maine, que têm cinco e quatro delegados, respectivamente.
Veja quantos delegados têm cada estado
- Califórnia – 54
- Texas – 40
- Flórida – 30
- Nova York – 28
- Illinois – 19
- Pensilvânia – 19
- Ohio – 17
- Carolina do Norte – 16
- Geórgia – 16
- Michigan – 15
- Nova Jersey – 14
- Virgínia – 13
- Washington – 12
- Arizona – 11
- Indiana – 11
- Massachusetts – 11
- Tennessee – 11
- Colorado – 10
- Maryland – 10
- Minnesota – 10
- Missouri – 10
- Wisconsin – 10
- Alabama – 9
- Carolina do Sul – 9
- Kentucky – 8
- Luisiana – 8
- Oregon – 8
- Connecticut – 7
- Oklahoma – 7
- Arkansas – 6
- Iowa – 6
- Kansas – 6
- Mississippi – 6
- Nevada – 6
- Utah – 6
- Nebraska – 5
- Novo México – 5
- Hawaii – 4
- Idaho – 4
- Nova Hampshire – 4
- Maine – 4
- Montana – 4
- Rhode Island – 4
- Virgínia Ocidental – 4
- Alaska – 3
- Dakota do Norte – 3
- Delaware – 3
- Distrito de Colúmbia – 3
- Vermont – 3
- Wyoming – 3
E se tiver empate?
As eleições dos EUA foram arquitetadas para serem resolvidas em apenas um turno. Entretanto, existe a possibilidade de haver empate. Nesse caso, a constituição do país não prevê um segundo turno, mas um formato diferente, no qual seria realizada uma eleição restrita entre os integrantes da recém-empossada Câmara dos Deputados para a escolha do presidente. Já o Senado seria responsável pela seleção do vice-presidente.
Esse processo foi estabelecido pela 12ª emenda da Constituição dos Estados Unidos, criada quatro anos após o erro nas Eleições de 1800, em que os votos para presidente e vice-presidente foram contabilizados em conjunto, o que levou Thomas Jefferson e Aaron Burr ao empate.
Contagem de votos
A apuração dos votos é demorada e depende de diversos fatores. Como o voto pode ser feito pelos correios, online ou nas urnas, a contagem pode sofrer atrasos por ter diferentes vias para apurar. Além disso, cada um dos estados da federação tem regras específicas para apurar os números. Com isso, o resultado oficial dificilmente é divulgado no dia das eleições, como no Brasil.
O vencedor é anunciado por estado e, a partir disso, o congresso americano conta os votos somente em janeiro para ter uma declaração oficial de quem ocupará a Casa Branca. Apesar disso, os jornais conseguem antecipar os resultados a partir do ritmo das contagens estaduais.
No Brasil, a apuração é feita de forma mais rápida por ter um órgão centralizador, que é o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Os Estados Unidos não têm esse tipo de autoridade no corpo político do país. Além disso, os cidadãos brasileiros escolhem diretamente o candidato que querem para a presidência, o que reduz uma etapa na contagem em relação ao processo eleitoral dos EUA.