Jornal Times Brasília

O PLANO PILOTO vai pagar pelo Estacionamento público

Estacionamento pago em debate. Proposta apresentada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) prevê cobrança pelo uso rotativo de áreas centrais, com valores que vão de R$ 2 a R$ 5, para carros.

 

Lideranças comunitárias criticam projeto, principalmente pela deficiência do transporte público

A polêmica proposta do Governo do Distrito Federal de cobrar por estacionamentos do Plano Piloto será discutida hoje em audiência pública conduzida pela Secretaria de Transporte e Mobilidade. O Executivo local defende que a mudança para o modelo rotativo e pago é fundamental para incentivar o uso do sistema coletivo e para facilitar o fluxo nessas regiões. Lideranças comunitárias, no entanto, avaliam negativamente a proposição, que precisará, por fim, ter aval da Câmara Legislativa e do Tribunal de Contas do DF. A gestão será da iniciativa privada.

O projeto apresentado pelo governo dividiu os estacionamentos em quatro grupos. Foram batizadas de Ipê Amarelo as áreas onde há majoritariamente comércios, residências e imóveis de uso misto nas asas Sul e Norte, Sudoeste, Setor de Indústrias Gráficas (SIG) e Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). O custo previsto é de R$ 2 por hora para carros, com período máximo de 2 horas. O valor é o mesmo para o Eixo Monumental (Ipê Rosa, com permanência máxima de 12 horas) e para os bolsões próximos a estações de transporte público (Ipê Branco, sem limite de tempo). Motos pagam R$ 1 nos setores Ipê Amarelo e Rosa e são isentas no Ipê Branco.

O valor mais alto ficará para o grupo chamado de Ipê Roxo, no qual estão inseridos os setores — nas regiões Norte e Sul — bancários, comerciais, hoteleiros, de rádio e televisão, de autarquias e médico hospitalar. Carros pagarão, se a iniciativa do GDF prosperar, R$ 5 e motos, R$ 2,50. O limite de permanência é de 5 horas. Com a cobrança em áreas residenciais, cada morador terá direito a uma vaga gratuita.

O secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Valter Casimiro, explica que a intenção é reduzir a quantidade de veículos em circulação. “O Zona Verde é um projeto para poder valorizar e incentivar o transporte público. Além disso, a gente sabe que há grande fluxo de veículos das satélites para o Plano Piloto. Esses automóveis ocupam muitas vagas e quem precisa fazer qualquer utilização naquelas regiões, como nos órgãos públicos, acaba não conseguindo. Com isso, você gera rotatividade”, afirma.

Valter assegura que o governo não focará apenas nessas ações para incentivar o uso do transporte público. “Quando você coloca essas pessoas no transporte, diminui engarrafamento, desafoga. Mas há outras ações, sim. É preciso melhorar o sistema; por isso, estamos fazendo a concessão para dobrar o metrô e projetos para aumentar a oferta de ônibus”, acrescentou. Além disso, o secretário justificou a cobrança nas áreas residenciais: “Se não colocássemos nenhum tipo de cobrança, as pessoas poderiam sair das áreas comerciais e ir para lá, prejudicando os moradores. O limite de morador é porque o número de vagas é menor do que o de apartamentos. Se você abre a quantidade, alguém vai ficar sem, mas tudo isso pode ser debatido”.

Mobilização: Lideranças de moradores do Plano Piloto mobilizam-se contra a proposta. O presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul, José Daldegan, avalia que o projeto é falho pela deficiência do sistema de transporte coletivo do DF. “Nós não temos sistema de transporte suficientemente amplo e matriciais. Você, fatalmente, é obrigado a ter carro em muitos casos. Antes de exigir restrição ao transporte individual, o governo deveria investir em um sistema amplo, moderno e matricial de transporte coletivo”, argumentou.

Segundo ele, foram compartilhados com moradores de todas as regiões impactadas as formas de participar da audiência pública presencial de hoje e de registrar reclamações.

A consulta ocorrerá às 10h no auditório do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), mas sugestões podem ser enviadas até as 12h pelo endereço eletrônico consultazonaverde@semob.df.gov.br.

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