Governadores alertam para risco de colapso total em redes hospitalares

Em comissão no Senado, governadores preveem mortalidade ainda mais alta e falta de leitos, caso nada seja feito. Doria lembra que, mais que leitos, faltam recursos humanos

Nesta segunda-feira (15), governadores alertaram, em audiência pública promovida pela comissão temporária do Senado que acompanha a evolução da covid-19, que a pandemia da covid-19 pode provocar um colapso em hospitais públicos e privados do país até o fim de março. Os governadores de São Paulo, Espírito Santo, Maranhão e Rio Grande do Sul participaram do evento.

Na audiência, o governador de São Paulo, João Doria, disse que a pandemia de coronavírus provocou sobrecarga na rede hospitalar, especialmente nos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). Para ele, a estrutura está à beira de um colapso total. “Jovens com 18, 19, 20 e 25 anos sendo hospitalizados em UTIs. São Paulo tem a mais robusta estrutura hospitalar da América Latina, em hospitais públicos e privados. Já estamos chegando a quase 90% da ocupação de todos os leitos e rapidamente tendo uma necessidade de disponibilizar mais leitos”, afirma.

Doria comenta ainda que o problema não é disponibilizar mais leitos: “é não termos recursos humanos. Não há condição de formarmos profissionais para as ações em UTIs. Estamos todos no Brasil vivendo um momento de profunda dificuldade e à beira de um colapso total”, comenta.

Já Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, relata que a escalada do mês de fevereiro foi cinco vezes mais agressiva do que a que se viu nas outras ondas. “Fugiu completamente ao normal da própria pandemia. Vamos até o início do mês de abril com crescimento de ocupação de leitos e vamos ter ainda, infelizmente, aumento de mortalidade por mais algumas semanas”, afirma.

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, disse que a situação do estado se agravou muito na última semana: a ocupação de leitos saltou de 70% para 88%. Ele lembra que a maioria dos estados brasileiros atravessa situação semelhante, o que pode impactar o número de mortos, que já ultrapassa os 278 mil. “Estamos com mais de 20 estados com o sistema em colapso. Enquanto o sistema está atendendo, o óbito pode ser um pouco mais controlado. Depois que o sistema entra em colapso, as pessoas passam a perder a vida em leitos de unidades de pronto atendimento. Este é um problema grave”, alerta.

O governador do Maranhão, Flávio Dino, cobrou da União o pagamento de leitos de UTI criados nos estados. Ele entrou na Justiça para assegurar o credenciamento das unidades de terapia intensiva, que foram desabilitadas no início deste ano. “Chegamos a ter apenas 300 pacientes com coronavírus internados no Maranhão em dezembro. Hoje vamos chegar a 2 mil novamente. Tivemos uma multiplicação por seis em dois meses, praticamente. São 1.568 leitos estaduais para coronavírus, fora municipais e rede privada, com ocupação girando entre 80% e 90% há várias semanas”, afirmou.

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