Senador Marcos Pontes rebate Bolsonaro, que tentou fazê-lo desistir de disputar a Presidência da Casa, e fala em “arrogância”. Ex-presidente fechou acordo para o PL votar em Davi Alcolumbre
O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) deixou claro, ontem, que manterá sua candidatura à Presidência do Senado, apesar do acordo fechado por Jair Bolsonaro para que o PL apoie a candidatura de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). O ex-presidente tentou demover seu ex-ministro da Ciência e Tecnologia a desistir da empreitada, mas, por ora, não obteve sucesso. Para piorar, os dois trocaram farpas pelas redes sociais.
Ontem foi a vez de Pontes responder a Bolsonaro. Segundo o senador, “pessoas arrogantes acham que já sabem de tudo, que são melhores que os outros, desprezam opiniões e ignoram sentimentos” — disse, em vídeo publicado ontem no X (antigo Twitter). A reação foi um dia depois de Bolsonaro dizer que era “lamentável” a pré-candidatura de Pontes à sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Eu elegi você em São Paulo. Deixei de lado lá o meu amigo Marco Feliciano (deputado federal pelo PL paulista), com uma dor no coração enorme. Deixei de lado o Marco Feliciano para te apoiar ao Senado e esse é o pagamento?”, questionou o ex-presidente, em uma entrevista ao canal AuriVerde, no YouTube.
O ex-presidente continuou no ataque contra seu ex-ministro da Ciência e Tecnologia. “A única forma de nós sermos algo dentro do Senado e não sermos zumbis como somos hoje é não tendo um candidato. Se não conseguimos ganhar com o Rogério Marinho (PL-RN), que é um baita articulador, não vai ser com você agora. Marcos Pontes, que está disputando a presidência, boa sorte a você. Mas lamento você estar nessa situação, porque você sabe que não tem como ganhar. O voto é secreto e se nós embarcarmos na sua candidatura, que eu acho muito melhor que outras aí, nós vamos ficar sem comissões”, completou Bolsonaro.
A decisão de Pontes também contrariou o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP e ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro. Também pelo X, criticou a posição do ex-colega de ministério. “Presidente Jair Bolsonaro, pare de se preocupar com coisa inútil. Esse astronauta só é o que é graças ao senhor. E está só mostrando o tamanho da ingratidão e da traição. Se for candidato, vai ter o mesmo número de votos que teria se fosse de foguete sozinho para a lua: só o dele!”, atacou.
Lugar na Mesa
Na última eleição para a Presidência do Senado, o PL lançou Rogério Marinho (PL-RN), derrotado por Pacheco. Isso custou ao partido ficar de fora de todos os cargos na Mesa Diretora. Agora, com o respaldo à candidatura de Alcolumbre, a expectativa é de que a legenda indique um nome à vice-presidência da Casa.
Para a nova futura gestão no Senado, a expectativa do PL é de que pautas caras ao bolsonarismo avancem — como os pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que está à frente de investigações que envolvem o ex-presidente. A oposição também pretende acelerar o projeto para anistiar os condenados pela tentativa de golpe de Estado em de 8 de janeiro de 2023 — e está especialmente empolgada com o decreto assinado segunda-feira pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, que liberou os invasores do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, das penas a que foram condenados pela Justiça norte-americana.