Fome estrutural aumentou 5 vezes desde o início da pandemia

Relatório mostra também que 155 milhões de pessoas em 55 países vivem em condições extremas de insegurança alimentar

 

Nesta semana, o mundo chegou a 4 milhões de vítimas fatais da pandemia do novo coronavírus. Atualmente, a mortalidade é de 7 pessoas a cada minuto. Silenciosamente, no entanto, outro problema sério vem se espalhando por diversos países e pode matar ainda mais, cerca de 11 pessoas por minuto, nos próximos meses se nada mudar até lá: a fome.

Segundo um relatório divulgado nesta quinta-feira (8) pela Oxfam, o número de indivíduos vivendo em condições de fome estrutural — a fome crônica, ligada à falta de estruturas e perspectivas de melhora — cresceu 5 vezes desde o início de 2020. Atualmente, mais de 520 mil pessoas na Etiópia, em Madagascar, no Sudão do Sul e no Iêmen se encontram nessas condições.

Além disso, o número de pessoas vivendo em níveis extremos de insegurança alimentar cresceu em 20 milhões, chegando a um total de 155 milhões em 55 países do mundo. Além da pandemia, os conflitos armados foram a principal causa da fome, afetando mais de 100 milhões de moradores de 23 países.

A praga da insegurança alimentar

No entanto, a fome também foi ampliada em países emergentes como Brasil, Índia e África do Sul, duramente atingidos pela pandemia da covid-19.

Segundo dados do “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil”, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), atualmente 20 milhões de brasileiros passam fome e a extrema pobreza quase triplicou, subindo de 4,5% para 12,8% da população.

“A pandemia de covid-19 escancarou as desigualdades brasileiras e trouxe essa emergência da fome a milhões de pessoas no país”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil. “Vivemos uma situação catastrófica porque há uma negligência sem tamanho com a vida das brasileiras e brasileiros, que estão sem vacinas, sem ter o que comer, sem emprego e sem renda.”

O relatório também afirma que a crise econômica intensificada pela pandemia causou desemprego e queda na produção alimentícia, o que levou a aumento recorde de 40% no preço global dos alimentos, o maior em mais de 10 anos.

Paralelamente, o gasto militar em todo o planeta aumentou em US$ 51 bilhões (cerca de R$ 268 bilhões), quantia quase sete vezes maior que a pedida pela ONU para ajudar a acabar com a fome no mundo. Os conflitos armados provocaram um recorde global de deslocamento, com 48 milhões de pessoas forçadas a deixar suas caras apenas até o final de 2020.

”Os governos têm que parar com os conflitos armados, que contribuem significativamente para aumentar a fome no mundo, e ajudar as agências de ajuda humanitária a alcançarem aqueles que precisam de apoio. Os países mais ricos têm que financiar imediatamente os apelos humanitários da ONU para salvar vidas. O Conselho de Segurança da ONU tem também que punir todos os países que usam a fome como arma de guerra”, diz Gabriela Bucher, diretora-executiva da Oxfam.

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