Emendas parlamentares priorizam obras, educação e saúde

Os três setores concentram mais da metade dos recursos previstos para indicação dos distritais no Orçamento de 2020. Entre áreas prioritárias, transporte e segurança ficam para trás

 

 

Os deputados distritais priorizaram investimentos em urbanismo, educação e saúde nas emendas ao Orçamento do Distrito Federal de 2020. De acordo com os números mais recentes disponíveis na plataforma

Com relação ao urbanismo, setor  a que os parlamentares destinaram o maior valor, foram apresentadas 186 emendas. Ao todo, o montante previsto para a área é de cerca de R$ 160 milhões. Esses recursos devem ser usados para bancar investimentos em obras e infraestrutura em todas as regiões administrativas do Distrito Federal.
Em alguns casos, as emendas especificam para qual local devem ser usadas, mas há também valores em que essa definição inexiste e pode haver flexibilidade ao longo da execução. É o caso de uma emenda de R$ 3,5 milhões — de autoria do presidente da Casa, Rafael Prudente (MDB) —, que é voltada para ampliação da iluminação de cidades do DF. Valor igual foi separado por Júlia Lucy (Novo) para a construção de creches.
A educação é o segundo setor em que os distritais previram mais recursos. São 52 emendas, que contabilizam R$ 83 milhões. Boa parte dos investimentos são destinados para o Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDaf), por meio do qual os valores são repassados, depois, para escolas e coordenações regionais de ensino.
Além da verba transferida para o PDaf, há emendas reservadas para construções de unidades de ensino e outras obras ligadas à área, como a edificação do Museu da Educação do DF. Reginaldo Veras (PDT) previu R$ 300 mil para a implementação da iniciativa.
Uma das áreas mais sensíveis do Distrito Federal, a saúde conta com 50 emendas. Ao todo, são estimados R$ 38,5 milhões. O petista Chico Vigilante reservou R$ 3 milhões para a construção de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em todo o DF. Jorge Vianna (Podemos) separou R$ 1 milhão destinado a novas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Os parlamentares, além das construções, destinaram valores que priorizam reformas, ampliação da cobertura de atenção básica e compra de medicamentos e materiais para uso em hospitais.
Em quarto lugar na lista de prioridades das emendas parlamentares deste ano, está a cultura, com R$ 32 milhões. O setor é historicamente um dos que mais recebem recursos de apoio dos deputados. A maior parte desses valores, no entanto, é usada para bancar a realização de eventos de vários segmentos em diversas regiões do DF.

Transporte e segurança

Apesar de estar entre as áreas em que há mais reclamação do Executivo por falta de recursos, o transporte público ficou em nono lugar na destinação de emendas pelos deputados distritais. Ao todo, há R$ 19 milhões voltados para a mobilidade. O tema motivou polêmicas, recentemente, com o aumento de passagens de ônibus e metrô. A justificativa do GDF para o reajuste é de que a conta não fecha e que o orçamento da área não é suficiente para bancar o sistema com qualidade sem alteração do valor.
Para a segurança pública, na sexta posição, distritais reservaram R$ 27 milhões. O número é bastante superior ao previsto no Orçamento de 2019, quando havia R$ 5,3 milhões. Neste ano, os recursos devem ser usados com reformas, ampliações e projetos de monitoramento por câmeras.

Execução

A previsão feita pelos distritais não garante que as medidas sejam efetivadas. A execução das emendas depende da liberação do Executivo local. Historicamente, o valor efetivado é sempre menor do que o previsto. No ano passado, a demora na liberação dos recursos motivou reclamações.

Para saber mais

» Cada deputado distrital tem direito a cerca de R$ 19 milhões nas emendas ao orçamento de 2020. Ao valor total, no entanto, somam-se também outras iniciativas apoiadas pelo relator e pela mesa diretora.

Palavra de especialista

Instrumento democrático
“Muitas vezes critica-se essa possibilidade de parlamentares interferirem no orçamento. Esse questionamento já foi muito presente em âmbito federal, mas acredito que  seja uma incompreensão. Elas são um instrumento democrático de participação direta, à medida que os parlamentares são mais sensíveis ao que atinge a população. Elas são uma expressão daqueles anseios muito localizados que dificilmente entrariam em uma proposta elaborada pelo Executivo, mais ligada à tecnocracia e às questões globais. Portanto, as emendas são um percentual pequeno do orçamento, que não deixa de contemplar parcelas do povo deixadas de lado. O que se tem é que aperfeiçoá-las para que talvez possam passar por algum crivo em que exista maior peso e mais responsabilidade dos parlamentares que são autores delas.”

Roberto Piscitelli, 
economista e professor da Universidade de Brasília (UnB)

Valores por área

Confira quanto está previsto nas emendas da Câmara Legislativa por setor

» Urbanismo – R$ 159.627.416
» Educação – R$ 83.134.272
» Saúde – R$ 38.577.636
» Cultura – R$ 32.077.544
» Esporte e lazer – R$ 28.174.272
» Segurança pública – R$ 27.794.636
» Direitos da cidadania – R$ 25.421.942
» Encargos especiais – R$ 23.716.213
» Transporte – R$ 19.334.636
» Trabalho – R$ 15.967.908
» Agricultura – R$ 13.863.966
» Justiça – R$ 12.389.170
» Ciência e tecnologia – R$ 11.630.000
» Energia – R$ 11.190.636
» Legislativa – R$ 10.800.000
» Gestão ambiental – R$ 10.058.636
» Comércio e serviços – R$ 8.820.000
» Administração – R$ 7.941.000
» Habitação – R$ 5.000.000
» Saneamento – R$ 2.100.000
» Assistência social – R$ 1.766.000
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