Licença-prêmio: distritais aguardam detalhes do projeto para decidir voto

Proposta do Executivo local para acabar com o benefício sofre resistência de parte dos parlamentares. Dezesseis dos 24 deputados, segundo levantamento do Correio, aguardam detalhes sobre o projeto a ser apreciado na Câmara Legislativa

O GDF precisará de planejamento e articulação para aprovar na Câmara Legislativa a proposta que põe fim às licenças-prêmio para funcionários da capital. Tema polêmico e de repercussão entre servidores públicos — base eleitoral de vários parlamentares da Casa —, a mudança não conta com apoio imediato dos distritais. 16 dos 24 deputados declararam não ter posição fechada sobre a iniciativa. Eles aguardam a chegada de mais detalhes sobre a proposição para se decidir.Continua depois da publicidade

Um dos argumentos do Executivo local para acabar com a licença é de que o corte traria economia para os cofres do DF, que enfrenta dificuldades financeiras. Além disso, somente o Distrito Federal e o Acre contam com esse tipo de benefício atualmente. Na capital do país, os servidores têm direito, a cada cinco anos de trabalho efetivo, de se afastar, com remuneração garantida, por três meses. Caso a pausa não seja tirada durante o período de atividade, os valores são convertidos em pecúnia, paga após a aposentadoria.

O projeto do GDF prevê a conversão da licença-prêmio em licença-capacitação, como ocorre em âmbito federal. Nesse caso, o profissional teria direito a deixar temporariamente o trabalho para realizar cursos. Com isso, a pecúnia seria extinta. No ano passado, foram empenhados R$ 147 milhões para licença-prêmio. Estima-se que a dívida atual do GDF com o benefício seja de R$ 500 milhões. Para sanar as pendências, será elaborado um programa de parcelamento dos débitos referentes a 2017 e 2018.

Não é a primeira vez que um projeto que propõe a extinção da licença-prêmio chega à Câmara Legislativa. Os ex-governadores Rodrigo Rollemberg (PSB) e José Roberto Arruda (PR) tentaram promover a mudança, mas a resistência dos servidores barrou a alteração. No caso de Arruda, nem mesmo base numerosa e fiel garantiu resultado positivo.Em meio à polêmica, o governador Ibaneis Rocha (MDB) disse não ter medo do ônus da proposta. “Estamos apenas nos ajustando à legislação federal e trazendo mais responsabilidade fiscal para o DF. O nosso plano é arrumar os problemas da cidade. Não tenho preocupação com a próxima eleição. Tenho preocupação com o que vai acontecer na vida da população”, argumentou.

Debate

A aposta entre os parlamentares é de que, desta vez, não será diferente. Entre a posição do governo e a reclamação dos servidores, a discussão deve gerar tensão e embates na Casa. Apesar de não ter uma definição, Hermeto (MDB) defende que a proposta seja construída de maneira que não prejudique o funcionalismo. “Sou da base, vou dialogar e analisar o projeto, mas tenho de pensar isso como servidor público que sou.  De fato, o país está atravessando um momento crítico, mas o servidor público sempre é penalizado. Temos de levar isso em conta”, avaliou.

Alguns distritais avaliam que a responsabilidade pelo alto valor da conta é do GDF. “Muitos servidores não gozam do benefício antes da aposentadoria porque o Estado não permite. Os professores, por exemplo, não o fazem, pois não há substitutos. Uma possibilidade é emendar o projeto para que o governo seja obrigado a liberar os profissionais quando cumprido o prazo”, sugeriu Chico Vigilante (PT).

Na contramão dos indecisos, quatro deputados defendem abertamente a proposição — Cláudio Abrantes (PDT), líder do governo na Câmara Legislativa; Júlia Lucy (Novo); Reginaldo Sardinha (Avante); e Rodrigo Delmasso (PRB). Na visão da deputada do Novo, a mudança é importante para modernizar a legislação a respeito do tema na capital. “No ano passado, o DF desembolsou quase R$ 148 milhões com isso. Brasília é um dos únicos locais em que ainda existe a licença-prêmio”, alegou.

Direito

Cláudio Abrantes engrossou o coro. “Hoje, há pouca prática. O servidor não consegue retirar os dias a que tem direito, e o aposentado não recebe a pecúnia, porque o Estado está endividado. Quem tem o direito garantido não vai perdê-lo. A ideia é apenas alinhar os parâmetros para os servidores que entrarão no serviço público após a sanção da lei”, pontuou.Iolando (PSC) e Jorge Vianna (Podemos) posicionaram-se contra os planos do governo. “É uma das poucas vantagens do servidor da capital em relação aos demais. O funcionalismo não pode mais ser penalizado”, disse Vianna, ex-presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (Sindate). Robério Negreiros (PSD) está de licença-médica, e o presidente da Casa, Rafael Prudente (MDB), não retornou os contatos da reportagem.

Detalhe

R$ 500 milhões: Dívida estimada do DF com pecúnias.
R$ 147 milhões: Valor empenhado pelo GDF para licença-prêmio em 2018.
16: Deputados que não se definiram sobre a extinção da licença-prêmio.89.662: Cargos efetivos do GDF ocupados atualmente.
557: Servidores efetivos, em atividade, da Câmara Legislativa.”Estamos apenas nos ajustando à legislação federal e trazendo mais responsabilidade fiscal para o DF. O nosso plano é arrumar os problemas da cidade. Não tenho preocupação com a próxima eleição. Tenho preocupação com o que vai acontecer na vida da população”, Ibaneis Rocha (MDB),governador.

anúncios patrocinados
Anunciando...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.